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Cidade dos Festivais

Por Marian Trigueiros

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Há 51 anos, nascia o FILO (Festival Internacional de Londrina). Há 40 anos, o FIML (Festival Internacional de Música de Londrina). Há 20 anos, o Festival Kinoarte de Cinema. Há 17 anos, o Festival de Dança de Londrina. Há 14 anos, o Londrix – Festival Literário de Londrina e também o Festival de Circo.

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Com Renata Sorrah no elenco, peça premiada da Companhia Brasileira de Teatro, de Curitiba, mostra texto inédito no FILO (2013)
Com Renata Sorrah no elenco, peça premiada da Companhia Brasileira de Teatro, de Curitiba, mostra texto inédito no FILO (2013)

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Durante esse tempo, mais outros tantos festivais e eventos culturais surgiram e se desenvolveram ao longo da história da cidade, que completou 84 anos em dezembro. Alguns em formatos menores, com programação mais enxuta e pontual; outros grandiosos, de amplas ações. Apesar de cada um possuir sua linguagem artística, comungam entre si uma única arte: a da “resistência”, seja política, orçamentária ou temporal.

Hoje, há sete festivais que recebem patrocínio do Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura) que fazem parte do calendário oficial da cidade e há, pelo menos, outros vinte eventos culturais realizados de forma independente.

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‘Sem Eira nem Beira’ no Festival de Dança de Londrina (2015)
‘Sem Eira nem Beira’ no Festival de Dança de Londrina (2015)

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Como o próprio nome sugere, festival é tempo de festividade, por isso, geralmente é realizado em períodos concentrados de forma a movimentar a cidade e a população com uma programação diversificada. É um período que se destaca, então, pela imersão em um grande número de apresentações artísticas oferecidas a um público expressivo, mas, também, pela realização de palestras, oficinas, discussões e reflexões. Aqui, isso acontece, porque, além da aura de celebração e aplausos que os acompanha, os festivais realizados têm em sua natureza o intercâmbio de conhecimento alimentado e sustentado pelas atividades de formação. Assim, leigos, iniciantes, iniciados e avançados se tornam aprendizes em potencial, experiência na qual a troca humana é a engrenagem que move o evento. Mais do que mostrar, portanto, é momento de conhecer o outro e abrir-se para o novo.

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Até mesmo por isso, o caráter formativo presente em grande parte desses festivais estimulou outras ações além do período do evento, resultando na criação de grupos ou projetos menores. Os festivais foram responsáveis, também, pelo surgimento de profissionais que perpetuam localmente o trabalho realizado durante os eventos.

Tanto é que, hoje, não são raros os exemplos de diretores e roteiristas à frente de filmes e séries; atores que dão continuidade do ofício nos palcos e com a comunidade; dançarinos e educadores responsáveis por projetos sociais; talentos musicais apresentando-se em concertos e shows; escritores lançando livros ou multiplicando o conhecimento em rodas de leitura; artistas circenses que foram descobertos por grandes grupos.

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“Apesar de cada um possuir sua linguagem artística, comungam entre si uma única arte: a da “resistência”, seja política, orçamentária ou temporal”

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Definitivamente, criou-se uma movimentação artística que fortaleceu uma rede de profissionais que não se vê com facilidade em outras cidades Brasil afora.

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Ainda que a descrição do histórico pareça belo, o cenário não é dos mais favoráveis. Produzir arte do Brasil nunca foi fácil, apesar de períodos melhores no passado. Ano após ano, o que paira sobre a produção dos eventos é a incerteza da realização de mais uma nova edição, sobretudo por limites impostos por questões orçamentárias. Londrina, contudo, está em situação melhor que outras cidades.

Atualmente, grande parte dessas ações são possibilitadas porque o poder público municipal investe – ainda que timidamente - por meio do Promic, apoiando os produtores culturais a realizarem os eventos em prol da cidade. Outra parte vem, ou viria, de empresas que destinam parte de seu impostos pela renúncia fiscal por meio da Lei Rouanet, muito diferente de patrocínios diretos, quase inexistentes. Porém, as perspectivas não são das melhores, pois as políticas públicas a serem tomadas pelo atual Governo são desconhecidas.

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A única certeza é de que a arte teima em resistir.

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FIML
FIML

FIML| Uma cidade de bem com a música

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Há 40 anos, o Festival de Música de Londrina recebe grandes nomes e abre portas para novos talentos

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Na época em que o FIML (Festival Internacional de Música de Londrina) foi criado, Elza Elias já estava com 53 anos de idade. Era julho de 1979 quando o evento, idealizado pelo Maestro Norton Morozowicz, teve sua primeira edição fundamentada no ensino, na criação, na performance e na difusão da música instrumental e vocal. No ano passado, aos 89 anos, ela voltou no tempo ao participar de uma oficina de piano durante a última edição do festival ministrada pela curitibana Olga Kiun, sendo a aluna mais velha entre todos os mais de 900 inscritos em 2018.

“Não sabia se me aceitariam por causa da idade, mas o diretor, quando ficou sabendo, foi o primeiro a me incentivar”, conta, detalhando que ter aulas durante 15 dias ao lado de jovens talentosos e se apresentar foi um momento de conquista para ela que deixou o sonho de ser pianista para lecionar Inglês.

Formada em Letras pela USP (Universidade de São Paulo), Elias conta que, apesar de algumas moças da época aprenderem a tocar piano, não eram incentivadas a seguirem carreira como instrumentistas. Mesmo assim, nunca deixou de tocar. “Acredito que o estudo constante tenha ajudado meu raciocínio ao longo dos anos, porque, além da dedicação, é preciso pensar muito na hora de tocar para executar os movimentos rápidos”, conta ela, que ganhou do pai o primeiro piano aos 15 anos de idade e o mantém até hoje em sua casa.

Elza Elias aguarda apresentação no Cine Teatro Ouro Verde durante o FIML 2017
Elza Elias aguarda apresentação no Cine Teatro Ouro Verde durante o FIML 2017

“Se eu tivesse participado do festival quando jovem, com certeza não teria deixado esse sonho para trás. É um período tão descontraído e, ao mesmo tempo, tão intenso, que qualquer um se sente motivado a aprender mais. Este ano estarei entre os alunos de novo.”

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Para Marco Antonio de Almeida, diretor artístico do FIML, motivação no aprendizado é o espírito do festival que, ao longo de quase quatro décadas, transformou-se num grande evento, ampliando e diversificando o formato inicial.

“Atualmente, além da formação que disponibilizamos com mais de 50 cursos nas áreas vocais e instrumentais, existe uma programação artística diária e extensa com nomes de peso da música erudita e popular. Há espaço para tudo, pois não podemos ficar de fora da evolução da música e da sociedade”, diz.

Por isso, segundo ele, se o início das atividades do festival teve como prioridade a Música Barroca, a abertura para outros gêneros possibilitou que ainda mais alunos participassem. “A música deve ser democrática e objeto de inclusão, sempre.” O FIML leva o slogan de “Festival de Todas as Músicas e de Todas as Idades”.

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“A música deve ser democrática e objeto de inclusão, sempre.”

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Uma das prioridades com o retorno de Magali Kléber frente à direção pedagógica foi a de que o festival passasse a considerar as questões sociais e os trabalhos socioeducativos, contribuindo além da formação de ensino e aprendizagem, mas, também, para as políticas públicas.

Em 2015, os projetos Neojiba (Núcleos de Orquestras Juvenis e Infantis do Estado da Bahia), Ação Social pela Música, do Rio de Janeiro, e Guri, de São Paulo, deram o pontapé nessa iniciativa e foram selecionados por desenvolverem um trabalho socioeducativo musical de impacto.

Juntos, alunos dos três projetos formaram a “Orquestra Sinfônica Jovem”, realizaram o concerto de abertura e receberam bolsas de estudo para o festival daquele ano. Posteriormente, outros grupos vieram e, neste ano, a direção prevê a participação de projetos da região de Londrina. Desde 2004, o festival também abriga o SPEM (Simpósio Paranaense de Educação Musical).

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DIVISOR DE ÁGUAS

A pianista e arranjadora Antonella Franco, de Londrina, lembra que, com 14 anos, teve sua primeira experiência com o festival, quando teve a oportunidade de ver outros alunos tocando.

