Dados do censo do IBGE de 2022 mostraram que o Brasil tem mais templos religiosos do que escolas e hospitais somados juntos. Templos religiosos em profusão, englobando todas as denominações religiosas, mostram que estamos mais servidos institucionalmente de uma rede religiosa muito mais presente na vida das pessoas do que de escolas que promovem a educação e hospitais que são necessários para a saúde da população. Fiquei refletindo sobre esses dados e vejo aqui algo preocupante.

Que vida queremos? Uma vida baseada no princípio da realidade, levando em conta as reais necessidades que precisam ser pensadas e atendidas ou uma vida de ilusões com lindas palavras e belas promessas, mas que fica mais na dimensão ilusória? A verdade é que esses dados mostram o quanto estamos mais apegados às ilusões do que a realidade nua e crua.

Antes que me xinguem não estou falando mal de nenhuma religião e do bem que muitas fazem e promovem para inúmeras pessoas. Não estou atacando nem tirando a importância e significado das religiões para as vidas de muita gente. Apenas, estou chamando atenção para o fato de que estamos sem valorizar coisas de extrema importância para o nosso crescimento e desenvolvimento.

Escolas forma jovens mais educados e preparados para enfrentar a vida, o trabalho e buscar-se condições mais dignas e melhores. Hospitais são fundamentais para que as pessoas possam receber atendimentos adequados para problemas de saúde que afetam toda a sociedade e melhorar a qualidade de vida. Não há nada que substitua a relevância e a necessidade dessas instituições.

Quando um filho ou filha jovem vai sair de noite muitos pais ficam preocupados. Afinal, a violência existe, bebedeiras, drogas e muitas outras coisas representam perigo. Vamos imaginar duas famílias com filhos jovens saindo nos finais de semana. Numa delas, os pais dizem “vá com deus e que deus te proteja”. A outra família diz “Vai com cuidado, se cuida e fique de olhos e ouvidos abertos”. Que jovem de qual família recebeu uma melhor recomendação? Pensem um pouco.

Certamente, é aquele jovem que foi chamado para ficar atento à realidade, para saber que há perigos em sua volta e que o jovem tem responsabilidade pelo que faz ou no que se envolve. Este jovem pode vir a entender que ele mesmo precisa se cuidar, ele que vai pagar e sofrer as consequências do que decide fazer, então precisa desenvolver o seu discernimento. Ele não precisa de alguém “cuidando” dele e nem invocar ajuda divina para sair de enrascadas. Ele pode ter juízo.

Há um ditado árabe muito sábio que diz “Tenha a sua fé, mas amarra o seu camelo”. O dono do camelo assume a sua tarefa de cuidar do que é dele. Simples assim. Como cuidamos de nossas vidas e do nosso país? No que será que investimos mais? E no que precisamos investir mais para que realmente possamos viver outra realidade muito mais promissora? E você? Está lidando mais com a realidade ou esperando milagres? Creio que vale refletir.