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O papel da construção civil na economia do Norte do Paraná

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Construção civil é tema do 13º Encontros Folha

Nova edição do evento terá como palestrante principal o professor Pedro de Seixas Corrêa, da FGV do Rio de Janeiro

“Setor movimenta a economia da região direta e indiretamente. Temos em Londrina grandes construtoras que impulsionaram o mercado imobiliário como um todo”, ressalta o superintendente do Grupo FOLHA, José Nicolás Mejía.
“Setor movimenta a economia da região direta e indiretamente. Temos em Londrina grandes construtoras que impulsionaram o mercado imobiliário como um todo”, ressalta o superintendente do Grupo FOLHA, José Nicolás Mejía.

“Construção Civil e Imobiliária - O Papel da Construção Civil na Economia doNorte do Paraná”. Este será o tema do 13º EncontrosFolha, que o Grupo Folha de Comunicação realiza nesta quinta-feira (14), às 8 horas, no Auditório do Aurora Shopping. O evento terá como palestrante principal o engenheiro civil e coordenador acadêmico da FGV (Fundação Getúlio Vargas) no Rio de Janeiro, Pedro de Seixas Corrêa

Ainda vão participar como painelistas o prefeito Marcelo Belinati, o diretor do Grupo Plaenge, Alexandre Fabian, o diretor da Quadra Construtora, Luis Carlos Moro Pires, e o gerente de Expansão do Grupo A.Yoshii, Leonardo Schibelsky.

“O segmento da construção civil e imobiliário é de suma importância para Londrina e região. Por isso, vimos a necessidade de abordar este tema e discutirmos os desafios e oportunidades que o setor apresenta atualmente e no futuro”, afirma o superintendente do Grupo FOLHA, José Nicolás Mejía. “Definitivamente, o setor contribui movimentando a economia da região direta e indiretamente. Temos em Londrina grandes construtoras que impulsionam o mercado imobiliário como um todo”, complementa.

Em suas 12 edições já realizadas, o EncontrosFolha se consolidou no calendário de eventos da região. “Discutimos temas relevantes para o desenvolvimento do Norte do Paraná e pautamos estes temas de maneira contínua, de forma a trazer resultados específicos de acordo com as necessidades encontradas”, ressalta o superintendente.

EDIÇÕES

O primeiro encontro foi realizado em junho de 2014 e teve como tema “Desafios do Brasil para 2015 - novo cenário para Londrina e Paraná”. O segundo, em setembro de 2014, discutiu “Logística, uma visão para o Brasil, um foco sobre o Estado do Paraná”.

Em março de 2015, foi a vez do EncontrosFolha debater “Qualificação de mão de obra como fator de desenvolvimento regional”. “A Indústria da Tecnologia e das Comunicações como diferencial competitivo do interior do Estado” foi o tema da 4ª edição, em julho de 2015. em outubro do mesmo ano o tema debatido foi “Desafios do agronegócio no Paraná: produzir, transformar e exportar”.

O 6º EncontrosFolha, realizado em março de 2016, teve como tema “Sustentabilidade Empresarial”. Em julho daquele ano, o tema foi “Projetando Londrina para o desenvolvimento: indústria, comércio e serviços.”

A 8ª edição, em março e 2017, teve como tema “Ética e transparência nas empresas: o País da Lava Jato”. E em julho, o assunto foi “Como as mudanças climáticas desafiam o crescimento”. Já o tema do 10º, em outubro de 2017, foi “Saúde financeira - os reflexos da atual conjuntura econômica para pequenos e médios empresários brasileiros”.

No ano passado, o Grupo FOLHA realizou duas edições. Em março, o assunto foi “Educação como elemento transformador da sociedade”, e em julho, na 12ª edição, o “Mercado da Saúde em Londrina - tecnologia e inovação para serviços e produtos”.

A nova edição tem como patrocinadores as construtoras Plaenge, A.Yoshii e Quadra e o apoio do Isae/FGV e do Sebrae.

Serviço: 13º EncontrosFolha

Local: Auditório do Aurora Shopping

Horário: 8 horas

Ingressos: Loja Classificados Folha de Londrina

Rua Piauí, 241 - Centro - Londrina

Informações: 0800 400 7011

Construção civil é uma das atividades que mais resistem à inovação no País

Nelson Bortolin • Reportagem Local

Engenheiro civil e coordenador acadêmico da FGV, Pedro de Seixas Corrêa vai abordar o tema: “Inovação na Construção Imobiliária - Cenários e Desafios”
Engenheiro civil e coordenador acadêmico da FGV, Pedro de Seixas Corrêa vai abordar o tema: “Inovação na Construção Imobiliária - Cenários e Desafios”

“A inovação está atrasada na área. É um fato histórico, uma cadacterística do segmento”

“Há muito espaço para negócios e a inovação é um aspecto fundamental para a gente conseguir atender a demanda”

A construção civil é uma das atividades que mais resistem à inovação no Brasil, seja porque a sociedade não se preocupa em experimentar materiais novos ou pela própria organização das empresas. É o que afirma o engenheiro civil e coordenador acadêmico da FGV (Fundação Getúlio Varga), Pedro de Seixas Corrêa. Ele é o palestrante convidado do 13º EncontrosFolha e vai abordar o tema: “Inovação na Construção Imobiliária - Cenários e Desafios.”