“Sempre tive muita facilidade com o instrumento. Mas, naquele momento, eu percebi que havia muita gente boa e teria de estudar mais. Fui classificada apenas como ouvinte e aquilo foi um choque e causou um conflito interno. Mas o contato com pessoas de outras cidades me tirou da minha bolha e da zona de conforto”, diz ela que, até então, só havia estudado individualmente desde a infância no extinto Conservatório Villa-Lobos.

Além da movimentação de alunos e professores, ficou encantada com tantas possibilidades de concertos de músicos do Brasil e exterior. “Nunca tinha visto pianistas daquela qualidade de perto.”

No ano seguinte, Franco foi classificada como aluna e recebeu ainda mais orientações para seguir no instrumento. “Foi naquele momento que, também, tomei a decisão por seguir na música como profissão”, diz ela, que ingressou no Curso de Música da UEL (Universidade Estadual de Londrina) na sequência.

Dali em diante, as férias de julho, portanto, eram sempre destinadas aos cursos do festival. “Abri os horizontes e estudei outros cursos além do erudito. Considero o festival um marco na minha carreira como pianista e arranjadora.

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“Nunca tinha visto pianistas daquela qualidade de perto.”

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Toda minha base de improvisação foi aprendida no festival.” Hoje, Franco colhe frutos de suas escolhas e vive de música. Além de trabalhar frente ao grupo Mariage Coral & Orquestra, é idealizadora do projeto “Piano em Foco”, que tem o objetivo de divulgar a música clássica para a formação de público em Londrina.

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NOMES DE PESO

Nas 35 edições já realizadas, Londrina foi palco para muitas apresentações com nomes importantes da música erudita como o violinista Claudio Cruz, os pianistas Julija Botchkovskaia, Nelson Freire e João Carlos Martins, os violoncelistas Antônio Meneses e Antônio Del Claro. Também recebeu artistas consagrados da música popular brasileira como Arrigo Barnabé, Yamandu Costa, Angela Maria, Maria Alcina, Moacir Franco, Elza Soares, Cida Moreira e Simone Mazzer. Na grade pedagógica, cursos foram ministrados por professores como o maestro japonês Daisuke Soga, Norton Morozowiczi, Osvaldo Colarusso, Maria Guinand e Kalinka Damiani.

MÚSICA EM TODO O LUGAR

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Na Praça
Na Praça
Na Concha
Na Concha
Na Concha
Na Concha
No ônibus
No ônibus
No Anfiteatro do Zerão
No Anfiteatro do Zerão
Na Praça
Na Praça
No Calçadão
No Calçadão
No Teatro Ouro Verde
No Teatro Ouro Verde
No Teatro Ouro Verde
No Teatro Ouro Verde
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DEMOSUL| Invasão transmídia

A INVASÃO

Uma das propostas do projeto Transmídia da Folha de Londrina é agregar diversas linguagens em uma mesma plataforma, envolvendo várias técnicas e profissionais. E, pela primeira vez, estudantes de jornalismo puderam vivenciar essa experiência durante o Festival Demo Sul que, em sua programação, contemplou oficinas formativas. Na edição de 2018, foi realizada a Oficina de narrativas transmídia, na qual os estudantes Andressa Rossi, Bruna Miyiki, Bruna Borasca, Bruno Codogno, Camila Rosa, Lucas Gabriel e Vitor Assis produziram um material exclusivo durante o evento. Confira, a seguir, o resultado dessa oficina.

A OFICINA

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FOTOS: ISAAC SITTA FONTANA
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O FESTIVAL

icone de play
OUÇA O PODCAST COM OS ESTUDANTES BRUNA MIYIKI, BRUNO CODOGNO E VITOR ASSIS 2 min
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OUÇA O PODCAST COM OS ESTUDANTES BRUNA MIYIKI, BRUNO CODOGNO E VITOR ASSIS 2 min

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FOTOS: ISAAC SITTA FONTANA
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MADE IN PR

“Londrina tem muita coisa legal, por que o pessoas não frequentam?” Me despedi do festival Demo Sul ouvindo esta frase. Não conheço o rapaz que a disse. Engraçado, o encontrei em quase todos os eventos do festival. Ele estava sentado na grama, quando o ouvi proferir essa sentença. E, concordo. Londrina tem muita coisa boa e poucos aproveitam. Quem frequenta o Demo Sul, a meu ver, são os fãs.

Para quem nunca ouviu falar, o festival é um evento fixo no calendário londrinense há 18 anos. Um dos maiores festivais da musica autoral na região Sul, que resiste. Dividem o palco bandas locais, nacionais e internacionais.

Já com o Line-Up do evento a ansiedade foi tomando conta dos shows que estavam por vir, dentre eles algumas bandas – Maracajá (PR), WI-FI KILLS (PR), Subcut (PR), Aminoácido (PR), Etnyah (PR) - entre outras.

As atrações foram divididas em quatro palcos - Bar Valentino, Cemitério de Automóveis, BarBearia e o Palco Amadeus, em uma Chácara distante. A energia dos lugares estava boa, o público diversificado era formado por fãs das bandas e frequentadores dos bares alternativos de Londrina.

Os shows que aconteceram no Cemitério de Automóveis foram os mais marcantes, a sinergia presente resgatou todos os anos de história do festival e do local, que sobrevive às mudanças na política cultural e a falta de investimentos.

Foi o dia que reuniu o público e bandas mais diferentes, trocávamos sorrisos aleatórios e nem sabíamos o porquê. A surpresa da noite foi a banda curitibana Wifi-Kills, que contagiou a plateia com um estilo exótico e descontraído. Ainda, o jovem vocalista da banda londrinense Maracajá encantou a platéia com sua performance arrebatadora. A música não deixou de lado questões políticas e atuais, e o fez de forma sagaz, reproduzindo nossos pensamentos na acústicas das caixas de som. E todos dançavam, rapazes barbudos e moças de saias, numa energia que parecia não ter fim, e não tinha.

E lá estávamos nós, no dia 1 de dezembro, distantes do centro da cidade. O ar fresco da noite entre as árvores nos convida a bailar e logo no início da noite as bandas começaram a subir ao palco.

Um dia mais eclético, havia tendas com som para todos os gostos. Mas a espera se concentrava em Edgar. Pudera, um rapaz jovem como ele fez nossa noite ser incomum. Edgar é um poeta moderno e atual, levanta questionamentos quanto à cultura, meio ambiente, consumo, realidades sociais, é impactante. Sensacional como em poucos minutos ficamos envolvidos com sua batida e letras.

Não estávamos preparados para o último dia de Demo Sul, os shows foram arrebatadores, o público foi ao êxtase, e um sentimento de fim de festa tomou conta dos que fielmente acompanharam a programação. A cada ano uma sensação única, acredito que seja por isso que escreve até hoje, por linhas tortas, a história da música autoral em Londrina.

Não foram apenas shows, foram experiências marcantes que nos farão lembrar desse evento para sempre e tomara que permaneça um destaque na agenda cultural da cidade.

CRÔNICA: CAMILA ROSA

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FOTOS: LUCAS GABRIEL
FOTOS: LUCAS GABRIEL
FOTOS: ANDRESSA ROSSI
FOTOS: ANDRESSA ROSSI
FOTOS: ANDRESSA ROSSI
FOTOS: ANDRESSA ROSSI
FOTOS: ANDRESSA ROSSI
FOTOS: ANDRESSA ROSSI
FOTOS: ANDRESSA ROSSI
FOTOS: ANDRESSA ROSSI

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FILO| O festival da (trans)formação

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O ano de 2018 era para ter sido especial para o FILO (Festival Internacional de Londrina) quando seria realizada a 50ª edição do evento mais longevo de artes cênicas da cidade e do Brasil. Não foi.

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FILO 2017- Berenices Foto - Fabio-Alcover
FILO 2017- Berenices Foto - Fabio-Alcover

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Os principais patrocínios - que correspondiam a quase 80% do previsto – foram retirados e outras fontes de incentivo foram pleiteadas. Não vieram. A programação chegou a ser adiada duas vezes na esperança de que o quadro se reverteria. Não mudou. A ideia era trazer à cidade as principais companhias e atores que participaram do evento ao longo de cinco décadas. Não deu. Assim, a edição que era para ter sido histórica para a cidade de Londrina entrou na história por não ter acontecido. Desde o início da trajetória do festival, idealizado em 1968 por Délio César, essa foi a segunda vez que houve a suspensão de uma edição anual.

