SÃO PAULO, SP, E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O primeiro dia do pagamento do Auxílio Brasil, que substitui o Bolsa Família, tem filas de até duas horas de espera em agências da Caixa na zona leste da capital paulista. A maioria busca tirar dúvidas e obter informações e também há casos de quem precisou procurar o atendimento presencial para resolver falhas no aplicativo Caixa Tem. Há ainda beneficiários do auxílio emergencial sacando a última parcela.

A cidade do Rio de Janeiro amanheceu nesta quarta-feira (17) com filas em pontos de assistência social devido a dúvidas sobre o início dos pagamentos do novo programa. Para dar conta do aumento na demanda por atendimentos, a Secretaria Municipal de Assistência Social afirma que teve de reforçar as equipes nas unidades do Cras (Centros de Referência da Assistência Social).

Nas agências da Caixa visitadas pela reportagem em São Paulo, ninguém passou a noite na fila. As pessoas começaram a chegar depois das 7h30 desta quarta (17), meia hora antes de as agências abrirem, e as filas aumentaram perto da hora do almoço.

Quem recebia o Bolsa Família passa a ter o novo benefício automaticamente. É o caso de Maria Silvia da Silva Oliveira, 32 anos. Desempregada, a faxineira estava recebendo o auxílio emergencial no lugar do Bolsa Família e foi à agência da avenida Sapopemba, 13.446, em São Mateus, sacar o novo benefício social.

"Vi no aplicativo do Bolsa Família que vou receber R$ 149, mas estou achando muito pouco. Recebia R$ 130 de Bolsa Família", afirmou Maria.

Roberto Domingos Nogueira, 42 anos, está desempregado desde 2019 e recebeu as sete parcelas do auxílio emergencial no lugar do Bolsa Família. Sem celular, foi à agência descobrir se irá receber o Auxílio Brasil e qual será o valor.

"Antes da pandemia, eu pegava reciclagem. Hoje, faço bicos e sobrevivo com os R$ 250 do auxílio. Quero saber se vou receber apenas os R$ 91 de antes", disse.

FALHAS NO CAIXA TEM

A beneficiária Nelci Dias do Nascimento, 60 anos, aguardou quase 2 horas na fila em Itaquera, mesmo com atendimento preferencial. Ela conta que não conseguiu gerar o código de saque no aplicativo Caixa Tem e por isso precisou buscar o atendimento presencial.

"Deu código inválido no aplicativo, isso nunca tinha acontecido. Agora, vou ter que vir todo mês na Caixa e pegar uma fila enorme para gerar esse código e receber R$ 100? O atendente me disse que não sou a primeira a enfrentar esse problema. Antes eu gerava o código e pegava o dinheiro na lotérica, sem filas", diz Nelci.

O ajudante geral Jakson Ferreira de Matos, 27 anos, foi até a agência de São Mateus resolver falhas no Caixa Tem. "Não consigo fazer nada no aplicativo. Vim tentar pegar a última parcela do auxílio emergencial", contou.

A Caixa afirma que, além do aplicativo Caixa Tem, é possível consultar informações nos terminais de autoatendimento, nas lotéricas, nos correspondentes Caixa Aqui, nas agências da Caixa e pelo telefone 111.

Quem recebia o Bolsa Família passa a ter o Auxílio Brasil automaticamente, segundo o Ministério da Cidadania. Além da renda básica, é possível que cada família receba benefícios complementares, que variam entre R$ 100 e R$ 200. O Auxílio Brasil pagará até seis benefícios complementares.

De acordo com a Caixa, os cartões e as senhas utilizados para saque do Bolsa Família continuarão válidos e poderão ser utilizados para o recebimento do Auxílio Brasil. Os beneficiários com conta-poupança digital irão receber diretamente pelo Caixa Tem.

ASSISTÊNCIA SOCIAL NO RIO

A busca por informações sobre o Auxílio Brasil fez disparar a procura por atendimento em pontos de assistência social na cidade do Rio de Janeiro. Em períodos considerados normais, cada um desses pontos atendia, em média, 70 pessoas por dia. Em razão das dúvidas sobre o novo programa social, o número subiu para 200 pessoas por dia, indica a Secretaria Municipal de Assistência Social.

O Rio conta com 47 unidades do Cras (Centro de Referência da Assistência Social). A prefeitura atribui o aumento na demanda à falta de informações, por parte do governo federal, sobre o Auxílio Brasil. "A Prefeitura do Rio, através da Secretaria Municipal de Assistência Social, está fazendo um esforço extraordinário para atender os cidadãos do Rio que não receberam informações do governo federal sobre o fim do Bolsa Família. As pessoas estão angustiadas e com razão", disse a secretaria em nota.

Pela estimativa divulgada pela prefeitura, 2,5 milhões de moradores do Rio dependem de programas de transferência de renda para sobreviver. Até outubro, 303.654 famílias tinham direito ao Bolsa Família, mas 156.629 (51,6%) estavam com dados desatualizados, diz a administração municipal.

Para ser candidato ao Auxílio Brasil, a família deve estar inscrita no CadÚnico (Cadastro Único) e com as informações atualizadas. O cadastramento não é feito pela internet. É preciso ir até o setor responsável pelo Cadastro Único do município para se inscrever. Normalmente o cadastro é feito nas prefeituras, no Cras, ou em um posto de atendimento do Cadastro Único e do programa Bolsa Família.

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CALENDÁRIO DE PAGAMENTOS DO AUXÍLIO BRASIL EM 2021

Final do NIS - Novembro - Dezembro

1 - 17/nov - 10/dez

2 - 18/nov - 13/dez

3 - 19/nov - 14/dez

4 - 22/nov - 15/dez

5 - 23/nov - 16/dez

6 - 24/nov - 17/dez

7 - 25/nov - 20/dez

8 - 26/nov - 21/dez

9 - 29/nov - 22/dez

0 - 30/nov - 23/dez

​COMO RECEBER O AUXÍLIO BRASIL

- Famílias em condição de extrema pobreza (renda mensal de até R$ 100 por pessoa)

- Famílias em condição de pobreza (renda mensal até R$ 200 por pessoa, segundo o padrão atual do governo) com gestantes ou pessoas com idade até 21 anos

É PRECISO ESTAR CADASTRADO NO CADÚNICO E COM AS INFORMAÇÕES ATUALIZADAS

O cadastro é feito normalmente nas prefeituras, no Cras (Centro de Referência de Assistência Social), ou em um posto de atendimento do Cadastro Único e do Programa Bolsa Família

Apresente, pelo menos, um documento para cada pessoa da família, dentre os seguintes:

- Certidão de nascimento

- Certidão de casamento

- CPF

- RG

- Carteira de trabalho

- Título de eleitor

- Registro Administrativo de Nascimento Indígena (Rani), se a pessoa for indígena

Fonte: Ministério da Cidadania