Rota do Café

Uma aventura em duas rodas pelo roteiro turístico mais famoso do Norte Pioneiro do Paraná

Publicado sábado, 16 de setembro de 2017 | Autor: Patricia Maria Alves às 14:27 h

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Rota do Café

Uma aventura em duas rodas pelo Norte Pioneiro do Paraná

Textos de Patrícia Maria Alves e Fotografia de Ricardo Chicarelli

(Reportagem originalmente publicada em 16 de Setembro de 2017)

DE MAIO A SETEMBRO

As principais regiões produtoras de café arábica do Brasil estão em fase de colheita. Para o produtor, é um período intenso, de muito trabalho e cuidados especiais para produzir um café de qualidade, um grão com boa torra e melhor preço no mercado. Para o turismo, é tempo de percorrer a Rota do Café e conhecer as paisagens, a cultura, a história e a vida na região cafeeira paranaense do Norte Pioneiro

Nesta viagem de dois dias, uma equipe da FOLHA seguiu de motocicleta e carro de apoio o percurso autoguiado pelas fazendas da região e testou a qualidade das estradas, o tempo de duração, o desempenho do veículo e muito café.

(BETA: Este é um projeto da FOLHA DE LONDRINA com novos formatos e experiências em jornalismo imersivo. Uma melhor performance foi verificada no acesso em desktops. Algumas mídias podem ter o funcionamento comprometido em aparelhos móveis. Se encontrar algum erro durante sua experiência, deixe-nos saber [email protected] e BOA LEITURA!)

SOBRE DUAS RODAS

450 km de estrada pela região produtora de um dos melhores cafés do mundo

PREPARATIVOS

O percurso circular rural autoguiado pela Rota do Café sobre uma motocicleta requer cuidados extras. Antes de colocar sua moto na estrada, tenha em vista que haverá trechos “off roads” para acessar os locais de visitação. O consultor técnico da Harley-Davidson em Londrina, Reginaldo Francisco, não recomenda o uso de alguns modelos em estradas rurais muito acidentadas. “Os modelos são ideais para viagens ‘on the road’; os pneus são mais lisos e a suspensão mais baixa, têm bom desempenho em velocidade e menos resistência a impactos. Para uma viagem que envolva um grau a mais de aventura, são recomendadas as motos big trails”, explica.

Francisco faz uma ressalva para o modelo Sporters Iron 883, que, por coincidência agradável, é o mesmo modelo com o qual percorreremos os quase 500 quilômetros da Rota do Café. “É imprescindível que o viajante procure uma mecânica e peça uma revisão para viagem. É necessário checar todos os fluidos da motocicleta e a quilometragem do pneu tem que estar em dia para não haver surpresas desagradáveis no decorrer da viagem”, alerta.

Modelo Sporters Iron 883 H-D (Foto: Patrícia Maria Alves)
Modelo Sporters Iron 883 H-D (Foto: Patrícia Maria Alves)

EM TEMPO

O intuito de fazer o roteiro turístico de motocicleta é aproveitar o percurso tanto quanto os destinos. Apesar do frio, agosto é o melhor momento para este circuito. O amanhecer colorido e neblinado não ameniza com sua beleza o frio de 12ºC e a sensação térmica de -3ºC sobre a moto. A regra, nesse caso, é vestir várias camadas de roupas para evitar a perda de calor e reduzir o risco de acidentes. O convencional traje de motoqueiro - botas, calças, jaqueta, luvas e capacete - pode não ser suficiente. Invista em uma “segunda pele”, uma malha protetora de tecido sintético que pode ser usada por baixo das outras peças. E também em uma balaclava para proteger rosto e pescoço. Opte por luvas de couro, sem entradas de ar, para um aquecimento mais eficiente.

(Patrícia Maria Alves)
(Patrícia Maria Alves)
Imagem ilustrativa da imagem Rota do Café
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NA ESTRADA

Imagem ilustrativa da imagem Rota do Café

A paisagem do trajeto Londrina-Ribeirão Claro, na BR-369 repleta de curvas sinuosas, e as estradas bem recapeadas são um convite para a viagem. Não para corrida. Observe o limite de velocidade. Lembre-se que você está a passeio, desacelere e aproveite o bom momento.

Faça paradas, visite a construção monumental da estátua de São Miguel Arcanjo, em Bandeirantes, tome um bom café em Jacarezinho e siga com tranquilidade.