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FILO 2017_-Pour deux clowns foto - Fabio-Alcover
FILO 2017_-Pour deux clowns foto - Fabio-Alcover

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Filo 2017 Black Off
Filo 2017 Black Off
FILO 2017 - Inka Clown Show - Cia Circo Rebote foto Fabio Alcover
FILO 2017 - Inka Clown Show - Cia Circo Rebote foto Fabio Alcover
Filo 2017 Nem Dias de Sol Foto Milton Doria
Filo 2017 Nem Dias de Sol Foto Milton Doria
FILO
FILO
FILO 2017_-Pour deux clowns foto - Fabio-Alcover
FILO 2017_-Pour deux clowns foto - Fabio-Alcover
Filo 2017 Black Off
Filo 2017 Black Off
Filo 2017 Nem Dias de Sol Foto Milton Doria
Filo 2017 Nem Dias de Sol Foto Milton Doria
FILO 2017 O Galo OCO Teatro Laboratório foto Fabio Alcover
FILO 2017 O Galo OCO Teatro Laboratório foto Fabio Alcover
Filo 2017 O Rato Foto Milton Doria
Filo 2017 O Rato Foto Milton Doria
Filo 2017 O Rato Foto Milton Doria
Filo 2017 O Rato Foto Milton Doria

Com apenas R$ 350 mil via Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura), quando o montante previsto para viabilizar o evento, segundo a organização, seria de R$ 1,6 milhão, o diretor geral do festival, Luiz Bertipaglia diz que seria inviável realizar uma edição menor.

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FILO 2017 Tom na Fazenda foto Fabio-Alcover
FILO 2017 Tom na Fazenda foto Fabio-Alcover

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“O FILO foi crescendo junto com a cidade. Mais que atrações, despertou a possibilidade de que a cidade fosse um polo de cultura. Cinquenta anos depois é desafiador realizar o evento, porque o público de Londrina aprendeu a valorizar a cultura. Chegamos a um nível de qualidade e formato que não dá para voltar atrás. A cada ano, o público exige mais e quer uma edição melhor”, defende. A situação, para ele, foi atípica devido ao ano eleitoral, mas, ao que tudo indica, deve continuar esse ano. Uma das primeiras medidas do governo Bolsonaro foi extinguir o MinC (Ministério da Cultura), deve realizar alterações na Lei Rouanet, e o principal patrocinador de eventos culturais brasileiros, a Petrobras, já anunciou que pretende cortar patrocínios culturais daqui para frente, até mesmo de contratos firmados anteriormente.

Apesar de poucas interrupções ao longo de cinco décadas, o festival sempre atravessou dificuldades para ‘sobreviver’, seja com a repressão política ou com a falta de dinheiro. “Mesmo com o nome e visibilidade do festival, nunca foi fácil realizar o evento. Sempre tivemos dificuldades de captação e recebemos recursos em cima da hora.” No entanto, o FILO trouxe incontáveis atrações na programação artística, figuras importantes na arte mundial.

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Kazuo Ohno Filo 2000
Kazuo Ohno Filo 2000

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Uma delas, Kazuo Ohno, um dos criadores do butô, uma dança que surgiu no Japão do pós-guerra. Também trouxe Eugenio Barba, do Odin Teatret, durante uma edição do ISTA (sigla em inglês para Escola Internacional de Antropologia Teatral). A Armazém Companhia de Teatro, que iniciou as atividades em Londrina e hoje está radicada no Rio de Janeiro, deu os primeiros passos no festival e hoje caminha a passos largos. Em 2017, a atriz Fernanda Montenegro participou pela primeira vez lotando o Teatro Ouro Verde – em sua reinauguração - com a leitura “Nelson Rodrigues por Ele Mesmo”.

Fernanda Montenegro Filo 2017 Fotos Milton Doria
Fernanda Montenegro Filo 2017 Fotos Milton Doria

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MEMÓRIAS

É impossível falar de FILO e não lembrar de Nitis Jacon, 83 anos, que assumiu a coordenação do FILO em 1971, transformando-o no evento que é hoje. Ao mesmo tempo em que exercia a profissão de médica psiquiátrica em um hospital de Rolândia, dividia seu tempo com a arte. Fundou o GRUTA, grupo teatral de Arapongas. Em 1968, criou o grupo Núcleo, formado a partir do Festival Internacional de Teatro Universitário. Logo após, por três décadas, dirigiu o PROTEU (Projeto Experimental de Teatro Universitário), grupo que teve atuação marcante na cultura de Londrina nas décadas de 70, 80 e 90.

Arena Conta Tiradentes montagem do GRUTA de Arapongas/PR
Arena Conta Tiradentes montagem do GRUTA de Arapongas/PR
Grupo Queimada (V festival universitário) - 1972
Grupo Queimada (V festival universitário) - 1972
Grupo Queimada (V festival universitário) - 1972
Grupo Queimada (V festival universitário) - 1972
GRUTA (Alcides Carvalho na peça O Verdugo de Hilda Hilst V
GRUTA (Alcides Carvalho na peça O Verdugo de Hilda Hilst V
II Festival Universitário (à esquerda os irmãos Araújo, Gerl
II Festival Universitário (à esquerda os irmãos Araújo, Gerl
Lançamento do NOVO JORNAL - ousado projeto editorial de Clet
Lançamento do NOVO JORNAL - ousado projeto editorial de Clet
Maira Lúcia Diniz, à direita, apresenta o curso Evolução
Maira Lúcia Diniz, à direita, apresenta o curso Evolução
Percussionista Corina, ao violão Itamar Assumpção
Percussionista Corina, ao violão Itamar Assumpção
Comissão julgadora do VI Festival Universitário
Comissão julgadora do VI Festival Universitário
Teatro Filadélfia (palco de ensaios e shows de 71 a 78)
Teatro Filadélfia (palco de ensaios e shows de 71 a 78)

Foi ainda uma das responsáveis pela criação do curso de Artes Cênicas da UEL (Universidade Estadual de Londrina). Também dirigiu o Teatro Guaíra, em Curitiba. Aos poucos, ela foi passando a responsabilidade para o atual diretor e para seu ‘ombro direito’, o ator e produtor Paulo Braz, que faleceu poucos dias antes de começar a edição de 2017.

“Me orgulho do meu passado, da história que construí e do que vivi. Considero que foi tudo fascinante, mas também sofrido, com muitos percalços ao longo do caminho. Toda minha vida foi assim, de luta e batalha. Mas isso me fez muito forte e chegar à maturidade me deixa muito tranquila. Hoje vejo a vida com mais sabedoria. Eu fui uma viajante do espaço, do tempo. Vivi bem, mas também gosto da minha vida de agora, mais tranquila. Estou feliz aqui neste paraíso com meus cachorros, com este jardim lindo, minha biblioteca cheia de coisas de vários lugares. Gosto de sentar no quintal e contemplar as árvores que plantei. Hoje, estou aqui, assistindo a esse mundo que vivenciei”, conta numa entrevista, concedida em setembro de 2016, à reportagem da FOLHA. Afastada por questões de saúde e, também, pessoais, ela passa os dias numa rotina tranquila em sua casa na cidade de Arapongas.

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“Me orgulho do meu passado, da história que construí e do que vivi.”Nitis Jacon

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REFLEXÃO

Dos vários festivais existentes no país, o FILO reúne características que o tornam peculiar. Se a preocupação estética existe, junto com ela vem a reflexão. O tema da última edição segue o já iniciado: o espetáculo da diversidade, da tolerância e do humanismo, voltado também a aspectos da formação e transformação da sociedade. Durante o evento, além dos espetáculos nacionais e internacionais - com montagens de teatro, dança, circo, multimídia e música, em espaços fechados e ao ar livre para todas as idades - acontecem shows no Ponto de Encontro e atividades formativas com oficinas, workshops, mesas-redondas e bate-papos.

Imagem ilustrativa da imagem Cidade dos Festivais
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CIRCO| Humor repaginado

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Festival de Circo de Londrina está conectado às vertentes mais contemporâneas da arte circense

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Uma das artes mais antigas do mundo é tema de um dos festivais mais novos no calendário oficial de Londrina. O Festival de Circo de Londrina nasceu em 2005 com uma vertente voltada ao ensino, porém cresceu significativamente nos últimos três anos, agregando modalidades e fortalecendo sua programação artística.

