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Liberdade de imprensa e inovação nos EUA

Como empresas de notícias estão lidando com as mudanças da sociedade na era digital e com a crise de confiança impulsionada pelas fake news e pelo partidarismo

Mie Francine Chiba - Reportagem Local

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O jornalismo não é estático - evolui com as mudanças da sociedade e busca alternativas para superar os desafios que encontra no caminho. Na procura por dados públicos para reportagens, exige o direito à informação e a liberdade de imprensa, e oportuniza que a comunidade faça uso dos resultados de maneira democrática e colaborativa. Ao buscar novos meios de chegar ao seu público em um mercado transformado pelo digital, abre portas para o jornalismo inovador e empreendedor e cria ainda um jornalismo colaborativo, que estende a mão para outros profissionais e empresas que queiram aproveitar a mesma onda. Ao lutar contra a crise de confiança e as fake news, jornalistas e empresas de jornalismo têm a chance de reavaliar seu papel na sociedade e fazer um trabalho com mais qualidade e credibilidade.

E o jornalismo também não se restringe ao espaço de uma redação. Nem de uma cidade, Estado ou País - o jornalismo é global. A atividade passa pelos mesmos desafios aqui ou em qualquer parte do mundo, o que tem um lado positivo, pois as soluções podem ser encontradas em conjunto. O que é feito no jornalismo em um lado do mundo, contribui significativamente para a atividade do outro lado do planeta, graças a uma ampla rede de jornalistas que existe ao redor do mundo e é solidária.

Repórter de Economia e Tecnologia da Folha de Londrina, Mie Francine Chiba, foi selecionada para programa sobre Liberdade de imprensa e inovação nos EUA
Repórter de Economia e Tecnologia da Folha de Londrina, Mie Francine Chiba, foi selecionada para programa sobre Liberdade de imprensa e inovação nos EUA

Em busca de integrar o jornalismo brasileiro e o norte-americano, a Embaixada dos EUA no Brasil selecionou dez jornalistas brasileiros para conhecer redações, instituições e empresas preocupadas com o futuro do jornalismo nas cidades de Washington (DC), Austin (Texas) e São Francisco (Califórnia). Durante a viagem, também houve bate-papo com acadêmicos, especialistas e autoridades nas áreas de liberdade de imprensa e inovação.

Eu fui a selecionada dentre os indicados pelo Consulado Geral da Embaixada dos EUA em São Paulo. Junto comigo, seguiram para os EUA profissionais do Recife (PE), Salvador (BA), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Manaus (AM), Brasília (DF) e Fortaleza (CE). O US Study Tour for Brazilian Journalists: Press Freedom and Innovation in Journalism foi organizado pelo ICFJ (International Center for Journalists), baseado em Washington (DC).

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Ilustração: Rafael Costa
Ilustração: Rafael Costa

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O jornalismo norte-americano enfrenta um cenário semelhante ao nosso. O consumo de notícias pelos meios digitais desafiam empresas tradicionais, nascidas em um ambiente analógico. A polarização toma conta do debate político e ideológico, enturvando a visão das pessoas. As fake news são utilizadas com a intenção de distorcer os fatos, e no fim, a população tem dúvidas sobre o que é ou não jornalismo imparcial e de qualidade. Para mostrar um pouco do que o jornalismo norte-americano está fazendo para enfrentar as mudanças da sociedade na era digital e a crise de confiança, convido você, leitor, a ler esta série de reportagens. Boa leitura!

Acesso livre à informação

Entidades lutam para que dados sejam abertos à população e disponibilizados na internet

Um dos princípios de uma sociedade democrática e do jornalismo é a liberdade de imprensa. Embora o atual presidente critique a atividade do jornalista, tendo por diversas vezes atacado profissionais publicamente, a justiça norte-americana reconhece a importância do trabalho deste profissional, afirma Ashley Messenger, conselheira geral sênior associada da NPR (National Public Radio), uma rádio pública dos Estados Unidos. “Isso (críticas) não é exclusividade da administração de Trump. A justiça é consciente do papel da imprensa”, assegura.

Na capital dos EUA, há um museu inteiro dedicado ao jornalismo - o Newseum. A Primeira Emenda da Constituição dos EUA pode ser vista talhada no concreto da fachada: “O congresso não deverá fazer qualquer lei a respeito de um estabelecimento de religião, ou proibir o seu livre exercício; ou restringindo a liberdade de expressão, ou da imprensa; ou o direito das pessoas de se reunirem pacificamente, e de fazerem pedidos ao governo para que sejam feitas reparações de queixas”.

Primeira Emenda da Constituição dos EUA pode ser vista talhada no concreto da fachada do Newseum, em Washington (DC)
Primeira Emenda da Constituição dos EUA pode ser vista talhada no concreto da fachada do Newseum, em Washington (DC)

Ao entrar, é possível ver como o jornalismo impresso permanece vivo e é um importante instrumento de comunicação nos EUA: capas de jornais de todos os lugares do mundo são fixados em um mural, e trocadas diariamente. Em um totem, o visitante também tem acesso a um grande acervo com capas de jornais de todos os Países. A Folha de Londrina estava lá (veja no vídeo abaixo). A galeria é atualizada diariamente.

