A dez dias de deixar o cargo, Doria promete aumentar em 50% escolas de tempo integral
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terça-feira, 22 de março de 2022
LAURA MATTOS
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e seu secretário de educação, Rossieli Soares, anunciam nesta terça-feira (22) um plano de expansão de quase 50% no número de escolas em tempo integral do Estado, das atuais 2.050 para 3.000 até 2023.
O número de municípios contemplados com colégios nesse formato, segundo o governo, também irá aumentar, dos 140 de hoje para 494, o que representa 76,5% do total.
A previsão é de que seja implementado o ensino integral em cem unidades ainda neste ano, no segundo semestre, e em outras 850 até o final de 2023. A dez dias de deixar o cargo para concorrer à presidência da República, Doria irá alardear o crescimento da educação integral em seu governo. Em 2018, ano anterior ao do início de sua gestão, o sistema integral estava presente em 364 escolas, segundo a secretaria de educação.
O investimento em escolas integrais é uma determinação do Plano Nacional de Educação, um documento do Ministério da Educação que estipulou diretrizes e estratégias para a política educacional no país, de 2014 a 2024. Entre as metas, está a de que 25% dos alunos estejam matriculados em ensino integral até 2024.
Segundo a secretaria de Educação de São Paulo, atualmente, com as 2.050 escolas, já há 838 mil estudantes em tempo integral, o que representa 27% do total. Com as 3.000 unidades, o número de vagas oferecidas passará para 1,4 milhão.
O ensino integral, que é uma tendência em países desenvolvidos, ganhou relevância no Brasil com a aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), um documento com diretrizes pedagógicas elaborado entre 2015 e 2018 pelo Ministério da Educação, por governos estaduais, municipais e representantes da sociedade civil.
A BNCC determina não só os conteúdos obrigatórios para cada ano escolar como o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como empatia, resiliência, pensamento crítico e capacidade de se comunicar. Diante dessa ampliação do papel das escolas, surge, por consequência, a necessidade de se ter mais tempo com o aluno.
O programa de ensino integral de São Paulo, segundo o governo, prevê práticas que envolvam conceitos que são tendências da educação, como o protagonismo do estudante, o desenvolvimento da autonomia e da liderança, além da orientação para os estudos e para que os alunos sejam capazes de elaborar um projeto de vida.
Se o ensino integral era estratégico em razão dessas novas exigências da educação, com a pandemia, a implementação do sistema passou a ser ainda mais urgente para especialistas.
Tendo em vista os prejuízos que o fechamento das escolas causou ao aprendizado e à saúde mental dos estudantes, a ampliação do tempo nas escolas é considerada uma saída para recuperação dos conteúdos e dos danos socioemocionais.
Depois do período de fechamento das escolas e das aulas apenas para uma parcela dos estudantes, neste ano, com a retomada presencial mais efetiva, 973 novas escolas paulistas ingressaram no programa integral. Segundo a secretaria, há 264 escolas integrais no fundamental 1 (1° ao 5°ano), o que representa 18% do total, e 1.587 no fundamental 2 (6° ao 9°ano), ou 42,6%. No ensino médio, são 1.576 colégios (43,1%).
Há dois formatos de programa integral. Em um deles os estudantes permanecem durante nove horas na escola, das 7h às 16h. No outro, são sete horas diárias, e os colégios podem se dividir em dois turnos, das 7h às 14h, e das 14h15 às 21h15.
De acordo com a secretaria, para a adesão, as escolas devem manifestar interesse à Diretoria de Ensino de sua região. A partir daí, os critérios para a seleção levarão em conta critérios técnicos como a estrutura da escola e a vulnerabilidade da comunidade.