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Em 2018 foi realizada a 14ª edição com 16 apresentações, 14 oficinas e uma palestra, que passaram por diferentes linguagens do circo – da mágica ao clown, do trapézio ao malabarismo – transformando a cidade em um picadeiro a céu aberto. Durante cinco dias, a cidade ficou colorida pela presença de artistas circenses de todo o Brasil e da América Latina. O evento é realizado pela ALC (Associação Londrinense de Circo) e conta com apoio do Cirque du Monde (Social Circus Program of Cirque du Soleil)

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Festival de
Festival de

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Permeado pela alegria e risadas dos espetáculos, todos gratuitos e espalhados por várias regiões, o evento agrega, principalmente, números de humor, mas, também, virtuosismo técnico concebidos pelos grupos convidados. Contudo, ainda mantém a premissa de oferecer oficinas para que participantes tenham contato com as práticas de habilidades circenses. Inclusive, muitos alunos da Escola de Circo de Londrina aproveitam o período para aprimorar as técnicas e conhecer profissionais de outras localidades.

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Festival de Circo de Londrina 2016
Festival de Circo de Londrina 2016
Festival de Circo de Londrina 2016
Festival de Circo de Londrina 2016
Festival de Circo de Londrina 2016
Festival de Circo de Londrina 2016
Festival de Circo de Londrina 2016
Festival de Circo de Londrina 2016
Festival de Circo de Londrina 2016
Festival de Circo de Londrina 2016
Festival de Circo de Londrina 2016
Festival de Circo de Londrina 2016
Festival de Circo de Londrina 2016
Festival de Circo de Londrina 2016

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Foi o que fez a bacharel em Artes Cênicas, Taira Sanches Rabal, que mudou-se para Londrina há três anos para estudar na instituição e desenvolver técnicas de circo. No festival, optou pela oficina de trapézio fixo, com a acrobática Virginia Caputi, de Montevidéu (Uruguai). “São interessantes as relações que a gente estabelece ao conhecermos pessoas de fora, com culturas diferentes, e, no aspecto artístico, com outras técnicas.”

Outro exemplo é o jovem Paulo Vítor de Oliveira que, no auge de seus 18 anos, comemora o fato de ter descoberto na arte circense uma forma de disciplina e melhoria no comportamento. “Sempre fui cheio de energia, mas ficava o tempo todo na rua ou praticando ‘parkour’, só que sem nenhuma orientação”, conta o rapaz, referindo-se à modalidade que consiste em ultrapassar obstáculos, geralmente urbanos, usando o corpo.

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“No circo não existe exclusão” Luiz Gustavo Alves Moreira

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No rolê da capoeira do Circo da Alegria Toledo/PR
No rolê da capoeira do Circo da Alegria Toledo/PR

Ele foi descoberto por um professor na rua, que observou o talento do menino. Há apenas um ano e meio tendo aulas, já teve acesso a diferentes técnicas circenses, e dentre as que mais se identifica está a acrobacia, que treina muitas horas por dia. “É preciso muita dedicação para alcançar o nível de artistas de outros países que têm a tradição de investir nas técnicas desde a infância. Estou focado, pois quero integrar um circo ou grupo internacional e conhecer o mundo.”

Assim como o rapaz, outros também viram no circo uma forma de expressão de arte e de vida. Um deles é Luiz Gustavo Alves Moreira, que, no passado, foi aluno do projeto e, hoje, é arte-educador na escola pelo movimento do “circo social” (vertente formadora e inclusiva da linguagem).

“No Brasil, o circo ainda é considerado uma arte menos nobre que as outras e quem decide por seguir nesta área sente resistência já na família. Mas é uma arte que possui inúmeras possibilidades e abre diversas oportunidades de trabalho. No circo não existe exclusão”, diz o rapaz, que conheceu várias cidades do Brasil e do mundo por causa de festivais e encontros. Além de profissão, para ele, o circo é uma excelente forma de atividade física e cultural para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. “Eles passam a se dedicar e se sentem estimulados quando veem que outros estão conquistando resultados expressivos”, detalha o professor.

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O PALHAÇO

De todas as técnicas circenses, há quem considere que a do palhaço carregue a maior simbologia deste universo. Geralmente cômico, os personagens agregam diversas habilidades em um único número. O paranaense Marcos Gabriel Freitas não fugiu à regra e usou características da técnica italiana do bufão na construção de um de seus mais engraçados personagens, o Reverendo Fidalgo, que realiza uma pregação nada ortodoxa, ao passo que faz uma alusão a alguns pastores de igrejas evangélicas.

O ator Marcos Gabriel Freitas na pele do Reverendo Fidalgo: “Chamo a atenção para o grande número de charlatões que usam o nome de Deus para ganhar dinheiro”
O ator Marcos Gabriel Freitas na pele do Reverendo Fidalgo: “Chamo a atenção para o grande número de charlatões que usam o nome de Deus para ganhar dinheiro”
Imagem ilustrativa da imagem Cidade dos Festivais
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“Cabaret Varieté” Festival de Circo de Londrina 2018 - Fotos Gustavo Carneiro
“Cabaret Varieté” Festival de Circo de Londrina 2018 - Fotos Gustavo Carneiro
Imagem ilustrativa da imagem Cidade dos Festivais
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“A função da arte não é apenas divertir, mas também fazer com que o público volte para a casa refletindo sobre seus hábitos e ações”, comenta ele, que incluiu reflexões sobre política, machismo, homofobia e fanatismo religioso em seu espetáculo. Ele participou da última edição do festival.

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Apresentação do Festival de Circo 2018 - Calçadão de Londrina
Apresentação do Festival de Circo 2018 - Calçadão de Londrina

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“Estou focado, pois quero integrar um circo ou grupo internacional e conhecer o mundo.” Paulo Vítor

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O FESTIVAL

Ao longo de 14 edições, o Festival de Circo de Londrina trouxe à cidade importantes artistas nacionais e internacionais, com destaque para os da América Latina, os filiados ao circo social, e os participantes da Rede Cirque du Monde, que tem apoio institucional do Cirque du Soleil (Canadá).

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Dentre importantes grupos que já passaram pelo evento, destacam-se o “Afro Circo”, do grupo cultural Afroreggae (RJ); a “Escola Nacional de Circo” (RJ); o “Circo Laetho” (GO); a “Escola Pernambucana de Circo” (PE); “Trupe Palombar”, ligada ao Instituto Pombas Urbanas (SP), e o “Universo Casuo”, do célebre Marcos Casuo (SP). Dentre os latinos, estão o “Grupo Shambala” (Argentina) e integrantes do “El Picadero” (Uruguai).

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LONDRIX| Das letras

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Londrix - Festival Literário de Londrina reúne autores e leitores para fortalecer a arte

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Achados literários - Londrix 2018
Achados literários - Londrix 2018

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Desde sua primeira edição, em 2005, o Londrix (Festival Literário de Londrina) estimula o leitor a conhecer inúmeros tipos de escrita, promovendo atividades gratuitas como debates literários, levando poesia e prosa a vários espaços da cidade e, ainda, discutindo o ofício da escrita através de múltiplas linguagens como teatro, cinema e música. O Londrix é realizado pelo Grupo Atrito Arte Artistas e Produtores Associados (Aarpa) e conta com patrocínio do Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura).

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Londrix 2018
Londrix 2018

“Tudo nasceu da ideia de potencializar o que Londrina estava produzindo e, assim, viabilizar novas formas e mecanismos de expressão das possibilidades do texto literário”, conta Christine Vianna, uma das idealizadoras e coordenadora do festival.

Desde o início, além da contemplação literária e contato direto com renomados escritores, o público também tem a oportunidade de participar do festival por meio de oficinas formativas, saraus e bate-papos nos dias de evento. “Existe uma abertura muito grande para que o público faça parte dessa movimentação. A realização do festival possibilitou a aproximação do público - adulto e infantil - com a leitura e escrita, pois quebramos essa barreira de que a literatura não pode ser acessível ao cidadão comum. Pelo contrário, não só pode como deve.”