“A inovação está atrasada na área. É um fato histórico, uma característica do segmento”, afirma. Há uma justificativa cultural para isso, alega o professor. “Estão acostumados a fazerem sempre do mesmo jeito e não acreditam que a inovação vá representar muita diferença”, conta. As construtoras, prossegue Corrêa, não estimulam ou premiam a competitividade.

O engenheiro ressalta que há pouca barreira de entrada e um grau de informalidade muito grande no setor. “O resultado é um desequilíbrio entre empresas que têm potencial de investir em inovação e aquelas que não conseguem inovar minimamente. Acontece que os informais acabam competindo com as empresas profissionalizadas”, alega.

A boa notícia é que o cenário está começando a mudar. “Percebemos hoje um ganho de tecnologia principalmente no ‘Minha Casa Minha Vida’ (programa de habitação popular do governo federal). Houve um avanço de produtividade. Empresas de grande porte puderam investir em inovação porque trabalharam com escala”, explica. “O programa foi um fator de fomento à inovação pela quantidade de recursos aplicados e pela necessidade de produção em massa de unidades habitacionais”, complementa.

Com a mudança de governo federal, diz Corrêa, o Minha Casa Minha Vida está em ritmo mais lento, “mas ainda de pé”. “Não sabemos direito como vai ficar. Mesmo que mude de nome, acredito que vai continuar porque as habitações populares são uma demanda que não vai acabar tão cedo no Brasil”, declara.

Entre as inovações que devem tomar conta do mercado, segundo o engenheiro, está o BIM (Building Information Modeling). “É uma revolução no processo construtivo, uma mudança de cultura muito importante, com potencial de ganho de produtividade muito grande.”

O professor ressalta que a construção civil é uma atividade fundamental na economia brasileira e vai ser sempre importante no desenvolvimento do País. Por mais que tenha sofrido com a crise, o setor teve momentos muito positivos antes dela. “Há muito espaço para negócios e a inovação é um aspecto fundamental para a gente conseguir atender a demanda.”

Pedro de Seixas Corrêa é mestre em Sistemas de Gestão pela UFF (Universidade Federal Fluminense), engenheiro civil pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e doutorando em arquitetura pela mesma instituição. Sua linha de pesquisa é a habitação de interesse social. Também é sócio-diretor da Seicor Projetos e Obras e membro do Conselho Fiscal do Sinduscon-Rio e vice-presidente de Obras e Engenharia do Clube de Regatas Vasco da Gama.

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A hora da retomada

Construtoras planejam fazer mais lançamentos neste ano que em 2018

Nelson Bortolin • Reportagem Local

O ano de 2019 será um divisor de águas para a construção civil. O reaquecimento do setor, que teve início no final de 2018, vai se intensificar, permitindo que, a partir 2020, a atividade atinja patamares do período pré-crise.

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Segundo a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), foram lançados no ano passado 98.562 unidades País afora, um aumento de 3,1% na comparação com o ano anterior. Foram vendidas 120.142 unidades em 2018, 19% mais que em 2017.

Em Londrina, as empresas estão otimistas. É o caso da Plaenge, maior construtora do Sul do País. “Nós fechamos 2018 com 16 lançamentos no Brasil e três no Chile, num total de 19. Para este ano, serão 21 lançamentos”, conta o diretor do Grupo, Alexandre Fabian.

Segundo ele, houve um aumento no nível de confiança dos bancos e dos compradores, após a eleição do presidente Jair Bolsonaro (PSL). “Observamos uma injeção de ânimo no mercado em termos de decisão de compras e de os bancos financiarem. Iniciou-se um novo ciclo no Brasil que é positivo para o mercado imobiliário”, alega.

Para o empresário, o ritmo do crescimento do setor vai depender das reformas que o presidente conseguir fazer. A da Previdência é a principal. “A partir da reforma, o País organiza as contas e, com isso, consegue aumentar investimentos externos e obter crédito mais barato. A economia flui melhor”, afirma.

O presidente do Grupo A.Yoshii, Leonardo Yoshii, concorda com Fabian. “O Brasil está vivendo um novo ciclo. Há um aumento da confiança do mercado. Estamos olhando com otimismo. A partir do segundo semestre de 2018 (quando Bolsonaro consolidava a liderança na corrida presidencial), as vendas começaram a reagir além do esperado. Estamos com níveis de estoque baixando rapidamente”, diz Yoshii.

O empresário conta que em 2017 a construtora não fez nenhum lançamento. No ano passado, foram 11 e neste ano ele prevê um número maior.

Já o presidente do Sinduscon Norte PR (Sindicato da Construção Civil), Rodrigo Zacarias, é menos otimista. “A perspectiva é para uma recuperação lenta”, afirma. Na opinião dele, o processo de retomada da atividade poderia ser mais rápido se o programa Minha Casa Minha Vida estivesse a pleno vapor. “Com a mudança de governo federal, muda a estrutura da Caixa, do Banco do Brasil. Isso gera um atraso na assinatura de contratos”, conta.