Uma das seções do museu é dedicada à liberdade de imprensa, mas não exibe um panorama muito animador: reúne fotos e pertence em memória a jornalistas mortos no exercício da profissão. Um carro de imprensa, com buracos de tiros em toda a sua extensão, pode ser visto em uma das pontas da galeria. Mas um pedaço da estrutura retorcida das Torres Gêmeas e um pedaço do Muro de Berlim – também exibidos no museu – lembram os visitantes da importância do papel do jornalismo e do jornalista em grandes momentos da história mundial.

Na terra governada por Trump, grupos de jornalistas e outros profissionais se mobilizam para garantir a liberdade de imprensa. A Fundação Liberdade de Informação do Texas (Freedom of Information Foundation of Texas - Foift) tem como lema “protegendo o direto público de saber”. A entidade ajuda não apenas jornalistas, mas cidadãos em geral a obter acesso a informações do governo ao disseminar o conhecimento da Primeira Emenda com a ajuda de advogados.

A entidade também está encorajando governo e empresas a disponibilizarem seus dados on-line sem custos para quem se interessa. “É preciso dizer que o open government (governo aberto) é bom para eles mesmos”, dizem os membros da Fundação, em conversa com os jornalistas brasileiros do US Study Tour for Brazilian Journalists: Press Freedom and Innovation in Journalism. Segundo os integrantes, o open government é especialmente importante em meio às críticas do governo aos jornalistas e o seu trabalho.

Jornalistas estrangeiros também têm apoio dentro do território norte-americano. Em Washington (DC), existe um órgão do governo que auxilia jornalistas estrangeiros a terem maior acesso à informação nos EUA – o Foreign Press Center (FPC) -, oferecendo-lhes intermediação para agendamento de entrevistas e obtenção de dados e até mesmo espaço físico para trabalhar.

Em Austin (TX), uma equipe de dados abertos foi formada por funcionários públicos que se voluntariam para incentivar e ajudar órgãos públicos da cidade a abrirem seus dados. A proposta é que estas informações possam ser acessadas pelos cidadãos, e também utilizadas para o desenvolvimento de soluções que beneficiem a cidade – aplicativos de mobilidade e de busca de serviços ou espaços públicos são exemplos.

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Segundo a equipe, a falta de tempo, de recursos, e o medo de mostrar dados negativos são os principais receios que os órgãos têm de disponibilizar suas informações à população. Mas, hoje, Austin está em primeiro lugar no ranking U.S. City Open Data Census, que mostra as cidades norte-americanas que mais abrem e disponibilizam conjuntos de dados referentes ao seu governo on-line.

Austin (TX) é a cidade norte-americana que mais abre e disponibiliza on-line dados de governo
Austin (TX) é a cidade norte-americana que mais abre e disponibiliza on-line dados de governo

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‘Vá salvar minha democracia’

Jornalismo sem fins lucrativos atende clamor da população por independência jornalística e resgata papel da imprensa na sociedade

A busca por liberdade de imprensa e por independência é o que motiva instituições e empresas a financiarem a atividade de veículos de comunicação independentes, sem fins lucrativos. O Mother Jones, de São Francisco (CA), escreve sobre política, meio ambiente e Direitos Humanos. A editora Maddie Oatman conta que o modelo permitiu à revista “ficar longe de anunciantes e de interesses empresariais”. A empresa recebe US$ 15 milhões ao ano de fundações. O CIR (Center for Investigative Reporting) produz conteúdo investigativo e é financiado por fundações nacionais que buscam histórias de impacto.

O CIR (Center for Investigative Reporting) é financiado por fundações que buscam histórias de impacto
O CIR (Center for Investigative Reporting) é financiado por fundações que buscam histórias de impacto

O The Texas Tribune é um dos exemplos mais notórios desse modelo nos Estados Unidos. O co-fundador e CEO, Evan Smith, é um jornalista veterano apaixonado pela profissão, e comanda um talk show no canal PBS. Ao conversar com os jornalistas brasileiros, ele conta sobre os primeiros anos do Tribune. Na época – vinte anos atrás -, havia uma baixa taxa de votação no estado do Texas, e pouca cobertura política pela imprensa local. Isso o motivou a fundar um jornal com foco em políticas públicas, política e governo junto com o sócio John Thornton, um venture capitalist. “Acredito que se você não vota, você perde o direito de reclamar”, ele opina.