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“Quebramos essa barreira de que a literatura não pode ser acessível ao cidadão comum” Christine Vianna

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A programação do Londrix não é, portanto, restrita apenas ao eventos com convidados; o festival estende sua atuação com mais de cinco projetos ao longo do ano.

Entre eles, o “Sarauzinho”, dedicado ao público infantil; o “Assalto Literário”, que leva a literatura performática para as ruas e pontos populares de Londrina; o “Leia Londrina”, que oferece publicações de autores locais em diferentes pontos da cidade a preços simbólicos; o “Sarau Prosa, Poesia e outras delícias”, que busca visibilidade das produções locais através da interação de diferentes linguagens artísticas; e o projeto “Um Dedo de Prosa nas Escolas”, que leva autores para as escolas da região para promover a imanência entre autores e alunos, despertando o interesse na leitura e na formação literária.

Imagem ilustrativa da imagem Cidade dos Festivais
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Achados literários - Londrix 2018
Achados literários - Londrix 2018
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Assalto Literário no Vista Bela - Londrix 2018
Assalto Literário no Vista Bela - Londrix 2018
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Achados literários - Londrix 2018
Achados literários - Londrix 2018
Achados literários - Londrix 2018
Achados literários - Londrix 2018
Achados literários - Londrix 2018
Achados literários - Londrix 2018
Achados literários - Londrix 2018
Achados literários - Londrix 2018
Achados literários - Londrix 2018
Achados literários - Londrix 2018
Achados literários - Londrix 2018
Achados literários - Londrix 2018
Achados literários - Londrix 2018
Achados literários - Londrix 2018
Achados literários - Londrix 2018
Achados literários - Londrix 2018

FRUTOS

De jovem ávida por leitura, Samantha Abreu tornou-se uma das fomentadoras de literatura mais atuantes na cidade. Começou como ouvinte do Londrix, participou de oficinas e, tão logo, integrou a equipe organizadora. Depois de concluir a o curso de Letras na UEL (Universidade Estadual de Londrina), engatou no ramo da pesquisa e da produção literária, tendo publicado os livros: “Fantasias para Quando Vier a Chuva” (2011), “Mulheres Sob Descontrole” (2015), “A Pequena Mão da Criança Morta” (2018).

Feira Literária no Museu Histórico de Londrina - Londrix 2018
Feira Literária no Museu Histórico de Londrina - Londrix 2018

Feira Literária no Museu Histórico de Londrina - Londrix 2018

Atualmente, frente à coordenação da Biblioteca do Sesc de Londrina, desenvolve vários projetos de incentivo à leitura e é uma das idealizadoras do “Coletivo Versa”, grupo que pesquisa e incentiva a literatura de autoria feminina na cidade. “Posso dizer que sou cria do Londrix e os eventos paralelos que realizo primam por manter o espírito de formação na literatura ao longo do ano”, conta.

No tempo em que integrou a equipe da organização, teve a oportunidade de conhecer autores contemporâneos de todo país e da cidade. “Esse contato me fez vislumbrar outras formas da literatura acontecer além dos tradicionais saraus, bate-papos e palestras. A formação de leitores pode ser ampla e agregar outras ações de arte, acompanhando esse dinamismo da sociedade que também chegou à literatura”, diz ela, dando como exemplo as rodas de conversa sobre roteiro de séries, muito popular entre os jovens. “Também há os debates sobre temas específicos, que são muito procurados. Entre eles, literatura de autoria feminina”, completa. A biblioteca em questão ainda abre o espaço para performances, exposições e lançamentos de livros de autores locais.

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Londrix 15 anos - Sarauzinho
Londrix 15 anos - Sarauzinho

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POTENCIAL TURÍSTICO

Frederico Fernandes, professor da UEL e curador do Londrix, diz que os festivais têm o potencial de levar as linguagens artísticas para a rua. “Festival é um período de trocas de cultura e experiência entre os grupos e tribos sociais e o público. É, também, um evento que possui potencial para espaços de reflexão. Ali, nascem ideias que serão perpetuadas em outras ações na cidade, pois, no festival é onde acontecem os experimentalismos linguísticos e a experimentação da arte”, diz ele, acrescentando que esse cenário favorece o potencial turístico, incentivado pela economia empreendedora solidária.

“Há festivais em outras cidades em que o evento é estratégico para economia e reflete a boa produção artística.” No Brasil, um exemplo é a Flip (Feira Literária Internacional de Paraty), que reúne os principais nomes da literatura internacional e milhares de turistas na cidade.

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Assalto Literário no Vista Bela - Londrix 2018
Assalto Literário no Vista Bela - Londrix 2018

“Festival é um período de trocas de cultura e experiência entre os grupos e tribos sociais e o público.” Frederico Fernandes

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TRAJETÓRIA

Em 14 anos, o Londrix tem sido uma vitrine para a exposição do trabalho dos escritores locais que, durante o festival, conquistam visibilidade junto ao público com o lançamento de seus trabalhos no evento, além do enriquecedor intercâmbio com os convidados de âmbito nacional e internacional.

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Dentre os nomes conterrâneos estão Maurício Arruda Mendonça, Rodrigo Garcia Lopes, Nelson Capucho, Nilson Monteiro e Ademir Assunção. Além disso, nessa função de conectar a cadeia de produção e circulação da literatura, trouxe nomes importantes como Julian Fuks, Sérgio Vaz, João Anzanello Carrascoza, Cristóvão Tezza, Marcelo Rubens Paiva, Fabrício Carpinejar, João Gilberto Noll, Enzo Minarelli, Roberta Estrela D’alva, Paulo Lins e Ana Miranda.

Nelson Capucho, Nilson Monteiro e Ademir Assunção - Londrix 2018
Nelson Capucho, Nilson Monteiro e Ademir Assunção - Londrix 2018
Christine Vianna e convidados no Londrix 2018
Christine Vianna e convidados no Londrix 2018

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ECOS DO ECOH

O dom de contar histórias atravessa os milênios, culturas e fronteiras, sendo que, em cada canto do mundo, a tradição tem um significado e se manifesta de maneira diferente.

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Porém, em comum, possui o fato de priorizar a arte narrativa e a transmissão de conhecimento de forma oral, valorizando da cultura dos povos. Uma das vertentes da literatura tem sido resgatar essa arte e, em Londrina, desde 2010, é realizado o ECOH (Encontro de Contadores de Histórias de Londrina). Em 2018, aconteceu a oitava edição, com 30 espetáculos, todos gratuitos, em diversos locais como bibliotecas, centros culturais e escolas. Além das apresentações, o encontro tem caráter formativo, promovendo oficinas para iniciantes e profissionais, artistas, fãs e educadores, com o interesse de conhecer ou se aperfeiçoar na arte de contar histórias. O evento tem o patrocínio do Promic e é realizado pelo Instituto Cidadania.

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ECOH 2018
ECOH 2018
ECOH 2018
ECOH 2018

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CINEMA| Ideias na cabeça, uma câmera na mão

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Formação de profissionais permite que produções cinematográficas locais sejam realizadas com mão de obra londrinense

Os dois últimos anos foram significativos para o setor audiovisual em Londrina. O fortalecimento do NAV (Núcleo Audiovisual de Londrina) e a articulação do APL (Arranjo Produtivo Local) de Audiovisual permitiram que produtores independentes da cidade conseguissem tirar ideias do papel para a realização de projetos cinematográficos como curtas e longas-metragens e documentários. A mais recente conquista foi a criação do NPD (Núcleo de Produção Digital), que já começou com algumas atividades pontuais na cidade para ampliar o acesso do cidadão a equipamentos de produção e edição audiovisual. As ações também culminaram em conquistas como maior participação de profissionais de Londrina em editais nacionais e estaduais, a exemplo de seis curtas-metragens aprovados pelo edital de Produção e Distribuição de Obras Audiovisuais, realizado em 2017 pela Seec (Secretaria de Estado da Cultura), em parceria com a Ancine (Agência Nacional de Cinema).

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Esses são alguns dos exemplos das atividades resultantes do amadurecimento de profissionais do ramo que encabeçam o movimento local. Muitos deles começaram como alunos de uma oficina de Super 8 (suporte analógico de um formato cinematográfico que utiliza películas de filme) realizada na cidade em 1998 por Caio Cesaro, atual secretário de Cultura.

