RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) - A família de Yago Corrêa de Souza, de 21 anos, reclama estar cansada por não "poder andar" dentro da própria comunidade onde moram. Na tarde de domingo (6), o rapaz comprava pão em uma padaria na comunidade do Jacarezinho, na zona norte do Rio de Janeiro, quando, ao sair do estabelecimento, presenciou uma correria e entrou em uma farmácia.

Neste momento, um policial militar já apontava um fuzil para ele. Ele foi detido sob suspeita de tráfico de drogas, o que os parentes refutam. A irmã de Yago, Erica Corrêa, protestou, afirmando que "a gente não pode nem comprar pão, que é preso".

"A gente se sente injustiçado. A gente não tem o direito de ir e vir dentro da comunidade onde a gente mora. A gente não pode sair para comprar um pão, porque a gente não sabe se vai voltar. A gente vai comprar um pão e é preso", disse Erica.

Policiais militares do Batalhão do Choque afirmaram que Yago estava junto com um adolescente flagrado com uma bolsa cheia de drogas. Ele foi levado para a delegacia e teve a prisão em flagrante convertida para preventiva. Yago está preso desde então, sob suspeita de tráfico e associação ao tráfico de drogas.

Na manhã desta terça (8), a família realiza um protesto na porta do presidido José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte do Rio, onde Yago está preso. Está prevista para esta tarde uma audiência de custódia.

Na segunda, o delegado Marcelo Carregosa enviou um despacho à Justiça pedindo pela soltura do rapaz por não querer cometer "injustiça". Após a família, amigos e o próprio Yago afirmarem que o jovem não conhecia o adolescente encontrado com as drogas e reforçarem que ele estava comprando um pão para um churrasco.

A dinâmica é apoiada por imagens de câmeras de segurança às quais o UOL teve acesso. É possível ver Yago Corrêa comprando pão e saindo da padaria. Logo em seguida, em uma outra câmera, de uma farmácia, ele aparece correndo. O rapaz chega a levantar as mãos com o saco de pão e é levado para a delegacia.

Yago, para ajudar a família, vende os doces feitos pela irmã na comunidade. Segundo a irmã, o rapaz toma medicamentos por conta de um tratamento contra a tuberculose e desde domingo está sem essa assistência.

"Ele foi preso e rendido com um saco de pão na mão. O governador disse que iria ajudar os moradores do Jacarezinho, cadê ele?. Governador preciso de ajuda para por meu irmão na rua. Estamos refém dentro da nossa comunidade. Não temos o direito a ir aonde quisermos", finalizou Erica.