O dever cívico chamou Smith e Thornton para uma área do jornalismo acometida pela polarização e pelo partidarismo. Nesse cenário, a missão da empresa de notícias precisa ser clara, ou pode sucumbir diante da audiência que clama por independência jornalística. “Grande parte do calculo é que existem muitas fontes partidárias de notícias atualmente, e eu gostaria de poder dizer que vivemos nos Estados Unidos. Vivemos em um País que mesmo que você seja louco, você pode ir a uma organização de notícias, porque o mundo precisa de locais de trabalho que sejam confiáveis, não-partidários, baseados em fatos, que contem para você o que aconteceu. Que não editorializem questões, não apoiem candidatos, campanhas, mas mandem repórteres para o mundo, e eles voltem e contem o que aconteceu. Não precisamos estar no negócio para dizer para você o que pensar. Nós precisamos, sim, estar no negócio de dizer a você para pensar.”

“Não olhamos para a esquerda, não olhamos para a direita, fazemos o que fazemos” - Evan Smith, co-fundador e CEO do The Texas Tribune

O cenário se complica ainda mais em um momento em que as redes sociais também são uma fonte de informações e podem ser utilizadas por políticos ou grupos de defesa para falarem diretamente com os eleitores. “Esses dias, pessoas do outro lado da mesa ficaram mais sofisticadas em nos deixar longe do que aconteceu. Eles dão a volta por nós, porque mídias sociais e outros canais existem para que eles possam ir direto às pessoas por quem eles precisam ser reeleitos”, comenta Smith. “Muitas fontes de informações, não o jornalismo, existem, e é confuso, porque você não pode dizer o que é real e o que é falso”, ele continua. “Estamos competindo hoje com um ecossistema totalmente diferente de fontes de informações. E isso está transformando o nosso trabalho. A boa notícia é, não olhamos para a esquerda, não olhamos para a direita, fazemos o que fazemos.”

Para a sorte do The Texas Tribune, há mais que pensam como os seus co-fundadores. Pessoas físicas – endinheiradas ou não -, fundações e corporações o apoiam fazendo doações. Em pouco mais de oito anos, a empresa levantou mais de US$ 51 milhões. A lista dos doadores e do valor cedido é aberta, e disponibilizada no site.

Smith fala sobre uma reunião que teve com um dos seus primeiros investidores, nos primeiros anos do Tribune. “Era um cara alto, magro, barbudo, quieto, do setor de biotecnologia, PhD, empresário. Acho que nunca ouvi ele falar três palavras, nunca ouvi sua voz”, descreve.

“Fomos (à reunião), tomamos uma taça de vinho, e ele não falou uma palavra. Estávamos falando do que faríamos, e ele não dizia nada. Nós estávamos jogando tênis e ele jogando handball. Então eu falei ‘bem, tenho que ir, tenho ingressos para o cinema’. Eu me levantei, estiquei minha mão, ele se levantou, esticou sua mão, e eu disse: ‘obrigado por ter nos escutado, foi a pior reunião que já tivemos, não vai a lugar nenhum’. E ele diz: ‘OK, obrigado, estou aqui com 100.’ Na minha cabeça penso, ‘ah, ele nos dará 100 dólares’, e ele completa: ‘mil’. E então eu recolho os meus olhos do chão e digo: ‘obrigado’. Ele faz uma pausa dramática e diz: ‘Vá salvar minha democracia.’ Se eu estivesse em um programa de TV, diria: ‘roda o comercial!’.”

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O difícil caminho da inovação

Empresas que estão há dezenas de anos no mercado, até mesmo mais de cem anos, se esforçam para entrar no movimento liderado pelas startups

O movimento disruptivo trazido pelas startups e empresas de tecnologia leva todos os setores da economia a repensarem sua forma de fazer negócios. No jornalismo não é diferente. O setor, formado por empresas com até mesmo mais de cem anos de existência, reúne esforços para se tornarem competitivos na era da informação digital.

No Estado conhecido por abrigar startups e empresas de tecnologia disruptivas, o jornal San Francisco Chronicle acumula 153 anos de atividade com edições diárias do seu jornal impresso. A tradição pode ser vista logo na entrada do jornal, localizado em um prédio da Mission Street, em São Francisco: o letreiro, em letras góticas, indica que estamos no andar certo. Objetos em exposição resgatam a memória do jornal: uma placa e um quadro, que contam a história de sua fundação; uma máquina de escrever e um busto de bronze, que homenageiam um de seus ex-colunistas, o vencedor do prêmio Pulitzer Herb Caen. A majestosa porta de madeira escura que dá acesso ao jornal é talhada e ornamentada por mosaicos de vidro nas partes laterais e superior.