Segundo o diretor da Quadra Construtora, Luis Carlos Moro Pires, a procura por imóveis aumentou bastante. “Muita gente está indo aos plantões de venda. Os negócios ainda estão aquém do esperado. As pessoas ainda estão esperando que o novo governo se estabilize, mas as sinalizações são muito positivas”, conta. O empresário acredita que ainda neste primeiro semestre os negócios voltem à normalidade.

HISTÓRIA

A construção civil é um setor historicamente forte em Londrina. Segundo a RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), havia 1.072 construtoras na cidade em 2017, que ofereciam 6.658 empregos diretos. “Londrina e o Norte do Paraná nasceram de um empreendimento imobiliário. A Companhia de Terras foi um projeto imobiliário de ocupação territorial no qual se vendiam lotes ruais e urbanos”, diz o diretor da Plaenge.

O curso de engenharia civil na UEL e uma “forte veia empreendedora” ajudaram a consolidar o setor em Londrina, segundo ele. “Hoje temos grandes empresas de construção na cidade e também outras empresas que fazem parte da nossa cadeia produtiva.” Ele cita como exemplo escritórios de arquitetura e de desenvolvimento de painéis e de vídeos para apresentação de projetos.

“A maior construtora do Sul do País está em Londrina e não em Curitiba, nem em Florianópolis. Esse setor tem uma importância para a cidade que é pouco compreendida”, afirma Fabian. “A construção civil é um dos setores que mais empregam e distribuem renda. Têm uma relevância social muito grande”, concorda Yoshii.

Segundo o Sinduscon, o setor movimentou R$ 2,5 bilhões no ano passado em Londrina, o que representa 13,6% do PIB do município.

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Para empresas, novo plano diretor é retrocesso

Nelson Bortolin • Reportagem Local

O projeto de revisão do Plano Diretor de Londrina, que se encontra no Legislativo para votação, é visto como um retrocesso pelos empresários da construção civil. O texto recém-revisado pelo Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina) transforma boa parte da área rural do município em área de preservação, impedindo a expansão do perímetro urbano.

A Prefeitura aposta nos vazios urbanos para viabilizar o crescimento da cidade. Por meio do IPTU progressivo e da desapropriação do imóvel, o Executivo quer liberar essas áreas para edificações. “Desde o ano passado estamos tentando mostrar que o projeto é equivocado”, afirma o empresário Gerson Guariente, da CGE Engenharia.

Para ele, o Município exagera ao apontar a existência de uma grande quantidade de vazios urbanos na cidade. Segundo Guariente, essas áreas vêm diminuindo ano a ano e os técnicos do Ippul precisam conhecer a história urbanística da cidade para tratar o assunto com mais propriedade. “Nosso grande vazio se deu pela criação dos Cincos Conjuntos (anos 1970) num local tão distante. De lá para cá, fomos criando estrutura para ocupar a área entre aquele bairro e o centro. Estamos vencendo vazios urbanos há 40 anos”, afirma.

Um dos vazios reconhecidos pelo empresário fica entre a Avenida Brasília e as proximidades do Estádio do Café, na zona norte. “Aquela área tem muitos problemas. Há inventários e dívidas de impostos. É uma situação muito complexa”, conta.

Outro terreno que tem as mesmas amarras se localiza atrás do campus da UEL. Ali, um loteamento aberto em 1978, só foi parcialmente executado. “É um imbróglio enorme.”

Há ainda uma grande área próxima da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), na zona leste, considerada pela prefeitura como vazio urbano. Mas, para o empresário, trata-se de loteamento. “Depois de loteada uma área, leva tempo para ela ser ocupada”, justifica.

DESAPROPRIAÇÃO

A desapropriação prevista no texto, após cinco anos de IPTU progressivo, é um tiro no pé da prefeitura, segundo o empresário. “O projeto obriga o município a desapropriar a área. Esse processo requer autorização do Senado para a emissão de títulos que são usados para o pagamento dos proprietários”, explica.

Guariente chama atenção para o fato de que, além de complexa, a desapropriação transforma o município em devedor por meio de títulos públicos concedidos aos antigos proprietários.

PRESERVAÇÃO

Gerson Guariente diz que o projeto de revisão do Plano Diretor transforma “entre 60% e 70%” da zona rural de Londrina em área de preservação ambiental, inviabilizando a expansão do perímetro urbano para esses locais. “Nós entendemos que áreas como a Mata dos Godoy (zona sul) e o Parque Daisaku Ikeda (zona sul) devem ser preservadas, mas não podemos preservar o município inteiro”.

Ele ressalta que os próprios moradores da zona rural reivindicam melhorias como estradas, escolas e outros empreendimentos que não podem ser construídos em área de preservação.

Além disso, sustenta o empresário, a medida pode provocar uma avalanche de processos judiciais contra a prefeitura porque os imóveis locais serão transformados de urbanos para rurais, perdendo valor de mercado. “Pode contar entre 2.700 a 3 mil ações”, afirma.