“Dessa turma surgiram interessados em dar continuidade no projeto. Foi, então, que criamos a Mostra Londrina de Cinema, porque, além de querermos produzir, queríamos exibir o que estava sendo produzido no Brasil e outros países”, lembra o produtor da Kinopus Audiovisual, Guilherme Peraro, que integrou a coordenação pelos dois anos iniciais do evento, que, além da programação com filmes, sempre ofereceu oficinas de formação. Anos mais tarde, a mostra viria a tornar-se o atual Festival Kinoarte de Cinema, coordenado pela Kinoarte (Instituto de Cinema de Londrina) e produzido pela Filmes do Leste. Em 2018, foi realizada a 20ª edição.

Dali surgia o árduo trabalho de formação de público, mas, sobretudo, mão de obra profissional. “Ainda há muito o que crescermos nessa área, mas olhar para trás e ver como esse ‘embrião’ evoluiu em tão pouco tempo só mostra como o setor é promissor, tanto para a cultura quanto para a economia da cidade”, relata o produtor, que assina projetos como o primeiro longa-metragem rodado na cidade, “Leste Oeste”, a primeira série de TV, “Super Família”, e, atualmente, o longa infantil “Passagem Secreta”, todos com direção de Rodrigo Grota.

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Para ele, a cidade deu um passo importante na trajetória audiovisual e começa a estar cercada de profissionais de todas as frentes de um filme, como roteiro, direção, produção, edição e fotografia. “Apontamos, agora, para caminho da viabilização comercial, ou seja, como colocar esses projetos no cinema e na televisão e, também, exportar para o mercado internacional.”

TRILOGIA DO ESQUECIMENTO: Satori Uso (2007)

TRILOGIA DO ESQUECIMENTO: Satori Uso (2007), Booker Pittman (2008) e Haruo Ohara (2010)- Sequência de curtas londrinenses foi criada pela produtora Kinoarte em parceria com a produtora Kinopus, sobre histórias de personagens que passaram por Londrina na década de 1950 e já ganhou mais de 40 prêmios em festivais internacionais e nacionais.

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VOCAÇÃO

Carlos Fortes, mais conhecido como Carlos Fofaun, lembra que, ainda adolescente já era aficionado por filmes. “Era um filhote da Delta”, conta ele, sobre a extinta videolocadora muito frequentada nas décadas de 1980 e 1990. Quando viu pela primeira vez como um Super 8 era feito, ficou ainda mais fascinado.

“Não pude participar da oficina porque era menor de idade, mas sempre estava rodeando o pessoal do cinema e acompanhando a exibição de filmes. Assim que pude ingressar, participei de várias oficinas que eram oferecidas no festival.” Neste período, teve contato com roteiristas, atores, diretores que o fizeram querer entrar neste universo. “Eram pessoas que já tinha visto na TV ou lido a respeito e eram totalmente acessíveis. Ali percebi que eu também poderia fazer cinema”, detalha. Não demorou e fez estágio nas gravações do curta Booker Pittman, da trilogia do esquecimento de Rodrigo Grota, além de escrever e dirigir seu primeiro curta, o “Violeiro de Lerrovile”.

Amante do estilo ‘terror’, deu início a uma série de projetos pessoais, entre eles o Cine Guerrilha, uma produtora local voltada para o gênero. “Começamos a movimentar essa área que não tem muito espaço no país e produzimos vários filmes no estilo.” Tão logo, o ex-aluno tornou-se parceiro do festival, auxiliando a realização de Oficina de Realização em Cinema de Gênero, tais como para filmes de kung fu e zumbi.

“Aproveitamos a oficina do cineasta Rodrigo Aragão sobre maquiagem para cinema de horror e colocamos em prática realizando a primeira produção de horror gore zumbi da cidade”, detalha ele, sobre a gravação feita no Bosque Central, o “Bosque Vermelho”. Já na oficina de kung fu, a produtora trouxe profissionais que ensinaram sobre a profissão de dublê de ação, técnicas e coreografias de lutas aplicadas para o cinema e TV, que resultou no curta “Copo de Leite”. Em 2016, O produtor assinou a direção do curta “Invasores”.

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ORGANIZAÇÃO

Bruno Gehring, que começou como aluno da mesma oficina que Peraro, assumiu a organização do evento junto com outros integrantes da Kinoarte. O festival que, até então, era exclusivamente voltado às produções de Super 8, passou a integrar as produções digitais em sua produção.

“Acompanhamos essa mudança de suporte, da digitalização do cinema e democratização de acesso aos equipamentos. Com isso, o festival começou a crescer. Além das Competitivas Londrinenses, ampliamos para as Competitivas de Curtas Paranaenses, Competitiva de Curtas Nacionais e incluíamos, nos últimos anos, a Competitiva Íbero-Americana”, pontua o produtor. Com o advento das tecnologias, ficou mais fácil, também, exibir um número maior de filmes que não chegam à cidade pelas salas de cinemas comerciais. “São inúmeras produções brasileiras e estrangeiras que não entram em cartaz.”

Para ele, com a ampliação do festival, o intercâmbio e formação dos profissionais locais tornou-se fundamental. “O audiovisual cresce a passos largos no mundo e uma das frentes da Kinoarte sempre foi formar os profissionais da cidade com cursos e oficinas durante o festival e ao longo do ano.

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Hoje, temos produções 100% feitas com equipe londrinense; isso era impossível de acontecer 15 anos atrás”, diz ele, sobre cursos de roteiro, fotografia, direção, direção de arte e oficinas de realização - que passam por todos os processos desde a concepção do roteiro até lançamento do filme.

O festival também realiza o projeto “Kinocidadão”, que leva crianças de escolas públicas ao cinema visando a formação de público. Com cenário de boas perspectivas, o foco do evento tem sido formação voltada ao planejamento e gerenciamento de uma produção. “Se queremos atuar nesse mercado, precisamos nos preocupar, agora, com o aspecto mercadológico e administrativo dos projetos”, finaliza.

Imagem ilustrativa da imagem Cidade dos Festivais
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ARTES| Visuais, plásticas e gráficas

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Cidade é polo de artistas que realizam obras em várias linguagens

Gravura de Christian Belmar (2018)
Gravura de Christian Belmar (2018)
Astronave de Papel – Serigrafia (2018)
Astronave de Papel – Serigrafia (2018)
Ilustração de Moleton Fantasma -  Feira Dobra de Arte Impressa (2018)
Ilustração de Moleton Fantasma - Feira Dobra de Arte Impressa (2018)

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Convocatória de lambe-lambes para mostra coletiva na Semana de Arte de Londrina (2018)
Convocatória de lambe-lambes para mostra coletiva na Semana de Arte de Londrina (2018)

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Não existe, atualmente, um evento em formato de festival na área das artes plásticas, visuais ou gráficas em Londrina. Porém, não há dúvidas de que a cidade é um celeiro de artistas nessa vertente que, se aqui não nasceram, viveram ou passaram deixando marcas no estilo da produção e nas obras patrimoniais.

Oficina do Grafatório + Xilomóvel (2017)
Oficina do Grafatório + Xilomóvel (2017)

Paulo Menten é um exemplo incontestável: considerado um “mestre das gravuras” no Brasil, escolheu a cidade para morar por mais de 30 anos, até adoecer e vir a falecer em seguida em São Paulo, sua terra natal, em 2011. Nessas três décadas, ensinou e produziu incansavelmente.

Ferramentas e objetos pessoais de Menten também integram a exposição ““Paulo Menten: 90 anos de gravura” de 2017
Ferramentas e objetos pessoais de Menten também integram a exposição ““Paulo Menten: 90 anos de gravura” de 2017
Menten em seu Ateliê (Arquivo Folha)
Menten em seu Ateliê (Arquivo Folha)

Até hoje, sua arte é vista como complexa devido a quantidade de técnicas desenvolvidas (xilogravura, linoleogravura, litografia, serigrafia, pintura) e utilizadas nas mais diversas cores e materiais (madeira, pedra, chapa de alumínio). Em seu último espaço, mantido pelo neto Raphael Menten como “Atelier de Gravura Paulo Menten”, há, pelo menos, 4 mil obras inéditas do artista, além de prensas e matrizes e uma extensa biblioteca.