San Franscisco Chronicle foi fundado em 1865
San Franscisco Chronicle foi fundado em 1865

A pessoa designada a nos receber conta brevemente, e em tom solene, a história do jornal. O Chronicle foi fundado em 1865 pelos irmãos Charles e M.H. de Young. A primeira publicação dos irmãos, chamada The Daily Dramatic Chronicle, foi feita em uma prensa manual comprada com um pedaço de ouro, avaliado em US$ 20, emprestado do senhorio. A edição era distribuída em hotéis, salões e teatros, e em poucos anos se tornou um dos jornais de maior circulação paga no Oeste do Mississipi. Em 1880, Charles de Young foi assassinado por um inimigo político, e o irmão mais novo, M.H. de Young, assumiu o negócio. Na placa pendurada em uma das paredes do jornal, pode-se ler o propósito do jornal, desde sua fundação: “Nós nos propomos a publicar um jornal ousado, brilhante, destemido e verdadeiramente independente… Independente em todas as coisas, neutro em nada.”

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Ao entrar na sala de reunião, somos recebidos pelo editor digital do jornal. Jovem e bastante dinâmico, Fernando Diaz destoa da imagem inicial do San Francisco Chronicle. De maneira ágil, ele explica que o Chronicle tem dois sites – um pago, um gratuito -, e que o hard news (matérias do dia a dia) fica no gratuito, e as matérias mais analíticas e investigativas, bem como as colunas, ficam no pago. Além disso, o jornal produz nove podcasts, faz quatro entradas no Facebook Live por semana, tem app e está também nos assistentes virtuais Google Home e Alexa (da Amazon). A empresa também investe em outros negócios, como produtos de publicidade, uma plataforma de anúncios nativa, uma agência de publicidade e branded content.

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Mais tarde, entra na sala uma mulher de fala firme, também jovem (em torno dos 40), bastante apressada. Chegamos cedo ao jornal, e logo mais seria realizada a reunião de pauta, momento em que os editores discutem os temas das matérias do dia e dos dias subsequentes. Audrey Cooper é a primeira editora-chefe mulher do San Francisco Chronicle. Conta que pede aos repórteres para produzir matérias com “mindset digital”, e que não tolera pessoas “estúpidas, preguiçosas ou dramáticas”. Ela comemora o crescimento do jornal em um momento em que o jornalismo impresso diminui. Alguns anos atrás, o jornal decidiu aumentar o preço da assinatura para incrementar o lucro e contratar mais repórteres.

Reunião de pauta no San Francisco Chronicle
Reunião de pauta no San Francisco Chronicle

Na reunião de pauta, sentados em volta de Cooper, predominam editores seniores, com mais de 50 anos de idade. Ao passarmos pela redação a caminho da sala de reunião, já havíamos sido informados de que há até mesmo repórteres de mais de 80 anos de idade trabalhando no local. Os editores parecem intimidados diante da autoridade da editora-chefe na reunião de pauta. Ela chama os editores um por um pelo nome e pede que digam o que acharam da edição do dia anterior. Depois pede que falem sobre as pautas do dia.

O Austin American-Statesman, do Texas, não teve a mesma sorte do San Francisco Chronicle. Quando o grupo de jornalistas brasileiros fez uma visita à sede, o jornal havia acabado de ser adquirido por um grande grupo de comunicação – o GateHouse Media – por US$ 47,5 milhões. O grupo nova iorquino é considerado o maior dono de jornais diários dos Estados Unidos. Por esse motivo, a recepção dos visitantes não foi das mais calorosas. Ao perguntarmos sobre o futuro do jornal, a editora Debbie Hiott e outros editores que a acompanhavam não souberam responder. Ao falarem sobre inovação, admitiram ter dificuldades nessa área. “Podemos mudar o que está na caixa, não a caixa”, disse um os editores.

Redação do Austin American-Stateman, adquirida pelo grupo GateHouse Media no início de março
Redação do Austin American-Stateman, adquirida pelo grupo GateHouse Media no início de março

Em matéria sobre a aquisição publicada no início de março, o GateHouse Media garantiu que manteria o jornalismo local do Austin American-Statesman, mas que, embora acredite no jornalismo impresso, buscaria outras alternativas de receita. O jornal tem mais de 140 anos de atividade na cidade do Texas com circulação diária de 85 mil exemplares e mais de 16 mil assinantes digitais.

Empreendedorismo

O empreendedorismo é a saída apontada por especialistas para a necessidade de inovação nos jornais. Uma pergunta muito frequente a especialistas e jornais durante a viagem era se é possível haver disrupção dentro de um veículo de comunicação tradicional, com a criação de um produto inovador dentro da empresa, por exemplo. Mais de uma pessoa opinou que isso é muito difícil, e que é mais fácil inovar dentro de uma nova empresa do que dentro de uma tradicional.

“O problema de organizações de notícias antigas é que elas não são ágeis. Elas se movem lentamente, as mudanças vêm lentamente. É como fazer curva com um barco a vapor - leva um bom tempo”, disse Evan Smith, CEO e co-fundador do The Texas Tribune.