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Falta clareza na revisão do Plano Diretor

Para o presidente do Ceal (Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina), Brazil Alvim Versoza, falta clareza na revisão do Plano Diretor. “Isso só vai gerar problemas no futuro. As regras não são claras”, afirma.

Uma exemplo, segundo ele, está relacionado às atribuições do Conselho Municipal da Cidade. “O conselho vai poder deliberar? Vai poder decidir se determinada área é de interesse público?”, questiona.

No novo plano, segundo Versoza, não existe garantia de que o Ceal terá assento no conselho. “No plano atual, temos uma cadeira garantida. No novo, podemos ficar de fora”, alega. “Quem mais entende do assunto, que são os engenheiros e arquitetos, não têm garantia de participação. Podemos perder uma cadeira para a associação dos açougueiros da zona norte”, compara.

Tendo acompanhado as reuniões para discussão do projeto, ele afirma ter a sensação de que a cidade está “caminhando para trás”.

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Construir em Londrina, um grande desafio

Excesso de burocracia, falta de pessoal preparado e de clareza na legislação dificultam liberação de obras na cidade, reclama Sinduscon

Nelson Bortolin • Reportagem local

Construir em Londrina já é muito difícil, mesmo sem as mudanças no Plano Diretor. Excesso de burocracia, falta de pessoal preparado e de clareza na legislação são alguns dos problemas citados pelos engenheiros e empresários. Eles dizem que, ao tomarem posse, os prefeitos prometem priorizar a melhoria do ambiente de negócio, mas alegam que isso não ocorre de fato.

De acordo com o presidente do Sinduscon Norte PR (Sindicato da Construção Civil), Rodrigo Zacarias, a atual administração se esforçou para mudar esse quadro, por meio do programa Agiliza Londrina. Mas ele conta que o coordenador desse trabalho, Roberto Alves Lima Junior, deixou a função para assumir a presidência do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina). “O projeto estava andando bem, já tinham feito 10%, 15% do trabalho. Mas parou naquele momento com a saída do Roberto”, explica.

O Ippul foi criado para ser o órgão de planejamento da cidade, mas, na opinião de Zacarias, foi recebendo novas atribuições durante os anos, de modo que tornou-se uma espécie de cartório. “Nem tem mais como planejar nada. O órgão nem deveria funcionar no prédio da Prefeitura”, ressalta.

CERTIDÃO

Entre os processos que Zacarias considera demorados na Prefeitura está o de renovação da certidão de matrícula no cartório de imóvel. Ela é exigida pela município a cada 60 dias, durante a fase de aprovação de projetos. “Se um processo de liberação demorar 61 dias, eu tenho de renovar a certidão por causa de apenas um dia. Tenho de ir ao cartório, pagar taxa, e voltar à Prefeitura”, conta.

O presidente do Sinduscon sustenta que a aprovação do projeto mais simples leva 120 dias em Londrina. “Em Cascavel, onde é todo digitalizado, são sete dias”, ressalta. Na visão de Zacarias, é preciso “repensar como as coisas são feitas na cidade”. “Hoje tudo tem de passar por autorização da prefeitura e checado pelo fiscal”, critica.

Para ele, o município deveria dar mais liberdade ao empreendedor. “Deixa o empresário construir como quiser. Depois, se for preciso, vai atrás multando quem estiver errado. Só não pode é travar o investimento”, declara.

O empresário Luis Carlos Moro Pires, da Quadra Construtora, é outro que reclama da burocracia. Ele conta que levou quatro meses para aprovar um projeto que não apresentava grande complexidade. “Existe uma norma da Anac (Agência Nacional de Avião Civil) que todos conhecem. Não tem mistério. A prefeitura não precisaria mandar o projeto para a Infraero para saber se está correto. Mas ela manda e isso leva a um atraso”, explica.

Um dos empreendimentos da construtora que, segundo o empresário, poderia ter começado no ano passado, só foi liberado agora. “Poderíamos estar gerando emprego e impostos desde o ano passado. A cidade inteira perde com isso.”

Pires também reclama dos cartórios da cidade, principalmente no registro de escritura. “Eles não se preocupam com o prazo, por qualquer motivo devolvem o processo para a gente. Temos reclamado, mas o problema não é resolvido”, conta.

DESESTÍMULO

Segundo o presidente do Sinduscon, a ZR3 - operação do Gaeco (Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado) que apura esquema de cobrança de propina para mudanças de zoneamento na cidade - deixou os servidores inseguros. Eles estariam com medo de assinar documentos e serem responsabilizados de alguma forma. Por isso, as licenças na Prefeitura estão demorando ainda mais. “Não estamos conseguindo aprovar loteamentos em Londrina. Tanto é que a Caixa só está financiando obras nas outras cidades da região”, alega.

Na opinião de Zacarias, falta ao prefeito Marcelo Belinati (PP) chamar a responsabilidade para si e autorizar os novos loteamentos. “Esse é o papel de um líder. Os servidores estão com medo de assinar”, afirma.

Ele reclama que a burocracia da Prefeitura sufoca o empresário. “Hoje, quem vende ‘ar’ na cidade é a prefeitura e as pessoas não estão conseguindo respirar por falta de fornecimento de ar”, ilustra.