Entrada da cidade de Ribeirão Claro/PR (Foto: Patrícia Maria)
Entrada da cidade de Ribeirão Claro/PR (Foto: Patrícia Maria)

Em aproximadamente três horas, a PR-431 indicará que você chegou ao charmoso município de Ribeirão Claro, com um pouco mais de 10 mil habitantes, separado do Estado do São Paulo pelo contorno do rio Paranapanema.

São 187 km e um pedágio até nossa primeira parada. O preço R$10,50 para moto e R$ 21,00 para automóveis. No caminho, apenas uns poucos metros de chão batido e pedras pequenas dificultaram a passagem de moto. Com velocidade reduzida, o acesso é fácil e prazeroso.

(Foto: Patrícia Maria)
(Foto: Patrícia Maria)

MONTE BELLO

Avistamos a Fazenda Monte Bello. Na porteira, somos abordados por um automóvel. “Eu vi vocês passando pelo centro, vim para encontrá-los.” A recepção calorosa é de Victor Suplicy Rainer Harbach, 85 anos, e já nos adianta o clima amistoso no qual se dará a visita.

Victor Suplicy Rainer Harbach (Foto: Ricardo Chicarelli)
Victor Suplicy Rainer Harbach (Foto: Ricardo Chicarelli)

Com uma vitalidade invejável, Harbach passeia pelo local e conta que, quando jovem, deixou a fazenda de seus pais para estudar engenharia em Santos, Litoral de São Paulo. “Era comum naquela época. A escola era melhor no interior. Quando terminei a faculdade, fui exercer minha profissão em São Paulo, onde vivi até 1998. Meus pais tinham falecido, eu me aposentei e voltei para Monte Bello. Naquele ano, o café ainda era a cultura principal. Tínhamos seis famílias remanescentes dos colonos de 1975. Em 98, fizemos um contrato de parceria agrícola para reduzir os custos, dividíamos as despesas e os ganhos. Depois de algum tempo, decidimos trocar a cultura. O café não é mais rentável como foi um dia, os gastos com maquinário e mão de obra ultrapassam a possibilidade de ganhos”, relata.

Imagens Fazenda Monte Bello (1929 a 1947) - (Arquivo Pessoal)
Imagens Fazenda Monte Bello (1929 a 1947) - (Arquivo Pessoal)
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(Fotos: Arquivo Pessoal)
(Fotos: Arquivo Pessoal)
Morro Vermelho
Morro Vermelho
Tropas Gaúchas (1932)
Tropas Gaúchas (1932)
Imagem ilustrativa da imagem Rota do Café
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Victor Harbach e seu pai (1933)
Victor Harbach e seu pai (1933)
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Ribeirão Claro (1947)
Ribeirão Claro (1947)

A construção da Fazenda Monte Bello data de aproximadamente 1910. A propriedade era parte da grande região cafeeira do Norte Pioneiro no começo do século 20. As estruturas, bem conservadas, são capazes de transportar os aventureiros para outra época.

Atualmente, a produção do café é bem restrita em Monte Bello. Hoje, se investe no cultivo de lichia e macadâmias, além de outras produções frutíferas de menor porte. Do passado glorioso do café, restaram apenas 12 mil pés que Harbach mostra para os visitantes para recordar outros tempos. “Hoje nós plantamos café somente para consumo próprio. Cultivamos, colhemos. O beneficiamento e a torra nós terceirizamos para cooperativas da região de Carlópolis, onde há mais produtores.” Ele nos convida para conhecer como funcionava a estrutura da produção de café na época de seus avós.

“Tem muitas pessoas que nos procuram porque somos uma das únicas fazendas que mantêm os maquinários e estruturas antigas intactas. Como a manutenção é muito cara, as outras destruíram tudo.” Sua filha, Renata Rainer Leme, se junta a nós no passeio e concorda com o pai. “Aqui o legal é isso mesmo, que fazenda velha tem em todo lugar”, ri. “É que meu pai teve a persistência de manter, então, nós começamos a trabalhar um pouco mais com turismo para que possamos continuar preservando esse espaço que o tempo só desgasta.” O local recebe visitas de grupos escolares, técnicos de vários países e casais apaixonados; o clima ameno da região colabora. “Hoje nós temos dois chalés para hospedagem e tem gente que vem só para fazer a caminhada e passar à tarde”, conta Renata.