“O problema de organizações de notícias antigas é que elas não são ágeis. Elas se movem lentamente, as mudanças vêm lentamente. É como fazer curva com um barco a vapor - leva um bom tempo” - Evan Smith, CEO e co-fundador do The Texas Tribune

Segundo ele, a agilidade do trabalho feito em organizações de notícias novas, como o The Texas Tribune, não pode ser replicada em uma “grande, velha, tradicional organização de notícia”. No entanto, ele reconhece que há exceções. “Dito isso, o jornal Dallas Morning News tem me chamado a atenção agora. Um jornal que, honestamente, eu já rasguei e joguei fora. Eles contrataram um novo editor, contrataram um monte de pessoas novas, demitiram um monte, mas contrataram um monte de pessoas. Mas mudaram a cultura do jornal em um curto espaço de tempo. Eles são a exceção à regra, e eu respeito isso enormemente. Mas é difícil.”

Transformar uma marca por inteiro também pode ser um erro, opinou Javier Zarracina, graphics editor do site Vox, em Washington (DC). Para ele, manter viva uma marca tradicional, já conhecida de todos, tem uma importância muito grande para a organização.

Jeremy Rue, professor de Novas Mídias da Universidade de Berkeley, citou o exemplo da Nation Magazine, que quis se tornar mais “jovem”, mas não foi bem-sucedida porque seu público era outro. Nesse caso, Rue afirma ser mais recomendado criar uma nova empresa para conversar com outros públicos. “É melhor que tentar mudar a marca com quem todos já estão familiarizados.”

Matter, aceleradora de startups de mídia baseada em São Francisco (CA)
Matter, aceleradora de startups de mídia baseada em São Francisco (CA)

Um dos vetores da mudança no jornalismo está no movimento empreendedor, com criação de startups dentro ou fora dos grandes veículos de comunicação. A Matter é uma aceleradora de São Francisco (CA) exclusiva para startups de mídia. As fake news, a questão da falta de privacidade na internet, a falta de inclusão, a crise de confiança e os modelos de negócios são os problemas mais focados pelas startups, diz o diretor de investimentos, Ben Werdmuller. Entidades e instituições como o ICFJ (International Center for Journalists), em parceria com a John S. and James L. Knight Foundation, e como a Universidade de Stanford, em parceria com a JSK Fellowship, estão fomentando a inovação nas redações oferecendo bolsas de estudos para jornalistas com ideias que contribuam para um jornalismo mais inovador.

Donna Leinwand, managing editor do USA Today, conta que a transformação digital do jornal não foi algo fácil. O jornal de 36 anos de existência, com sede em Washington (DC), hoje conta com uma equipe de desenvolvedores dedicados a criar soluções para os canais digitais da empresa. Um exemplo é um aplicativo para informações das Olimpíadas, desenvolvido internamente. A empresa também usa a análise de dados para descobrir tendências no interesse do leitor.

Mas nem sempre foi assim. Algo que ajudou muito no processo de transição foi a capacitação da equipe, afirma Leinwand. Em treinamentos na redação do jornal, os repórteres aprenderam SEO (Search Engine Optimization), por exemplo. Aí surgiu o termo “brown bag lunch” (almoço do saco marrom), que são momentos que a equipe reserva o tempo do almoço para aprender algo novo no trabalho e levam consigo a comida em sacos de papel marrons.

Colaboração entre jornalistas

É forte a cultura de colaboração no jornalismo - na busca por inovação, profissionais compartilham os bons resultados entre si, contribuindo para um jornalismo de mais qualidade em todo o mundo

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Jornalistas de todo o mundo criam ferramentas e constroem conhecimento para contribuir para um jornalismo mais inovador. A busca individual por inovação já é uma boa notícia, mas compartilhar o conhecimento potencializa os resultados. Por isso, é forte a colaboração entre os profissionais da área, uma luz no fim do túnel para aqueles que trilham um caminho árduo em busca de soluções para um jornalismo de mais qualidade.

A equipe de visualização da NPR (National Public Radio), em Washington (DC), é formada por fotógrafos, programadores e designers, e trabalha em maneiras de tornar as matérias mais imersivas e compreensíveis para o leitor. Para fazer uma análise do discurso de vitória do presidente Donald Trump, por exemplo, a equipe criou uma ferramenta colaborativa usando o Google Docs, em que repórteres de todos os setores da redação podiam fazer comentários sobre o discurso. Nas Olimpíadas, a NPR desenvolveu uma página com informações sobre os atletas americanos que estavam na disputa com a possibilidade de fazer buscas dos atletas do seu Estado. O código das ferramentas utilizadas pela rádio é disponibilizado na sua página no Github.

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Equipe de visualização da NPR (National Public Radio) disponibiliza o código de suas ferramentas no Github
Equipe de visualização da NPR (National Public Radio) disponibiliza o código de suas ferramentas no Github

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O curso de Novas Mídias da Universidade de Berkeley, na Califórnia, compartilha aulas, tutoriais e dicas de ferramentas que podem ser utilizadas nas redações em seu site. Bolsistas de programas de inovação para o jornalismo também cumprem com o seu papel disseminando seu conhecimento e seus resultados aos colegas jornalistas. Entidades e instituições como o ICFJ (International Center for Journalists), em parceria com a JSK (John S. and James L. Knight Foundation), e como a Universidade de Stanford, em parceria com a JSK Fellowship, estão fomentando a inovação nas redações oferecendo bolsas de estudos para jornalistas com ideias que contribuam para um jornalismo mais inovador.