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Vazios urbanos são suficientes para 10 anos de edificações, diz Ippul

Nelson Bortolin • Reportagem Local

Londrina tem vazios urbanos suficientes para atender a demanda por edificações nos próximos dez anos. É o que garante o presidente do Ippul, Roberto Lima Júnior. Segundo ele, a Prefeitura chegou a essa conclusão por meio de estudos que cruzam informações do cadastro dos imóveis da Secretaria da Fazenda com os loteamentos aprovados pela Secretaria de Obras.

Ele também rebate a crítica dos empresários de que a desapropriação de imóveis após cinco anos de IPTU progressivo seja um “tiro no pé”. “A desapropriação é determinada por legislação federal, portanto não é uma invenção da cidade de Londrina. O Estatuto das Cidades prevê um rito para os imóveis que estão vazios”, explica.

O primeiro passo, diz o secretário, é o parcelamento, edificação ou utilização compulsórios, quando a prefeitura notifica o proprietário, para que ele dê destinação ao imóvel por meio de loteamento ou construção. “Não atendendo a notificação no prazo de até cinco anos, a contar da aprovação do projeto, se aplica o IPTU progressivo, escalonando a alíquota”, conta.

O último instrumento é a desapropriação-sanção, com pagamento de títulos da dívida pública. “Apesar de nunca ter sido regulamentada pelo Senado, essa é a regra jurídica que o governo federal passou para os municípios. Não podemos prever nada diferente disso no Plano Diretor”, alega.

Lima Júnior nega que a revisão do plano vai inviabilizar a expansão da cidade. “O Plano Diretor aprovado em 2015, e que vale hoje, não permite que na área rural de Londrina haja nenhum tipo de atividade econômica. Estamos propondo a permissão de atividades na área rural, que dividimos por vocações econômicas”, afirma. Ao norte, na região da Warta, a destinação será para o agronegócio. Nas áreas de interligação com os distritos, segundo o secretário, serão previstas indústrias e novos comércios e serviços para que a população não dependa mais da cidade.

Na zona sul, a situação é mais complicada. Há uma “macrozona de controle ambiental que se sobrepõe à zona de amortecimento da Mata dos Godoy”. “Por lei nacional, as unidades de conservação são obrigadas a ter uma zona de amortecimento, definida em seu plano de manejo. Muito embora a lei federal traga tal previsão, atualmente tal porção do território rural é tratada como uma área destinada exclusivamente à preservação ambiental”, ressalta.

O plano de manejo, de acordo com Lima Júnior, será revisto e vai definir usos comerciais compatíveis com zona de amortecimento da mata. Como exemplo, ele cita a implantação de hotéis, resorts, restaurantes rurais e outras atividades de baixo impacto. “O Plano Diretor que estamos propondo privilegia a economia do território rural e quer mais crescimento econômico sustentável.”

O presidente do Ippul concorda com o Sinduscon quanto à insegurança causada nos servidores municipais pela Operação ZR3. “Houve de fato um período em que ficaram receosos sobre o andamento dos processos do Ministério Público”, admite. Mas com a troca da Diretoria de Loteamento e mudanças em procedimentos visando transparência, eles já estariam mais seguros para liberar projetos construtivos. “O prefeito vem cobrando que haja um novo ritmo no fluxo de processos e isso está acontecendo, com o acompanhamento do Ippul, Procuradoria Geral, secretarias de Obras e de Governo”, alega.

Em relação ao programa Agiliza Londrina, o secretário diz que já há “ótimos resultados”. “O prazo dos alvarás caiu de 82 dias para 33 dias. Havia um estoque de 26 mil alvarás e processos de obras em espera quando a atual administração assumiu. Hoje, se somarmos os novos pedidos e o estoque residual, teremos algo em torno de 20% do que havia. A meta é zerar a fila com a tipificação correta dos processos e a informatização integral entre Obras, Fazenda, Ippul e Vigilância (Sanitária).”

O secretário lembra que a Prefeitura conseguiu aprovar na Câmara a lei que institui o Processo Simplificado de Aprovação de Projetos com até 500 metros quadrados de construção. “As construções de pequeno e médio porte representam cerca de 90% dos projetos analisados pelos técnicos. Estamos a um passo de uma cidade ágil neste setor”, garante.

Sobre a queixa do Ceal de que não há garantia de representação de engenheiros e arquitetos no Conselho da Cidade, Lima Júnior diz que o município segue recomendação do Ministério Público segundo a qual não pode haver cadeiras cativas nos conselhos municipais. O MP diz que qualquer entidade pode participar dos colegiados e, para isso, precisa participar do processo eleitoral.

Ele também destaca que, por orientação da Procuradoria Geral do Município, o conselho será consultivo e não deliberativo.

Secovi • acesse o site
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Otimismo também entre as imobiliárias

Vendas melhoraram e empresas aguardam aprovação de reformas para dar um salto maior

Nelson Bortolin • Reportagem Local

“O mercado está bom para unidades prontas e para lançamentos”

Segundo a Rais (Relação Anual de Informações Sociais), existiam 1.382 empreendimentos ligados à atividade imobiliária em Londrina, em 2017 (dado mais recente). Juntos, essas empresas empregavam 6.908 pessoas.

