Segundo o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, o cenário epidemiológico do coronavírus em Londrina tem se mostrado estável. “Não tivemos mudanças abruptas e todas as oscilações vieram de alguns fatores justificados. Tivemos surtos intra-hospitalares, o que é muito suscetível de acontecer”, explicou. A Santa Casa registrou surto da doença e o hospital Evangélico fechou o pronto-socorro três vezes após pacientes darem entrada para outras patologias, mas estarem infectados.

"Teremos que conviver com a doença, que creio ser endêmica, como o H1N1”, afirma o secretário Felippe Machado
"Teremos que conviver com a doença, que creio ser endêmica, como o H1N1”, afirma o secretário Felippe Machado | Foto: Emerson Dias - N.Com

A taxa de positividade – conversão em resultados positivos dos testados – tem se mantido em 20% nas últimas sete semanas, informou a pasta. “Diminuímos o R0 (que indica o número médio de pessoas que podem ser contaminadas por um vírus), que está em 1.07. Sempre que está para baixo de um mostra que a pandemia está ‘acabando”, detalhou. Machado reforçou que o atual período é de preocupação. “Meses de junho, julho e agosto temos as doenças respiratórias no Sul do País.”

O secretário avaliou que o trabalho executado no município foi dentro do planejado, com ações sendo adotadas com antecedência e em etapas, com suspensão das atividades econômicas e aulas, adoção de teleconsultas, lançamento do disque-coronavírus, seis unidades sendo definidas para atender apenas o fluxo de doenças respiratórias, a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Sabará sendo transformada em centro de triagem para casos suspeitos e confirmados, compra de insumos, contratação de profissionais, além da reorganização de toda a rede de saúde.

“Criamos o Coep (Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública), colegiado totalmente multiprofissional, com várias instituições da cidade, para assessorar, dar sugestões. Trouxemos para ‘perto’ todas as unidades de saúde. O HU (Hospital Universitário) ficou como referência da Covid-19, mas se não tivéssemos somado todos, talvez o problema iria ficar com HU e secretaria e os demais distantes”, ressaltou.

LEITOS

Os leitos hospitalares foram reforçados para dar conta da demanda, que também chega da região. Para Londrina são 140 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) públicos exclusivos para tratamento do coronavírus. “Decisões duras tiveram que ser adotadas, como a interrupção das atividades econômicas, que naquele momento era essencial para uma população de quase 600 mil habitantes até a estruturação do sistema de saúde. Somos privilegiados por termos o SUS (Sistema Único de Saúde), que tem aguentando valentemente todo o estresse que a pandemia tem causado.”

INCOERÊNCIA?

As deliberações do Coesp sempre foram destacadas pelo Executivo como preponderante para a tomada de decisões. No entanto, na semana passada, o grupo levantou a bandeira vermelha para a cidade, não recomendando a abertura de praças de alimentação, academias e templos religiosas. Os argumentos não foram acatados pela prefeitura. Na última reunião, em 13 de agosto, a avaliação do risco caiu para moderado, porém, as observações foram reforçadas.

Machado negou que o poder público tenha mudado de postura. “O Coesp é consultivo e sempre foi. Não houve desrespeito. Seguimos 95% das deliberações do colegiado”, garantiu, tratando como natural as pressões para retorno de outras atividades que estão proibidas de funcionar. “O que vai direcionar e pesar são as questões de saúde, o risco que qualquer retorno pode trazer para o cenário epidemiológico. Chegamos num momento de fadiga da pandemia, em que é muito difícil fazer por muito tempo algo que não quer, mas teremos que conviver com a doença, que creio ser endêmica, como o H1N1”, projetou.