O ICFJ (International Center for Journalists) disponibiliza em seu site todas as ferramentas desenvolvidas pelos bolsistas do centro. Exemplos são um manual para uso de vídeos 360 nas redações, ferramenta para indexar e fazer buscas em grandes quantidades de dados e um guia para criar sessões semanais de treinamento para introduzir a redação às mais recentes ferramentas digitais.

Os bolsistas do JSK Fellowship da Universidade de Stanford, na Califórnia, também desenvolvem projetos que contribuem para a atividade dos jornalistas. Eles podem ser aplicados ou servir como inspiração para a inovação no jornalismo em todo o mundo. Exemplo é o projeto do brasileiro Guilherme Amado, que visa aumentar a colaboração entre veículos de comunicação que realizam reportagens investigativas no Brasil.

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Bolsistas compartilham conhecimento adquirido em programa de Stanford; sentados ao lado esquerdo da foto a diretora do programa Dawn Garcia, o impact leader Djordje Padejski e o bolsista brasileiro Guilherme Amado
Bolsistas compartilham conhecimento adquirido em programa de Stanford; sentados ao lado esquerdo da foto a diretora do programa Dawn Garcia, o impact leader Djordje Padejski e o bolsista brasileiro Guilherme Amado

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A ferramenta Deepnews.ai é outro dos projetos da JSK Fellowship: uma Inteligência Artificial que atribui pontuação a matérias de qualidade na web. A pontuação não fica visível ao leitor, serve apenas como parâmetro para o jornalista, para as redações e para os anunciantes que queiram ter seus anúncios associados a notícias de qualidade.

A startup Spaceshipmedia.org criou uma metodologia chamada Dialogue Journalism (Jornalismo de Diálogo), que promove conversas com pessoas de comunidades em conflito ou que simplesmente não são ouvidas, e conta com parceiros de notícias para contar as histórias que surgem dessas conversas. A Outliermedia.org é uma plataforma que faz o envio de informações personalizadas sobre habitação em Detroit sob demanda via SMS. O leitor pode fazer contato direto com o repórter, também via SMS.

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Um novo desafio: conquistar a confiança do leitor

Movimentos que buscam reconquistar confiança do leitor ganham força com fake news e partidarismo; 43% dos norte-americanos dizem ter uma visão negativa sobre o jornalismo

O jornalismo passa por uma crise de confiança em todo o mundo. As pessoas duvidam da integridade dos veículos de comunicação e as fake news se infiltram em meio às notícias confiáveis, de modo que muitos não sabem mais distinguir uma informação verdadeira de uma falsa, ou jornalismo isento de jornalismo tendencioso. Por isso, ganha força um movimento que busca alternativas para reconquistar a confiança do consumidor de notícias.

O que os norte-americanos pensam sobre as notícias hoje?

43% têm uma visão negativa;

33% têm uma visão positiva;

23% são neutros;

44% podem se lembrar de uma fonte de notícias que reportam notícias objetivamente;

Fonte: Knight Foundation/ Gallup, 2018

Trusting News

Joy Mayer se tornou um nome conhecido nessa área. Ela tem um projeto nos EUA que ajuda empresas de notícias a conquistarem a confiança de sua audiência em meio a um mar de desinformação, o Trusting News. Em uma apresentação no festival SXSW (South by Southwest), em Austin (TX), Mayer mostrou alguns dos resultados de pesquisas e experimentos que tem feito à frente do projeto. Os experimentos foram baseados em questionários e entrevistas realizados em 30 redações dos Estados Unidos. Em 2016, o Trusting News também estudou as reações dos usuários de mídias sociais de 14 redações a estratégias desenhadas para construir a confiança nos veículos de comunicação nas mídias sociais.

Problemas mais sérios na cobertura da imprensa hoje, na opinião dos norte-americanos:

Disseminação de informações imprecisas na internet (73%);

Donos de empresas de notícias tentando influenciar a maneira como matérias são divulgadas (69%);

Organizações de mídia sendo muito “dramáticas” ou sensacionalistas para atrair mais leitores ou espectadores (66%);

Muita parcialidade na seleção de quais pautas as organizações de mídia cobrem ou não (64%);

Crescimento do número de fontes de informação reportando um ponto de vista ideológico específico mais do que sendo neutro (61%) ;

Jornalismo investigativo insuficiente para descobrir fatos importantes (59%);

Fonte: Knight Foundation/ Gallup, 2018

Com base nessas e outras informações, Mayer aponta algumas estratégias úteis para reconquistar a confiança da audiência, que prezam pela transparência nas redações. Uma das recomendações é que os veículos de comunicação passem a categorizar o conteúdo publicado, deixando claro para o leitor se o conteúdo que está lendo é uma notícia, uma investigação, uma análise, uma opinião ou fact-checking, por exemplo. “Conte às pessoas o que elas estão lendo”, enfatiza Mayer.