“Nesses anos em que estou no mercado (desde 2001), houve uma evolução muito grande do nosso setor”, avalia o presidente da imobiliária Santamérica, Pedro Moretto. Assim como os representantes das construtoras, ele acredita que 2019 será o ano da retomada da atividade. “Talvez a nossa área tenha sido a que mais sofreu na crise. Mas, daqui para a frente, a situação vai melhorar. Estamos numa transição.”

O empresário torce pelas reformas do governo Bolsonaro para que a economia possa dar um passo maior. E diz que a Prefeitura também precisa colaborar, aprimorando procedimentos para acelerar os projetos construtivos. “Precisamos de mais celeridade. A demora nas licenças atrasa bastante o desenvolvimento da cidade”, ressalta. O aumento do IPTU no ano passado, em sua avaliação, prejudicou o setor. “A elevação dos valores assustou e criou uma imagem negativa para os investidores”, declara.

Moretto afirma ter se surpreendido com a posição de Londrina na última edição do Índice Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) de Desenvolvimento, divulgado mês passado. No ranking das 100 melhores cidades para viver no Brasil, Londrina ficou em 85º lugar, atrás de Curitiba e de outras nove cidades do interior, como Maringá e Apucarana. “Fui pesquisar para tentar entender e concluí que medidas tomadas pela administração pública levaram a essa colocação tão ruim”, conta.

Outro imobiliarista da cidade, Raul Fulgencio também critica o poder público, não só a prefeitura. “Só tem dificuldades para o empresário. Demoram muito para aprovar projetos. Se o poder público não atrapalhasse já ajudaria bastante”, critica.

Um dos obstáculos para o setor, na visão do empresário, é uma decisão judicial de 2015 que suspendeu liminarmente qualquer construção numa grande área de amortecimento da Mata dos Godoy (zona sul). Outra foi uma resolução de 2016 do Ministério da Defesa que limitou a altura de prédios próximos aos aeroportos. “Depois veio aquela coisa obscena que foi o aumento do IPTU (ano passado)“, reclama.

Ele ainda critica o projeto de revisão do Plano Diretor que seria uma “aberração”. “Mas a sociedade não vai deixar passar”, acredita.

A boa notícia é que o cenário econômico, na visão de Fulgencio, está melhorando. “Quando houve a sinalização de que o PT iria perder a eleição (em 2018), o mercado começou a reagir. Fazia três anos que não tínhamos um começo de ano tão bom como este. Tivemos um janeiro muito bom e um fevereiro espetacular”, ressalta.

De acordo com ele, houve um crescimento de 40% nas vendas nos dois primeiros meses de 2019 na comparação com o mesmo período do ano passado. “O mercado está bom para unidades prontas e para lançamentos. No ano passado, lançamos dois prédios. Neste, vamos lançar seis”, conta.

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Inovação, um caminho sem volta

Walkiria Vieira • Reportagem Local

“A cadeia mundial da construção civil edstá muito atrasada na implantação de tecnologias que podem ser colocadas em prática na área de projetos”

Promover o encontro de três fontes de conhecimento - os estudantes, as empresas tradicionais e empreendedores inovadores, é um dos desafios da atualidade na área da Construção Civil no que diz respeito à inovação. De acordo com o coordenador do processo de Governança na Construção Civil em Londrina, engenheiro civil e empresário Gerson Guariente Júnior, unir esses três extremos é uma tarefa a ser cumprida.

“Estamos fazendo com que essas três pontas se aproximem - instituições de ensino técnico e superior, empresas tradicionais que precisam inovar seus processos e as empresas inovadoras. O objetivo é criar práticas inovadoras no trabalho da construção civil”, afirma. Na prática, a iniciativa requer esforço, pois Guariente pondera que esse é um setor que caminha lentamente. “A cadeia mundial da construção civil está muito atrasada na implantação de tecnologias que podem ser colocadas em prática na área de projetos e desenvolvimento, planejamento, controle de execução, gestão de ativos, processos e procedimentos, ou seja de A a Z, há oportunidades de inovação e o mercado está pedindo isso.”

As responsabilidades impostas à figura do porteiro não cabem mais, de acordo com Guariente. “Um condomínio com 300 apartamentos, 12 funcionários, por exemplo, possui uma quantidade de estruturas e atividades embarcadas que exige serviços de qualidade e à altura”. E eles já existem: “Em 2018, no 1º Hackathon, uma verdadeira maratona de tecnologias apresentou muitas ideias. Das 13 criadas, cinco estão prosperando”. E cita algumas delas: “Uma com a gestão de planejamento em canteiros de obra e a real apropriação do espaço, e uma outra que oferece atendimento de operações em condomínio por meio de um software que organiza todas as manutenções, como a da bomba de recalque de água”. Exemplos não faltam de como a inovação é positiva na construção civil. “São ferramentas de simples entendimento, diretas e compreensíveis para que o usuário se sinta parte do processo e queira usá-las. Há aplicativos intuitivos, ao alcance de todos, sendo possível instalar uma porta, fotografar o trabalho finalizado e, com base em um banco de dados, receber ou não a aprovação”, explica.

