Saiba a diferença entre gripe e Covid
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quarta-feira, 15 de dezembro de 2021
Fábio Pescarini - Folhapress
São Paulo - Indisposição que impede de sair da cama, dor no corpo, febre alta e persistente, coriza, lacrimejamento e falta de ar são sinais de que pode ser preciso procurar ajuda médica logo. Esses são os principais sintomas da gripe, que voltou a ganhar força em várias cidades nos últimos dias. O vírus influenza A H3N2, o mesmo associado à recente epidemia de gripe no Rio de Janeiro, está circulando na capital paulista e já provoca aumento de atendimentos em prontos-socorros e internações em hospitais públicos e privados.
É comum que se confundam os sintomas da gripe com os da infecção causada pelo novo coronavírus. Em São Paulo, por exemplo, a prefeitura decidiu aplicar testes de Covid em todos os pacientes que procurarem a rede de saúde pública com sintomas gripais.
A certeza só pode ser dada pelo teste, mas, de acordo com os sintomas e com a forma com que se apresentam ao longo do tempo, dizem médicos ouvidos pela reportagem, é possível ter pistas de qual vírus infectou o paciente. "Os sintomas de uma gripe são bastante exuberantes", afirma o infectologista Jamal Suleiman, do Instituto Emílio Ribas. "Está na cara quando uma pessoa está gripada", diz o médico.
No caso da gripe, o infectado costuma ficar muito mal no início da doença, em até 48 horas, com muita febre, diz Suleiman. Quando o caso é de Covid, essa situação é menos comum no começo.
A indisposição de uma pessoa gripada é grande já no princípio, reforça a médica Lorena de Castro Diniz, coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia). "Ela não consegue levantar da cama para ir trabalhar, por exemplo, não tem apetite." O acometimento pela gripe costuma durar de sete a dez dias.
FALTA DE AR
No caso da Covid-19, explica Diniz, a pessoa normalmente tem dores musculares que às vezes duram horas e desaparecem. Ao longo dos dias, mais sintomas podem aparecer: do quinto ao oitavo dia, o paciente pode perder o paladar e olfato.
No décimo dia, se o paciente for ter uma evolução ruim da Covid, ele começa a sentir uma maior falta de ar, afirma ainda Diniz.
RESFRIADO
Outra confusão comum é com o resfriado, condição causada por outro vírus. Nesse caso, porém, os sintomas são brandos, como uma obstrução nasal, discreta, por exemplo, diz Suleiman.
TRATAMENTO
Diniz explica que o tratamento pode incluir antivirais, como o oseltamivir (conhecido pelo nome comercial Tamiflu). Além do tratamento com antivirais, é preciso medidas de suporte, como uso de antitérmico, hidratação, repouso e oxigênio, se for caso.
Para o pediatra Renato Kfouri, diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), ante a possível confusão com a Covid, o importante é a testagem para a influenza. "Especialmente nos grupos de risco, a gente pode instituir um tratamento precoce e prevenir as complicações das formas graves da doença", diz.
GRUPOS MAIS VULNERÁVEIS
A atenção deve ser redobrada com grupos mais vulneráveis: crianças com menos de cinco anos, idosos, grávidas, puérperas, pessoas com deficiências imunológicas ou com doenças autoimunes, e ainda as que têm quadro respiratório crônico, como asma e bronquite.
"No caso das crianças menores de cinco anos, cujo sistema imunológico ainda está em formação, e as vias aéreas são pequenas, a secreção que se produz na gripe pode provocar uma obstrução da passagem da respiração, levando a uma insuficiência respiratória", explica Diniz.
Segundo Diniz, o vírus influenza é tão grave quanto o coronavírus. "Alguns pacientes com comorbidades, cardiopatas, hipertensos ou diabéticos podem descompensar a doença primária", diz a médica, citando quadros que podem levar, inclusive, a internações.
De acordo com a imunologista, são vistos altos índices de infarto em pessoas infectadas pela influenza que tenham alguma cardiopatia. Há risco também de AVC (acidente vascular cerebral).
A influenza sazonal já era esperada, segundo os médicos ouvidos pela reportagem. O infectologista Suleiman lembra que as pessoas passaram os dois últimos invernos relativamente protegidas, com uso de máscaras e sem aglomerar. Com a flexibilização, diz, vírus como o da influenza passam a circular mais. "Agora com a retomada, com as escolas funcionando e com o arrefecimento da circulação do novo coronavírus, surgiu uma janela, uma oportunidade de outros vírus emergirem", completa Kfouri.
Segundo os especialistas, o melhor a ser feito neste momento para evitar a gripe é continuar com os mesmos cuidados contra a Covid, ou seja, uso máscaras, evitar aglomerações, lavar as mãos e usar álcool em gel.
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