Ela também diz às empresas de comunicação que demonstrem equilíbrio em sua atividade, e sejam específicos explicando ao leitor como estão trabalhando para refletir a complexidade dos pontos de vista em torno de um assunto. Dizer ao leitor o que faz seus jornalistas serem qualificados para fazer o trabalho que fazem também é uma maneira de reconquistar a sua confiança, além de mostrar credibilidade. “Convide as pessoas para conhecê-los (os jornalistas)”, diz Mayer.

Trust Project

Outro projeto conhecido nos EUA é o The Trust Project, um consórcio de empresas de notícias dirigido por uma jornalista premiada chamada Sally Lehrman. O Trust Project está desenvolvendo padrões de transparência para conquistar qualidade e credibilidade no jornalismo. Os participantes do projeto devem cumprir uma série de indicadores para estarem aptos a estamparem em seus sites o selo do Trust Project, o Trust Mark.

O selo Trust Mark é um recurso para que os leitores tenham a garantia de estarem consumindo notícias com qualidade comprovada pelo projeto. Os jornais que não seguem os seus indicadores não estão autorizados a utilizá-lo.

Os jornais The Economist, The Globe and Mail, Independent Journal Review, Mic, Italy’s La Repubblica and La Stampa, and The Washington Post estampam o Trust Mark. O projeto ainda colabora com mecanismos de busca e mídias sociais para que eles possam facilmente identificar informações confiáveis. Alguns dos parceiros do projeto são Google, Facebook, Bing e Twitter.

Para elaborar os indicadores, o Trust Project entrevistou por dois anos pessoas nos EUA e na Europa para descobrir o que é importante para elas quando se fala de notícias. “Acontece que elas não querem apenas eliminar impostores. Elas querem saber quem escreveu ou produziu uma história, que qualificações ela tem, e se uma publicação tem uma agenda. Transparência importa”, diz o site. O projeto é financiado pelo Democracy Fund, pelo John S. and James L. Knight Foundation e pela Markkula Foundation.

Em busca de engajamento

Conquista do engajamento do leitor é luta diária nas redações; histórias mais envolventes e aproximação por meio de comunidades são estratégias dos veículos de comunicação

Descobrir quem é a sua audiência e o que ela quer permite aos veículos de comunicação definir os canais de comunicação, o conteúdo e o formato mais adequados para aumentar o engajamento dos consumidores de notícias. As empresas de mídia se valem de software de análise de dados - como Google Analytics, Google Trends e Chartbeat - para descobrir o que os leitores estão buscando saber, de onde vem o acesso às matérias e quanto tempo eles passam lendo cada uma delas, por exemplo.

Além de conhecer o perfil da audiência, Jeremy Rue, professor de Novas Mídias da Universidade de Berkeley, na Califórnia, considera importante saber os canais que ela utiliza para consumir conteúdo. Se elas estão “desconectadas” dos websites, uma boa maneira de chegar até elas pode ser por meio de vídeos ou podcasts, por exemplo. Mas não basta entregar conteúdo, é preciso interagir com o seu público.

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Os pontos de contato da empresa de notícias com a sua audiência podem estar em diversas frentes. Uma forma de se comunicar com ela é através da figura da própria organização. Trata-se de uma maneira mais formal de comunicação. Como consequência, o engajamento pode ser menor nesse caso. Outra opção é se comunicar através dos repórteres e dos editores. Claro que isso pode distrair mais os profissionais e dar-lhes mais trabalho, mas leva a ótimas sugestões de pauta. Por fim, pode-se contratar um profissional para esse papel. Seu trabalho principal será interagir com o público da empresa e desenvolver estratégias de engajamento.

‘Engagement team’

Mais de uma das redações visitadas possuíam uma equipe de engajamento. A “engagement team” trabalha com ferramentas e análise de audiência, com as redes sociais e outras mídias para conseguir mais engajamento do público. Javier Zarracina, graphics editor da Vox, compara a equipe de engajamento até mesmo à figura de um editor. Se antes era ele quem aprovava um material, hoje, é o time de engajamento que irá dizer se o recurso está cumprindo com o seu propósito ou não com base na aprovação do público.

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Vox, de Washington (DC), tem time de engajamento
Vox, de Washington (DC), tem time de engajamento

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Mas apesar de ser importante ouvir a audiência, não é o tráfego que deve guiar a pauta dos veículos de comunicação, observou Zarracina. Na sua opinião, só os jornalistas sabem que notícias os leitores precisam receber.