A vinda do neto para a cidade, cinco anos atrás, foi exclusivamente para organizar e cuidar de todo o acervo do avô, sem ideia da dimensão da quantidade e importância histórica dos materiais. “Dali em diante, comecei a procurar várias pessoas da cidade para me auxiliar nesse processo”, diz Menten.

Autorretrato está entre obras inéditas encontradas no ateliê de Menten
Autorretrato está entre obras inéditas encontradas no ateliê de Menten

Parte desse acervo foi catalogado, outra armazenada, e maquinários e suportes foram colocados em contato com artistas e professores locais. “Muitos nunca tinham tido contato com materiais, prensas e matrizes desse tipo. Foi assim que conheci a Carolina Sobreira, que havia realizado pesquisa consistente na gravura”, conta, referindo-se à artista gráfica e educadora que mantém o Atelier Valparaíso. Da parceria dos dois, nasceu a exposição “Paulo Menten: 90 anos de gravura”, em 2017, e, no ano passado, projetos independentes das artes visuais: “Exposição Mostra Latinoamericana de Gravura” (com participação de 90 artistas) e a “Feira MoLaGrav - Venda e Troca de Arte”.

Segundo Sobreira, tanto a ideia da exposição e, posteriormente, da feira, mostraram-se necessárias para difundir a cultura gráfica e as várias técnicas de gravura na cidade. “O Paulo deu visibilidade à arte na década de 1980, mas que, hoje, anda esquecida. Sentimos a necessidade em reapresentar a gravura às pessoas e criar público, porque a cidade tem potencial de produção.”

Séries “Noturno de Candelária” e “Temáticas Nordestinas” - Paulo Menten
Séries “Noturno de Candelária” e “Temáticas Nordestinas” - Paulo Menten

Por isso, o objetivo da união dos atelieres é colocar Londrina novamente no circuito de gravura, mas, sobretudo, promover palestras, oficinas e exibições de vídeos relacionados às artes visuais e plásticas no evento e durante o ano. “Na mostra desse ano queremos ampliar as ações educativas nas escolas e formação para os professores da rede pública por meio de um material educativo elaborado com base na identidade e diversidade das obras da América Latina. Vamos, ainda, criar uma espécie de jogo para que os educadores trabalhem a gravura com os alunos, inserindo essa arte com materiais acessíveis e alternativos.”

Caroline Sobreira na Feira Dobra 2018
Caroline Sobreira na Feira Dobra 2018

ARTES GRÁFICAS

Desde 2012, a Vila Cultural Grafatório tem realizado diversas atividades no universo das artes gráficas em Londrina. Além de abrigar salas de produção gráfica, laboratório de serigrafia e fotografia experimental, o espaço também funciona como um coletivo reunindo pesquisadores, designers, artistas visuais e outros profissionais ou amadores.

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Sala de entrada do Grafatório (2015)
Sala de entrada do Grafatório (2015)

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De tempos em tempos, ainda realizam pequenas exposições. Poucas pessoas sabem, mas o ateliê é aberto gratuitamente a toda comunidade para uso das máquinas e prensas de gravura, como, também, das impressoras tipográficas.

Grafatório (2017)
Grafatório (2017)
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Abertura da Exposição Rumos (2017)
Abertura da Exposição Rumos (2017)
Oficina de encadernação belga com Dani Barbara (2017)
Oficina de encadernação belga com Dani Barbara (2017)
Oficina ‘Textando’ com Fábio Morais (2017)
Oficina ‘Textando’ com Fábio Morais (2017)
Procura-se um lambe-lambe (2016)
Procura-se um lambe-lambe (2016)

Já no âmbito de oficinas, logo depois da fundação, o coletivo também embarcou na realização de eventos, como o “Ciclografias”, que era voltado a ações formativas nas artes gráficas. “Nossa ideia foi trazer nomes que pudessem compartilhar tanto a experiência didática para o compartilhamento das técnicas, quanto o trabalho realizado”, explica Felipe Melhado, um dos integrantes do coletivo.

Cartaz Feira Dobra 2018
Cartaz Feira Dobra 2018

A partir de 2016, acompanhando um movimento crescente de feiras de arte independentes, lançaram a Feira DOBRA de Arte Impressa, que este ano caminha para sua 4ª edição anual. “É um evento em que reunimos artistas-expositores de vários cantos do país. Nesses dias, o ‘objeto’ que o público adquire não é corriqueiro, pois há o encontro diretamente com o artista.

Feira Dobra 2018
Feira Dobra 2018
Feira Dobra 2018
Feira Dobra 2018
Feira Dobra 2018
Feira Dobra 2018
Feira Dobra 2018
Feira Dobra 2018
Feira Dobra 2018
Feira Dobra 2018

Ações pontuais como essa trazem resultado rápido.” No evento, é possível encontrar toda a diversidade da arte impressa: quadrinhos, ilustrações, zines, livros artesanais, cadernos, entre outros. Recentemente, o coletivo iniciou atividade no ramo editorial, com a criação de um selo. Desde então, já lançaram três livros artesanais impressos em tipografia: “A Hora da Lâmina” (2017), com os últimos textos de Paulo Leminski publicados na Folha de Londrina, “Visiopoemas” (2018), com poemas concretos de Paulo Menten, e “Novos Contos” (2018), um fac-similar com contos de Rogério Sganzerla escritos na infância.

Capa da Edição ‘Visiopoemas’ com obras concretistas de Paulo Menten
Capa da Edição ‘Visiopoemas’ com obras concretistas de Paulo Menten

ARTES PLÁSTICAS

Danilo Villa, chefe da DaP (Divisão de Artes Plásticas) da UEL (Universidade Estadual de Londrina), explica que o local funciona como um órgão suplementar da instituição, mas realiza exposições de arte contemporânea de forma ininterrupta por meio do “Arte Londrina”, edital que abre anualmente para artistas de todo país.

“Há espaço para todos os suportes que conversem com as artes visuais, tais como pintura, desenho, fotografia, colagem, vídeo instalação, performance. Não há qualquer restrição, desde que haja essa relação.” Para que a arte chegue a mais pessoas, ele diz que é preciso continuar o trabalho de despertar o interesse, fortalecendo as ações de formação que são realizadas tanto no espaço quanto em outros locais na cidade. “Para entender que obra de arte produz um discurso e que esse discurso vai ser entendido fora daqui, temos que abrir as portas. E esse tem sido nosso objetivo, além de ser um espaço em permanente adequação às multiplicidades de linguagens.”

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Fachada da Divisão de Artes Plásticas da UEL em dia de exposição (2013)
Fachada da Divisão de Artes Plásticas da UEL em dia de exposição (2013) | Foto: Divulgação

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Mostra de Gravura na galeria de Artes Visuais - Departamento de Artes UEL
Mostra de Gravura na galeria de Artes Visuais - Departamento de Artes UEL | Foto: Divulgação
Mostra de Gravura na galeria de Artes Visuais - Departamento de Artes UEL
Mostra de Gravura na galeria de Artes Visuais - Departamento de Artes UEL | Foto: Divulgação
Mostra de Gravura na galeria de Artes Visuais - Departamento de Artes UEL
Mostra de Gravura na galeria de Artes Visuais - Departamento de Artes UEL | Foto: Divulgação

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MOVIMENTO| Uma cidade que dança

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Em Londrina, a dança tem um lugar de destaque e um festival que reúne todas as vertentes

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Carmem - Balé Teatro Guaíra - Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana
Carmem - Balé Teatro Guaíra - Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana
Carmem - Balé Teatro Guaíra - Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana
Carmem - Balé Teatro Guaíra - Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana
Carmem - Balé Teatro Guaíra - Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana
Carmem - Balé Teatro Guaíra - Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana

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Depois de mais de vinte anos sem dançar e mesmo diante de um quadro depressivo e de ansiedade, a professora Alexandra Machado encontrou forças para participar de uma oficina do Festival de Dança de Londrina, em 2017, inspirada no estilo Bollywood Dance.

Ela e outros alunos tiveram contato com esse ritmo moderno indiano, numa junção de Bombaim e Hollywood, que resultou numa apresentação com muita tinta colorida em pó das tradicionais festas Holi (que comemoram a chegada das flores na Índia).