Hospedamo-nos no chalé Café, cuja estrutura e decoração são uma atração à parte. As relíquias do tempo das famílias que ali viveram, fotos antigas, móveis coloniais e a construção em peroba rosa contam nos detalhes a história de uma das primeiras casas da fazenda.

Como eles mesmos alertam, conectividade não é o forte da região. Há sinal de celular e na fazenda tem Wi-fi. Porém, o silêncio, a água direto da mina, as paisagens, o som dos pássaros, o anoitecer deslumbrante por entre as árvores entretêm os visitantes, que esquecem facilmente das redes sociais.

À noite, o indicado é uma refeição no próprio chalé, acompanhada de um bom vinho e bons agasalhos; os mais destemidos podem arriscar contar causos assustadores na varanda à luz da lua. Foi o nosso caso. Despedimo-nos com saudades e pela manhã voltamos para a BR-369 rumo à cidade de Santa Mariana.

BR-369 (Foto: Patrícia Maria Alves)
BR-369 (Foto: Patrícia Maria Alves)
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CARRO DE APOIO

Aproximadamente 105 km de distância separam Santa Mariana de Ribeirão Claro. O pequeno município entre Cornélio Procópio e Bandeirantes é a porta de entrada para uma das visitas mais requisitadas da Rota do Café: a Fazenda Palmeira, propriedade da produtora rural Cornelia Gamerschlag.

Paramos em um posto de combustíveis para nos certificar do caminho. Tocava no alto-falante a música “No Rancho Fundo” de Chitãozinho e Xoxoró. “A gente muda o ponto de vista, a gente muda de lugar”, ouço filosofar um dos frentistas, em conversa com o companheiro de trabalho. Esse foi o local no qual precisamos estacionar a moto. A falta de chuvas na região deixou o desvio de acesso para a fazenda com mais pedras soltas que a moto suportaria: o risco de causar avarias ao motor e danos ao condutor pesou na decisão. Para percursos mais acidentados e estradas mais rústicas, vale lembrar o conselho do especialista Reginaldo Francisco de que as motos big trails têm melhor desempenho e, ao planejar sua viagem, recorde que certos caminhos podem apresentar imprevistos. Tenha um plano B.

Obstinados a manter a rota e na ausência de uma suspensão mais alta ou equipamentos “off roads”, seguimos de carro. Somos avisados por telefone: “Segue a trilha do bambuzal”. Obedecemos. A paisagem deslumbrante que se desenvolveu sob nossa vista compensa a escolha de continuar a visita.

(Foto: Ricardo Chicarelli)
(Foto: Ricardo Chicarelli)

Em pouco tempo surgiram as instalações da Fazenda Palmeira. O produtor rural Norbert Gamerschlag nos recebe e anuncia que Cornelia está a caminho. “Posso pegar uma carona no carro de vocês?”, pergunta ao chegar. “Vou lhes mostrar a plantação.”

Cornelia Gamerschlag (Foto: Ricardo Chicarelli)
Cornelia Gamerschlag (Foto: Ricardo Chicarelli)

No carro, durante o trajeto até os pés de café, Cornelia conta que, na ocasião em que foi desenvolvido o projeto da Rota do Café pelo Sebrae-PR, ela e o marido aceitaram participar para incentivar a educação do brasileiro em relação à sua bebida favorita. “Quando os visitantes chegam, nós oferecemos a eles uma vivência em café. Eles podem participar da colheita, do processo de secagem, sentir na prática como é o trabalho na fazenda. Aqui todos podem ver e provar os melhores grãos. Muito do café que consumimos hoje no Brasil tem torra extra para esconder impurezas. E aprendemos a tomar o café sem qualidade. Café não pode ser amargo. A fruta do café é doce. O bom grão, a boa torra, mantém essa doçura”, explica.

(Foto: Ricardo Chicarelli)
(Foto: Ricardo Chicarelli)

A Fazenda Palmeira foi adquirida em 1942 pelos avós de Cornelia, que vieram da Suíça para plantar café. Nos tempos áureos da produção cafeeira, formava uma unidade com a vizinha Fazenda Figueira.

