SÃO PAULO, SP, CONSELHEIRO LAFAIETE, MG (FOLHAPRESS) - Dois meses após fortes chuvas atingirem Minas Gerais e resultarem em 24 mortos, a zona rural das cidades mais castigadas ainda sofre com as consequências do temporal. Ao menos 188 famílias, que moram em dois municípios, não voltaram para suas casas e vivem de aluguel social.

Em Pará de Minas, 35 famílias que tiveram de deixar suas casas e não tinham onde ficar estão recebendo o auxílio por um prazo de seis meses, podendo estender-se por igual período, sem previsão de retornarem aos seus imóveis.

De acordo com a prefeitura, o auxílio é pago conforme o valor do aluguel da residência encontrada pela família atingida pela chuva, sob teto máximo de um salário mínimo.

Além das pessoas que tiveram seus imóveis interditados, a cidade viu diversas estradas serem destruídas pela força das águas. Muitas delas sem prazo para conclusão das obras.

A Prefeitura de Pará de Minas não disse qual é o número de vias que ainda passam por manutenção, mas confirmou que estradas rurais não estão totalmente recuperadas, citando como exemplo a que leva ao povoado de Paivas.

"Devido às condições da maioria delas, os trabalhos são complexos e estão sendo feitos de maneira gradual. Não há um prazo determinado para a conclusão", traz um trecho do texto encaminhado pela assessoria de imprensa via WhatsApp.

Ainda segundo a gestão municipal, a reconstrução de pontes, de asfalto em locais onde houve afundamento, a desobstrução de rios e ribeirões e as ações para tapar buracos devem custar cerca de R$ 40 milhões. A cidade foi uma das contempladas por verbas destinadas pela União e pelo governo estadual.

Se serve como alento, a estrada de terra que liga o distrito de Torneiros ao distrito do Carioca, também na zona rural, que havia cedido após as chuvas entre os dias 10 e 11 de janeiro, já teve suas obras finalizadas, com o trânsito liberado para a passagem de veículos.

A reportagem do jornal Folha de S.Paulo deparou-se com a cratera na via, em janeiro, quando tentava chegar à barragem de concreto da Usina do Carioca, que corria o risco de se romper --o que não ocorreu.

Em Congonhas, a cerca de 80 quilômetros da capital mineira, a prefeitura informou que a contratação de empresas para a construção de casas novas para famílias desabrigadas está em processo de licitação. A previsão é que esse processo licitatório seja concluído em abril e que parte dos imóveis seja entregue ainda neste ano.

Atualmente, 153 famílias vítimas das enchentes do início do ano continuam recebendo o benefício de aluguel social.

A prefeitura também disponibiliza um auxílio de R$ 7.000, dividido em cinco parcelas de R$ 1.400 para cerca de 1.500 famílias. Ao todo, serão destinados R$ 10,5 milhões para o programa.

Outros R$ 750 mil estão sendo destinados para cerca de 70 micro e pequenos empreendedores afetados, com um auxílio de R$ 10 mil para cada.

A cidade realizou ações emergenciais para reduzir os danos causados, como remoção de entulho, liberação e limpeza de vias, recolhimento de móveis danificados e desobstrução de bueiros. Outras ações para evitar futuras enchentes no município estão em fase de planejamento.

Em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, após cerca de dois meses do início dos transtornos com as chuvas, 26 pessoas ainda estão desalojadas e se encontram na casa de familiares e amigos. Uma pessoa continua desabrigada e está na Casa de Passagem Masculina do município.

Um auxílio emergencial de R$ 8.000 dividido em duas parcelas está sendo destinado para 592 famílias atingidas pelas chuvas. A primeira parcela foi paga no mês passado. Neste mês, as famílias estão recebendo a segunda parte do benefício.

Micro e pequenos empreendedores afetados pelas chuvas podem receber um auxílio que varia entre R$ 5.000 e R$ 10 mil. Até o momento, 152 empresários se cadastraram para receber a ajuda.

A prefeitura continua trabalhando em obras de reparo nas vias danificadas. Não há prazo para a conclusão de todos os trabalhos, pois foi necessário esperar a redução das chuvas para dar início às intervenções.

A rodovia MG-030 também foi danificada e precisará passar por intervenções. As obras serão feitas em parceria com o Governo de Minas Gerais e estão em fase de licitação. Ainda não há um prazo estabelecido para o início das obras.

Brumadinho, também na região metropolitana de Belo Horizonte, foi outra cidade que sofreu com os estragos causados pelas chuvas de janeiro. O rio Paraopeba transbordou e invadiu estabelecimentos comerciais e residências.

Cerca de dois meses após as chuvas, a Câmara Municipal de Brumadinho aprovou na última quarta (9) um projeto de lei que vai destinar um auxílio para as famílias atingidas. O benefício será no valor de R$ 8.000 por família. Segundo a prefeitura, os critérios exigidos para que as pessoas recebam o auxílio ainda estão sendo alinhados.

Desde o início do período chuvoso, em outubro de 2021, 30 pessoas morreram em decorrência das chuvas. Nos primeiros meses deste ano, foram 24 óbitos, de acordo com a Defesa Civil estadual. As mortes da tragédia de Capitólio, quando parte de um cânion caiu sobre lanchas e deixou dez vítimas, não estão computadas nesse balanço.

Devido às chuvas, 448 municípios de Minas Gerais precisaram decretar situação de emergência. O número de pessoas desalojadas no estado chegou a 60.593, e o de desabrigados, a 9.538.