“Era o que eu precisava para me sentir motivada novamente. Foi um momento de liberdade e me lembrar de quem eu era”, comenta ela, que dançou desde a infância até os 18 anos. No ano passado, foi além: integrou a oficina de “Danças Brasileiras”, ministrada por Maria Eugenia Almeida e, para sua surpresa, foi convidada a participar do espetáculo “Planta do Pé”, da coreógrafa. “Pisar no palco do teatro foi muito importante nesse processo.”

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Dama das Camélias - Ballet de Londrina no Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana
Dama das Camélias - Ballet de Londrina no Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana
Backstage Dama das Camélias - Ballet de Londrina (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana
Backstage Dama das Camélias - Ballet de Londrina (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana
Backstage Dama das Camélias - Ballet de Londrina (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana
Backstage Dama das Camélias - Ballet de Londrina (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana

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Isso só foi possível, porque, desde 2008, quando Danieli Pereira assumiu a direção do festival, decidiu que o evento iria agregar toda a comunidade, fosse profissional ou amadora. “Nas primeiras edições do festival, as escolas de dança se apresentavam umas para as outras. Depois, passou a ter um viés competitivo, com premiação. Com a visão de que caberia um formato mais amplo e democrático, ao mesmo tempo em que o festival abriu-se às pessoas que queriam contemplar e conhecer, também oportunizou outras linguagens da dança além do balé clássico”, explica ela, sobre novas linhas curatoriais como a dança contemporânea - sobretudo as danças urbanas - e as artes cênicas, destacando a participação numa das edições do evento de Eugenio Barba, diretor do Odin Teatret, difusor do conceito “antropologia teatral”. Realizado pela APD (Associação dos Profissionais da Dança de Londrina e Região Norte do Paraná), o Festival de Dança caminha para a 17ª edição.

Diante dessa mudança e ampliação do evento, a grade pedagógica tornou-se fundamental e a programação artística aberta ao público. “A maior procura pelas oficinas ainda é de pessoas do ramo da dança que buscam novas técnicas ou reciclagem, porém, isso não é mais determinante. Todos que, de alguma forma, sentem-se tocados pela dança têm espaço. Se hoje há muitos profissionais bons na área de dança na cidade é porque existe uma política cultural que funciona na base dessa formação”, explica a diretora.

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Dama das Camélias - Ballet de Londrina no Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana
Dama das Camélias - Ballet de Londrina no Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana
Dama das Camélias - Ballet de Londrina no Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana
Dama das Camélias - Ballet de Londrina no Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana
Dama das Camélias - Ballet de Londrina no Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana
Dama das Camélias - Ballet de Londrina no Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana

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Em 2018, o evento teve apenas patrocínio do Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura) de cerca de R$ 100 mil e, mesmo assim, conseguiu trazer grupos de peso como Balé Guaíra, de Curitiba, e Cia Alias, da Suíça. Em sua trajetória, também já trouxe o Balé Teatro Castro Alves (BA), Cia Urbana de Dança (RJ), além de nomes como Vanessa Macedo, da Cia Fragmento de Dança.

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Quando se calam os anjos - Curitiba Cia de Dança - Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana
Quando se calam os anjos - Curitiba Cia de Dança - Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana
Quando se calam os anjos - Curitiba Cia de Dança - Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana
Quando se calam os anjos - Curitiba Cia de Dança - Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana
Quando se calam os anjos - Curitiba Cia de Dança - Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana
Quando se calam os anjos - Curitiba Cia de Dança - Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana

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Quando se calam os anjos - Curitiba Cia de Dança - Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana
Quando se calam os anjos - Curitiba Cia de Dança - Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana

EXPRESSÃO

Se a dança transforma vidas, Paulo Ricardo Freschi que o diga. Vindo de um pequeno distrito rural da região de Londrina, nunca havia tido contato com a dança até ingressar no curso de Educação Física da UEL (Universidade Estadual de Londrina) e participar de um grupo de extensão de dança de salão.

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Carmem - Balé Teatro Guaíra - Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana
Carmem - Balé Teatro Guaíra - Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana

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Carmem - Balé Teatro Guaíra - Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana
Carmem - Balé Teatro Guaíra - Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana

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Carmem - Balé Teatro Guaíra - Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana
Carmem - Balé Teatro Guaíra - Festival de Dança (2018) - Foto Isaac Sitta Fontana

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“Era muito tímido e tinha vergonha do meu corpo. Conhecer a dança foi um aprendizado que mudou o percurso da minha vida completamente”, diz ele, que hoje ministra aulas de dança. Neste tempo, não demorou e começou, também, uma aproximação com as atividades e apresentações do festival. “A primeira vez que entrei no Teatro Ouro Verde, em 2006, foi para me apresentar. Desde então, o período do festival tem sido um importante momento de estudo para me aprimorar e conhecer outros trabalhos realizados por grupos daqui e de fora. A dança, hoje, é meu respirar e viver.”

Na última Mostra de Dança, categoria aberta a apresentação de grupos de qualquer natureza, jovens e adultos com deficiência física e intelectual puderam mostrar o trabalho que realizam, comandado pela professora Débora Crusiol, que aceitou o desafio de incluir a dança nas atividades cênicas que o grupo já realizava.

“Ensinar a dança para eles é uma troca muito prazerosa, porque a arte realmente os transformou”, diz ela. Foi a partir do contato com a dança que a aluna Juliane Martins de Melo desenvolveu mais a concentração e melhorou o comportamento. “Tanto o teatro quanto a dança me tornaram mais disciplinada e menos teimosa. A minha postura também mudou”, detalha. Gregório Castro Vicentini, que já havia feito aulas de dança de salão, encontrou no grupo uma forma de expressar os sentimentos. “Minha vontade é de nunca mais sair do palco”, garante.

Imagem ilustrativa da imagem Cidade dos Festivais

A dança sempre se destacou na cidade que conta com o Ballet de Londrina, conhecido nacionalmente, além de cursos de formação que dão a profissionais e amadores um ‘lugar dançante’.

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O Cisne Negro - Escola Municipal de Londrina - Festival de Dança (2018) - Foto: Gustavo Carneiro
O Cisne Negro - Escola Municipal de Londrina - Festival de Dança (2018) - Foto: Gustavo Carneiro
O Cisne Negro - Escola Municipal de Londrina - Festival de Dança (2018) - Foto: Gustavo Carneiro
O Cisne Negro - Escola Municipal de Londrina - Festival de Dança (2018) - Foto: Gustavo Carneiro

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O Festival de Dança reúne e corrobora tudo isso, confirmando Londrina como cidade de todas as artes.

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DANÇA
DANÇA
FIML
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DEMOSUL
DEMOSUL
FILO
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ECOH
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CIRCO
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LITERATURA
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ARTES GRÁFICAS
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ARTES PLÁSTICAS
ARTES PLÁSTICAS
Procura-se um lambe-lambe (2016)
Procura-se um lambe-lambe (2016)
CINEMA
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ESPECIAL TRANSMÍDIA: LONDRINA - A CIDADE DOS FESTIVAIS
ESPECIAL TRANSMÍDIA: LONDRINA - A CIDADE DOS FESTIVAIS
Imagem ilustrativa da imagem Cidade dos Festivais

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EXPEDIENTE

LONDRINA: CIDADE DOS FESTIVAIS

DATA DE PUBLICAÇÃO:
09 de Março de 2019

TEXTOS:
Marian Trigueiros

IMAGENS:
Anderson Coelho, Isaac Sitta Fontana, Gustavo Carneiro, Patrícia Maria Alves

IMAGENS DE APOIO:
Arquivo Folha, Divulgação Filo, FIML, Londrix, Festival de Dança, Festival de Circo, Kinoarte, Grafatório e Atelier Gravura

EDIÇÃO E PRODUÇÃO MULTIMÍDIA:
Patrícia Maria Alves

EDIÇÃO DE TEXTOS:
Célia Musilli

ARTE:
Patrícia Sagae

APOIO LOGÍSTICO:
Jenes de Almeida, Zenil Costa, Vander de Silvio

DIAGRAMAÇÃO/IMPRESSO:
Gustavo Andrade

EDIÇÃO SITE:
Erick Rodrigues

DESIGN/WEB:
Patrícia Maria Alves

SUPERVISÃO DE PROJETO:
Adriana De Cunto (Chefe de Redação)

AGRADECIMENTOS:
A todos os artistas que nos receberam no meio de suas apresentações e nos deram espaço para a produção deste material

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