Após a geada negra de 1975, que dizimou os cafezais do Norte paranaense, muitos cafeicultores da região trocaram o cultivo do fruto por pastagens para o gado. Apesar das dificuldades, sua família continuou com o café. “Nós decidimos continuar com a cultura, mas apostar em qualidade e na porcentagem do nosso café que é exportado. É interessante mencionar que muitos arrancaram os pés, e não é fácil. A história ensina as pessoas a se adaptarem. Tem que manter a atividade, senão tem que ir para outro lugar, outra vida. Tem gente que acha que nós somos loucos de plantar café, mas não me arrependo”, ri.

(Foto: Patricia Maria Alves)
(Foto: Patricia Maria Alves)

Longe de ser uma monocultura cafeeira, a Fazenda Palmeira tem uma área de 1,2 mil hectares, e apenas 20% é dedicada ao cultivo da planta. “Hoje nós temos 950 mil pés de café. Tem épocas em que o preço do milho é baixo e o de café compensa. Em outras, o inverso. Nós que trabalhamos com cultivo não podemos apostar nossos ovos em uma galinha só”, brinca.

“A aveia protege o ‘cafezinho’ de perder folhas na fase inicial do crescimento
“A aveia protege o ‘cafezinho’ de perder folhas na fase inicial do crescimento

Do café produzido na fazenda, 70% é para exportação. “Boa parte do nosso produto vai para a Europa, os alemães compram e gostam muito do nosso café. Mas exportamos também para o Japão e Estados Unidos.” A paisagem ao redor mostra pequenas mudas entre pés de aveia. “Veja como elas se dobram e o pé jovem não. A aveia protege o cafézinho de perder folhas e quebrar.”

Chegamos ao cafezal, e com entusiasmo Cornelia explica como é o processo de cultivo e beneficiamento que a fazenda adota para manter a qualidade exigida para exportação.

A satisfação com o cultivo do café está em sua voz quando nos diz que a cultura do café, apesar de parte mecanizada, precisa das pessoas.

(Foto: Ricardo Chicarelli)
(Foto: Ricardo Chicarelli)
(Foto: Ricardo Chicarelli)
(Foto: Ricardo Chicarelli)
(Foto: Ricardo Chicarelli)
(Foto: Ricardo Chicarelli)
(Foto: Ricardo Chicarelli)
(Foto: Ricardo Chicarelli)
(Foto: Ricardo Chicarelli)
(Foto: Ricardo Chicarelli)
(Foto: Ricardo Chicarelli)
(Foto: Ricardo Chicarelli)
(Foto: Ricardo Chicarelli)
(Foto: Ricardo Chicarelli)
(Foto: Ricardo Chicarelli)
(Foto: Ricardo Chicarelli)
(Foto: Ricardo Chicarelli)
(Foto: Ricardo Chicarelli)

“O café precisa do homem, precisa dessa proximidade para que o fruto não seja danificado durante a colheita. Esse foi o motivo para que muitos deixassem de cultivá-lo na região. Os custos são altos e a sazonalidade dos trabalhadores não é regular. Aqui na nossa fazenda tem sido diferente, temos três gerações de famílias vivendo na colônia e trabalhando conosco.”

Secagem do Café (Foto: Ricardo Chicarelli)
Secagem do Café (Foto: Ricardo Chicarelli)

Ao fim da visita, nos faz um café de sua própria produção. A bebida é ovacionada pela equipe. “Quando recebemos o pessoal aqui, oferecemos um café e eu até ensino a fazer uma receita da minha mãe de biscoitinho suíço que é uma delícia”, conta.

Vai um cafezinho?

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MARABU

(Foto: Patrícia Maria Alves)
(Foto: Patrícia Maria Alves)
(Foto: Patrícia Maria)
(Foto: Patrícia Maria)
(Foto: Patrícia Maria)
(Foto: Patrícia Maria)
(Foto: Patrícia Maria)
(Foto: Patrícia Maria)

No segundo dia de viagem, a equipe da FOLHA começa o processo de retorno a Londrina e chega à Pousada Rural Marabu, em Rolândia. Com 80 anos de história, a propriedade da família de Saegesser funciona como recanto ecológico disponível para hospedagem há apenas dez anos. A trilha de estradas de terras por onde passamos com a moto é mais tranquila que em Santa Mariana. Estacionamos próximo da sede do local.

O proprietário, Adrian Saegesser, já nos espera, pronto para o passeio. Logo no começo da trilha, aponta a raiz de uma árvore. “Adivinhem de quem é essa raiz”, diverte-se. “Gostamos de mostrar a figueira para os nossos visitantes porque ela é moradora mais antiga da região, já está aqui há 400 anos.” Seguimos alguns metros mata adentro até avistarmos o caule.