Achar respostas de maneira mais organizada está entre as vantagens que a inovação pode oferecer. E é dessa maneira que Guariente considera que a credibilidade acompanhe as inovações. “Trinta anos atrás, era uma realidade. Hoje, temos outra e precisamos avançar, a indústria da construção civil vai ter de se transformar para atender os anseios da sociedade, pois existe um horizonte de transformações muito significativo e o ideal seria que a indústria se antecipasse às necessidades da sociedade”, reflete.

Atualmente, os custos de um projeto envolvem desde a aquisição do terreno até o uso de sistemas ao longo do tempo e muitas pessoas já fazem a compra com essa perspectiva observando os custos e as economias. “Imóveis com menos desperdício e menos manutenção terão mais valor de mercado”, alerta. Um case de sustentabilidade recente vem de um shopping center de São Paulo e, segundo Guariente, um grande exemplo de inovação. “Existe uma horta na cobertura, mas ela não é só uma horta que atende os trabalhadores do shopping. Por trás desse resultado há uso de material orgânico como adubo, reaproveitamento de água da chuva e toda uma estrutura planejada que representa inovação, algo que vai ao encontro das necessidades da sociedade.”

Se nos dias atuais o uso da água pluvial é fato comum às obras em grandes canteiros, assim como já existe tecnologia para que uma pintura na fachada capte energia do sol e a transforme em energia elétrica, a atenção não diminui. “Se por um lado há moradores em prédios com carros elétricos e isso exige tomadas para o carregamento desses carros, há também aplicativos de motoristas bastante prestigiados, assim como uso compartilhado de bicicletas e patinetes, o que nos faz entender que a concepção dos projetos precisa olhar nessa direção. Temos de olhar o que está acontecendo e vislumbrar todas as mudanças.”

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Grupo trabalha governança na construção civil

Walkiria Vieira • Reportagem Local

Formada há um ano, a governança da construção civil de Londrina é composta por entidades, empresas, instituições de ensino, startups e órgãos público. O objetivo do grupo é fomentar a inovação no setor. “Cada pessoa que está aqui foi convidada porque pode fazer a diferença nesse processo”, afirma Gerson Guariente, que coordena o grupo.

Para dar referência ao trabalho da governança, Guariente cita o Fórum Desenvolve Londrina – grupo que se reúne há 13 anos para pensar e propor soluções para a cidade. “Foi de lá que surgiu a ideia, em 2015, de contratar a Fundação Certi para realizar um diagnóstico do ecossistema de inovação de Londrina. Uma das conclusões do estudo é que Londrina tem mais ativos do que Florianópolis há 30 anos, quando iniciou o processo que a levou a ser o maior polo de inovação do Brasil. O estudo da Certi identificou cinco setores estratégicos para o município: agronegócio, químico e materiais, eletrometalmecânica, TIC e saúde.”

Segundo ele, apesar de a construção civil estar mapeada entre os setores de maior representatividade em Londrina e entre as dez vocações econômicas da região, não foi considerada área de oportunidades para inovação. “Esse foi o ponto de partida para a criação da governança do setor, cujo trabalho culminou com a realização do primeiro Hackathon Construtech Londrina, em agosto de 2018”, lembra Guariente. A segunda edição do evento já tem data marcada - outubro de 2019 -, mas o trabalho da governança deve ir além, com a elaboração do planejamento estratégico. “Precisamos de uma ação coletiva mais abrangente”, ratifica Guariente.

Os encontros do grupo, orientados pelo consultor do Sebrae Rubens Negrão, foram agendados para março, quando será feito o nivelamento do conteúdo, com dados atualizados sobre o setor, e a definição do plano de ação, com a contribuição de todos os envolvidos no processo.

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Três passos da inovação

Para a coordenadora do IST (Instituto Senai de Tecnologia), Silvana Mali Kumura, a inovação deve passar por três conceitos:

Walkiria Vieira • Reportagem Local

Ecossustentabilidade

“Esse posicionamento tem permeado as técnicas construtivas com menos impacto, melhor funcionamento e desempenho também no pós-obra. Ou seja, que se reflita numa matriz energética interessante, consumo de água consciente e a ecossustentabilidade precisam entrar em todas as etapas da obra”.

Tecnologia

Pensar a tecnologia de modo prático e como o profissional vai usar a tecnologia para conceber, executar uma obra e como transformar esse conhecimento em melhor desempenho para a edificação. “O que é essencial, pois o que se espera com isso é que as edificações se tornem mais inteligentes, que eu consiga conectar informações, serviços e incorporar de modo que se reflita em praticidade e economia. E isso é possível quando você alia técnica com desempenho, pois de nada adianta se uma obra se propõe a ser inteligente, se a logística reversa é difícil. Outro exemplo: se não tem ninguém na sala, a luz se apaga sozinha.”