“Tente contar uma história como se estivesse contando para um amigo que gosta e que não entende nada do assunto” - Javier Zarracina, editor gráfico da Vox

Busca por ‘storytellers’

Mais que jornalistas com formação em faculdades conceituadas, o site Vox busca bons ‘storytellers’ para a sua equipe, ou seja, pessoas com boas habilidades ao contar uma história. Por isso, um dos aspectos analisados pela empresa é o número de seguidores que os seus candidatos têm nas redes sociais, algo que pode indicar se ele sabe conquistar audiência.

Story hunters

Alguém que esteja no lugar certo, na hora certa, é uma das fórmulas para engajamento do AJ+, site e canal da rede Al Jazeera, em São Francisco (CA). Racismo, direitos das mulheres e justiça social são alguns dos assuntos mais populares no canal do AJ+ no YouTube. Para conseguir imagens impactantes, além dos repórteres, o site conta com um programa chamado Story Hunter, que recebe histórias de videojornalistas de todo o mundo.

Comunidades

Amy Vernon, consultora de mídias sociais: comunidades são maneira de conseguir engajamento da audiência
Amy Vernon, consultora de mídias sociais: comunidades são maneira de conseguir engajamento da audiência

E não é porque o Facebook resolveu dar prioridade às relações pessoais em detrimento da notícia que veículos de comunicação desistiram da rede social. Há veículos de comunicação que criaram comunidades no Facebook e conseguiram com elas grande engajamento do público. O site Vox criou uma comunidade de Healthcare, porque viu que havia um grande interesse sobre o assunto entre os seus leitores. O The Texas Tribune tem uma comunidade sobre política no Facebook, por onde interage com a comunidade através de vídeos ao vivo. Se não quer ou não pode criar uma comunidade, uma saída, segundo Amy Vernon, consultora de mídias sociais, é pelo menos participar delas.

Mudança de hábitos

Forma como pessoas consomem conteúdo mudou; empresas de notícias precisam se adaptar à nova realidade em que o smartphone tem prioridade e atenção do leitor precisa ser ‘fisgada’ na web

Ilustração: Rafael Costa
Ilustração: Rafael Costa

Os hábitos de consumo de conteúdo mudam conforme os meios utilizados para tanto. Em um cenário em que grande parte das pessoas utilizam seus smartphones para a leitura de conteúdo – alguns jornais falam em mais de 50% -, as empresas de jornalismo precisam rever a maneira como entregam notícias aos seus leitores. Sob o conceito de “mobile first” (algo como smartphone primeiro), os veículos de comunicação precisam se preocupar em produzir conteúdo responsivo (que se adapte à tela do celular) e adequado à visualização pela tela pequena.

Ao “rolarem” a página na web, as pessoas “escaneiam” o seu conteúdo, procurando por palavras e sentenças, em vez de lê-lo por inteiro, ensina Jeremy Rue, professor de Novas Mídias da Universidade de Berkeley, na Califórnia.

Por isso, o texto para a internet precisa ser curto, conciso e bastante visual. Dispense palavras desnecessárias, lance mão de imagens e design para ajudar na descoberta de conteúdo, e faça vídeos curtos e objetivos, diz ele. “Vídeo na web é um comprometimento.”

Pesquisa da Pew Research Excellence in Journalism Project (2012) mostra qual a duração dos vídeos mais populares. Observe que vídeos longos, de cinco minutos para cima, perdem visualizações consideravelmente:

Fonte: Pew Research Excellence in Journalism Project (2012)
Fonte: Pew Research Excellence in Journalism Project (2012)

“Shorter is better”

O software de análise de dados do jornal USA Today, em Washington (DC), mostrava que a média do tempo de permanência do leitor nas matérias do site era de apenas 28 segundos. Por isso, Donna Leinwand, managing editor do jornal, diz que está sempre tentando persuadir seus repórteres a escreverem pouco, porque “não há motivo para escrever muito se os leitores não irão ler”.

Tempo de engajamento do leitor é de, em média, 28 segundos em cada matéria no site do USA Today
Tempo de engajamento do leitor é de, em média, 28 segundos em cada matéria no site do USA Today

Redes sociais

As redes sociais são aliados dos jornalistas e, segundo Jeremy Rue, têm mais que o papel de apenas difundir as informações. No entanto, é preciso lembrar de adequar o conteúdo à proposta de cada uma das plataformas sociais.

Ilustração: Rafael Costa
Ilustração: Rafael Costa

No Facebook, as pessoas buscam se conectar mais com pessoas que com ideias, e por isso compartilham mais artigos que têm uma conexão emocional ou pessoal, ensina Rue. No YouTube, é possível conversar com diversas comunidades e ensinar algo útil através de vídeos. O Twitter conecta mais ideias que pessoas – os usuários gostam de compartilhar artigos e opinar sobre política nessa mídia social. Já o Instagram é um ambiente mais difícil para as notícias, ele descreve. É mais recomendado para marcas – as pessoas gostam de segui-las por esta rede social – e fotos bonitas.

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Imagem ilustrativa da imagem A Liberdade da imprensa e inovação nos EUA

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