O mês de setembro é dedicado à conscientização sobre a cranioestenose, uma malformação craniana que atinge um a cada dois mil bebês nascidos.

Desconhecida pela maioria dos pais, a malformação, também chamada de craniossinostose, é uma condição na qual o bebê nasce com a estrutura craniana fechada e não há espaço para o cérebro crescer. Esse fechamento precoce dos espaços entre os ossos do crânio não tem uma explicação única, quando não estão ligados a mutações genéticas específicas podem ser atribuídos a postura viciosa dentro do útero, eventualmente uso de medicamento, entre outros. E essa condição não está relacionada à moleira, que pode fechar entre 9 meses e 1 ano e meio da criança.

RISCOS

A falta de espaço para o desenvolvimento do cérebro e a pressão intracraniana são os principais riscos da cranioestenose, por isso, a cirurgia para correção do fechamento precoce das suturas do crânio deve ser realizada o quanto antes. Caso o procedimento não seja realizado dentro desse período, pode gerar ainda complicações como hidrocefalia, má perfusão encefálica, obstrução das vias aéreas, e comprometimento visual e auditivo, trazendo muitas vezes prejuízos a função cognitiva, comportamento e desenvolvimento neuropsicomotor, como atraso de desenvolvimento.

O alerta é do neurocirurgião de Londrina, e referência pediátrica internacional, Alexandre Canheu. “O importante é o diagnóstico rápido. Para os médicos que estão acostumados é um diagnóstico clínico, olha e já percebe a deformidade craniana por menor que ela seja. E somente em caso de dúvida, quando está muito próximo da normalidade, é feita a tomografia. E às vezes o problema é percebido pelos próprios pais, que veem algo diferente no crânio do bebê”, detalha.

Essa percepção pode se dar de várias maneiras, mas sempre com a queixa de um formato não comum da cabeça, que se apresenta mais alongada e estreita, ou a testa crescendo para frente em forma de triângulo, larga e achatada ou ainda começa a entortar, crescendo mais lateralmente.

Quando percebido o problema, as dúvidas dos pais são recorrentes, e por vezes o diagnóstico divergente. E foi para dar apoio aos pais, e esclarecer sobre este e outros assuntos da área, que o neurocirurgião decidiu responder as dúvidas também nas mídias sociais. Do período de pandemia de Covid-19 até hoje, ele se tornou bastante ativo na internet - com mais de 55 mil seguidores no Instagram, o médico passou a responder às dúvidas dos pais e a receber pacientes de todos os lugares do mundo para as cirurgias da síndrome neurológica.

“Nossa missão é atender as crianças gravemente acometidas por condições neurológicas com expertise técnica e referência no acolhimento humanizado”, destacou o neurocirurgião.


Canheu coordena o ambulatório de Neurocirurgia Pediátrica do Hospital Universitário de Londrina, e implantou no HU, e nos maiores hospitais filantrópicos e privados da cidade, o protocolo de diagnóstico de tratamento das Hemorragias da Prematuridade e foi pioneiro no protocolo do tratamento cirúrgico das cranioestenoses.

DO PARAGUAI E DA AUSTRÁLIA

Em julho, uma criança paraguaia passou por cirurgia em Londrina. O menino é filho de um oftalmologista de Concepción, município de aproximadamente 77 mil habitantes e localizado a 400 quilômetros da capital Assunção. Sem encontrar especialistas no País, ele procurou na internet informações para compreender a doença que afetava o filho e encontrou os estudos do neurocirurgião pediátrico em Londrina. “Ficamos muito seguros na consulta remota e não tivemos nenhuma dúvida em seguir com o tratamento”, contou o oftalmologista. Alguns pacientes vêm do outro lado do mundo. Uma mulher viajou quase 13 mil quilômetros de Perth, na Austrália, para tratar o filho. “Ele nasceu com uma discreta malformação do sistema nervoso, e por lá (na Austrália), sua família encontrou dificuldades de achar profissionais”, explicou Canheu.

PRESSA NO TRATAMENTO

A pressa nesse tipo de tratamento cirúrgico é que 80% do crescimento cerebral se dá até um ano de vida, por isso a necessidade de uma identificação rápida. “Dependendo da malformação, o bebê pode ser tratado já aos 3 meses, a cirurgia vai criar mais espaço para o cérebro crescer e o desenvolvimento da criança segue sem problemas. Depois de um ano nunca se sabe qual criança pode ter aumento da pressão intracraniana, podendo levar a várias alterações da função cerebral e sequelas cognitivas e motoras”, explica Canheu.
A cirurgia é considerada uma plástica no crânio, não mexe ou tem risco de machucar o cérebro, é basicamente uma plástica óssea, como consideram os especialistas. “O mais importante é o diagnóstico precoce, a busca pela informação correta e ações rápidas que vão garantir um desenvolvimento normal para criança”, reafirma o neurocirurgião.

Um casal do Paraná descobriu que o filho era portador de cranioestenose quando ele tinha apenas 44 dias de vida. O menino nasceu em junho do ano passado. Ele passou por cirurgia antes dos três meses de vida e atualmente está com com saúde plena. “É outra criança. O desenvolvimento é muito bom. Com seis meses, já engatinhava. Aos nove tentava ficar em pé. Hoje, olhando meu filho, eu falo que tenho orgulho por ter tomado a decisão da cirurgia. O João Pedro ganhou qualidade de vida, cresce como qualquer outra criança”, salientou a mãe. (Com informações da assessoria)