Viés cultural

“Também um desafio fazer o profissional pensar com o conceito da economia compartilhada e colaborativa, capaz de mudar as relações. Com o tempo, você percebe que isso é algo natural, muda a forma de fazer negócios, dá agilidade ao profissional em um mundo cada vez mais rápido, por isso esse é um grande desafio para os profissionais nesse contexto em que estamos vivendo.”

FEMAC • acesse o site
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“Building Information Modeling” integra processo e profissionais à obra

Ferramente prevê concepção, criação e até fase de uso pelo usuário de forma integrada permitindo ainda codificar os materiais empregados e definir os cronogramas da obra

Walkiria Vieira • Reportagem Local

Enxergar o processo como um todo - do começo ao fim, é ter o controle sobre todas as etapas de uma edificação e também sinônimo de racionalização e agilidade. O termo Bim (Building Information Modeling), de modo traduzido, significa Modelagem da Informação da Construção ou Modelo da Informação da Construção e oferece ferramentas inovadoras para a construção civil.

O arquiteto e vice-presidente de Tecnologia do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Norte do Paraná), Clovis Bohrer Filho, eleva seu status. “É uma ferramenta excepcional para a inovação tecnológica”. E esmiuça: “O processo é composto de um software que desenvolve virtualmente a modelagem da identificação de todas as instalações do edifício antes mesmo de ele estar construído”. Concepção, criação e até a fase de uso pelo usuário estão previstos de forma integrada sendo possível codificar os materiais empregados, bem como auxiliar na definição dos cronogramas da obra.

Ao todo, sete ciclos de informação vão complementando, etapa a etapa, como explica Bohrer. O primeiro, o 3D permite a visualização de todas as interferências do projeto na obra - da estrutura arquitetônica até a instalação do ar-condicionado. No 4D, definição de materiais, cronograma e verificação de conflitos dentro do que está projetado e o que está sendo executado e permite dimensionar quando uma equipe sai e a outra entra - forro, piso, rodapé, pintura. No 5D, estão elencados os custos da obra e, se decidir alterar uma esquadria, a mudança é feita quantitativamente e isso auxilia na apresentação do orçamento.

Bohrer continua explicando que o ciclo 6D é mais voltado para o consumo e eficiência energética da construção e o objetivo é maximizar o desempenho do empreendimento com o objetivo de alcançar a máxima sustentabilidade possível. Por fim, o 7D contempla a gestão do ciclo e a utilização do edifício e contém informações sobre manutenção e fornecedores necessários. “Só há pontos positivos em todas as etapas e isso representa para as incorporações imobiliárias competitividade - sobretudo porque a inovação tecnológica é capaz de aumentar significativamente a produtividade na construção civil.”

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Software coordena manutenções de uma edificação

Walkiria Vieira • Reportagem Local

Ajudar o usuário a controlar toda a parte de manutenção de uma edificação residencial é a proposta do Software batizado com o nome de Controlar. Ele oferece de modo ordenado o que, como e por quem deve ser feita a manutenção, seja da parte hidráulica, elétrica, de pintura ou extintores do condomínio. A ferramenta faturou o segundo lugar no Primeiro Hackathon Construtech, realizado em setembro de 2018, pelo Sinduscon Paraná Norte, Sebrae e Ceal, com apoio do Senai.

De acordo com o engenheiro civil e um dos idealizadores do software, Jorge Mussato, trata-se de uma ferramenta que oferece um trabalho de gerenciamento. “Ainda estamos na fase inicial de montagem e a ideia é ajudar os condomínios, pois nos residenciais, ao contrário de shoppings e hospitais, há uma dificuldade em cumprir um cronograma de manutenção de modo preciso e dentro do orçamento. Desse modo, tanto as exigências legais, como as de boas práticas, são organizadas”.

Levando em conta as as prioridades, a manutenção é feita de maneira organizada e isso representa agilidade, economia e pontualidade. “Facilita a vida do síndico e mantém o edifício numa qualidade e padrão de quando foram entregues, novinhos.

Prestes a se graduar também em análise e desenvolvimento de sistemas, Mussato considera que uma área dá suporte para a outra. “A Construção Civil está atrasada, há muito que pode ser melhorado quando se comparara a outras áreas e nosso software é um nicho do que a tecnologia pode fazer pela construção civil e no caso da engenharia, tem muita aplicabilidade. No meu caso, com as duas formações, há uma vantagem porque especialmente nessa parte do desenvolvimento do software eu sei o que representa cada item da engenharia e como o software tem que se adaptar àquela tecnologia”, argumenta Mussato. (W.V.)

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13º ENCONTROS FOLHA - O papel da construção civil na economia do Norte do Paraná

DATA DE PUBLICAÇÃO:
13 de março de 2019

CHEFE DE REDAÇÃO:
Adriana de Cunto

EDITORA:
Célia Guerra

TEXTOS:
Nelson Bortolin e Walkiria Vieira

EDIÇÃO SITE
Erick Rodrigues

FOTOS:
Marcos Zanutto, Sérgio Ranalli e Ricardo Chicarelli

DIAGRAMAÇÃO IMPRESSO:
Equipe Folha

DIAGRAMAÇÃO ONLINE:
Petra Schauff

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