A música é uma poderosa ferramenta terapêutica que pode engajar diferentes áreas do cérebro, fortalecendo redes neurais envolvidas nos processos motores, emocionais e de memória. Em Londrina, o MusicalMente, projeto do INME (Instituto Não Me Esqueças), leva a música como terapia a pessoas que vivem com Alzheimer e seus familiares, transformando essa experiência em um momento de conexão e bem-estar, melhorando a qualidade de vida.

O MusicalMente foi um dos 35 projetos aprovados, entre 309 propostas, no Edital Itaú Viver Mais, apoiado pelo Fundo de Direitos da Pessoa Idosa. É a segunda vez consecutiva que o projeto é selecionado. "Estamos muito felizes porque a aprovação garante a continuidade do MusicalMente. Queremos fazer ainda melhor em 2025 e atender mais pessoas", comemora Elaine Mateus, idealizadora do projeto e fundadora do Instituto.

A aprovação no edital anterior permitiu investir na aquisição de instrumentos musicais e na contratação de equipe especializada. As oficinas tiveram início efetivo em julho, e atualmente três turmas estão em atividade, envolvendo aproximadamente 60 pessoas, entre aquelas que vivem com Alzheimer e seus acompanhantes, em sua maioria familiares cuidadores.

Podem participar pessoas que vivem com diagnóstico de demência em estágio inicial e intermediário. Os encontros ocorrem duas vezes por semana na sede do Instituto Não Me Esqueças (Rua Paes Leme, 569).

HABILIDADES E AUTONOMIA

As sessões de musicoterapia conduzidas por Luzimara Almud Lobo dos Santos têm mostrado resultados positivos. Ela relata que alguns familiares já observaram progressos. "A música é um recurso terapêutico que pode, em alguns casos, reavivar habilidades, estimulando a autonomia. Um exemplo é uma das participantes que, vivendo com Alzheimer, não conseguia mais segurar o talher nas refeições e agora, segundo a família, voltou a se alimentar sozinha. Isso é muito significativo, mas o que considero realmente fundamental é a inclusão dessas pessoas. Nos encontros, todos se sentem à vontade. Aqui não existe certo ou errado, o importante é que todos participem, cada um dentro das suas possibilidades."

Trabalhar a cognição e a saúde emocional com as músicas preferidas das pessoas é também uma forma de defender o direito de quem vive com Alzheimer de continuar existindo como indivíduo, com seus valores, gostos e preferências que devem ser preservados ao longo de toda sua jornada. Elaine Mateus reforça: "Para a maioria das pessoas, acessar suas músicas favoritas, a qualquer tempo e em qualquer lugar, é algo sobre o qual nem mesmo pensam. Esse é um direito que lhes está garantido. Mas, para muitas pessoas com Alzheimer, essa não é a realidade. À medida que a doença progride e a capacidade de comunicação verbal é afetada, pouco resta para conectá-las ao mundo e ao seu entorno."

Imagem ilustrativa da imagem Projeto oferece música como terapia para pessoas com Alzheimer
| Foto: Divulgação - Cristiano Nakajima

MIL ATENDIMENTOS

A meta do MusicalMente é atingir 1.000 atendimentos nos primeiros 12 meses. O projeto também prevê capacitação para familiares de pessoas acamadas, para que possam se beneficiar da música em casa, e para cuidadores profissionais de Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) públicas, orientando sobre como selecionar e utilizar músicas de forma adequada.

Para mais informações sobre o projeto MusicalMente, acesse o site, se preferir, entre em contato com o INME pelo WhatsApp (43) 99155-5747 ou pelo e-mail [email protected]. Todos os serviços oferecidos pela entidade são gratuitos, mas as vagas são limitadas, com prioridade para as famílias já cadastradas.

INME

Fundado em 2017, o Instituto Não Me Esqueças é dedicado ao suporte e cuidado das pessoas idosas que vivem com Alzheimer, proporcionando recursos e apoio para que elas possam seguir com dignidade e qualidade. Desde 2022, a entidade oferece o Programa de Cuidado e Apoio a Pessoas com Alzheimer e seus familiares (CAPAz) com atividades regulares para as famílias atendidas. Entre março de 2023 e fevereiro deste ano foram cadastradas 124 novas famílias e realizados quase 7 mil atendimentos. Com a incorporação do MusicalMente, o Instituto se firma como referência na introdução de métodos inovadores de cuidado.

(Com informações do INME)