A visita guiada tem que ser marcada com antecedência e percorre parte dos três alqueires de terras. “Um alqueire é de mata nativa e os outros dois usamos para a produção de geleias e patês. As frutas são na maior parte nativas. Temos uns 20 tipos que colhemos de acordo com as estações. Tem pés de manga, jabuticaba, tem caqui. As framboesas se misturam por todo lugar. Fazemos geleia de uvaia, uma fruta da região, parente da jabuticaba, outra muito boa também que temos aqui é jaracatiá”. Além de pousada, o local é o empreendimento de uma linha de produtos naturais, de fabricação artesanal. “Vocês vão provar dos nossos produtos na hora do café, depois da caminhada”, promete.

Saegesser caminha com facilidade trilha acima. “Já estamos chegando”, me ilude e nos conta qual o maior orgulho do local, “Eu gosto de passar com o visitante próximo das terras do meu vizinho para mostrar a diferença entre uma biodiversidade e uma monocultura. Meus avós cultivaram café por muito tempo, mas, como o meu avô já era vegano naquela época, eles davam preferência por culturas diversificadas”.

Adrian Saegesser entre a monocultura de soja e a biodiversidade da Pousada Marabu (Foto: Ricardo Chicarelli)
Adrian Saegesser entre a monocultura de soja e a biodiversidade da Pousada Marabu (Foto: Ricardo Chicarelli)
Floresta de Bambus (Foto: Ricardo Chicarelli)
Floresta de Bambus (Foto: Ricardo Chicarelli)

Na descida, uma trilha na floresta de bambus de rara beleza nos surpreende. “Esse lugar é muito especial, raramente se vê um local como este. As crianças adoram e perguntam: é aqui que mora o saci?” risos. O caminho nos leva para uma cachoeira, distante apenas poucos metros da nascente de um dos mananciais mais importantes da região, o ribeirão Cafezal. “O nome do ribeirão é Cafezal porque, na época, 90% da região era produtora de café. A geada de 75 destruiu tudo”, relembra.

Uma ponte improvisada com madeiras e pedras sobre o rio nos leva para a outra margem, onde a visão da queda d’água é melhor. “A cachoeira é boa para o banho, os visitantes descem aqui para brincar na água, fazer massagem nas costas. É terapêutico”. O frio de agosto não permitiu o teste, só um dos cães que nos acompanhava teve coragem de entrar nas águas geladas. “Eles adoram esse caminho, vêm todas às vezes comigo e com os outros visitantes também”.

Nascente do Ribeirão Cafezal (Foto: Ricardo Chicarelli)
Nascente do Ribeirão Cafezal (Foto: Ricardo Chicarelli)

Em uma hora de caminhada, já estamos habituados e tranquilos. “Recebemos visitantes de todo o mundo que procuram um lugar para ficar em contato mais próximo com a natureza. Fazemos parte de uma organização mundial chamada WWOOF. Os estrangeiros que desejam vir para cá conhecer o Brasil, podem se hospedar na pousada e trocam a estadia por trabalho voluntário. Certa vez, um francês veio a turismo e ficou seis meses”. E, facilmente podemos entender o porquê, muito do que foi construído no início da fazenda foi mantido e restaurado para conservar a história do local. Saegesser nos leva para os chalés da década de 30 e a vontade de morar, ou ao menos estender a estadia por seis meses, é latente.

(Foto: Ricardo Chicarelli)
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(Foto: Ricardo Chicarelli)
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O sol está se pondo e após o café na Marabu colocamos as rodas na estrada. O destino? Casa.

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ROTA DO CAFÉ - Uma aventura sobre duas rodas pelo Norte Pioneiro do Paraná - Projeto Beta em Reportagem Multimídia da Folha de Londrina
PRODUÇÃO, EDIÇÃO E TEXTOS
Patrícia Maria Alves
FOTOS E VÍDEOS
Patricia Maria Alves e Ricardo Chicarelli
EDIÇÃO 360VR
Ricardo Chicarelli
EDIÇÃO SITE
Erick Rodrigues
APOIO LOGÍSTICO
Zenil Gomes da Costa
SUPERVISÃO DE PROJETO
Adriana De Cunto - Chefe de Redação
DATA DE PUBLICAÇÃO
16 de Setembro de 2017