Imagem ilustrativa da imagem Professor da UEL pesquisa deficit nutricional e saúde bucal em idosos
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O professor adjunto no Departamento de Saúde Coletiva na Universidade Estadual de Londrina, Arthur Mesas, examinou a associação entre deficit nutricional e problemas de saúde bucal em idosos não institucionalizados em um bairro de Londrina.

Foram avaliados 267 idosos (160 mulheres e 107 homens) com idade entre 60 e 74 anos, por meio de censo em área de cobertura de uma Equipe do Programa Saúde da Família de Londrina. “Observei que o estado da saúde bucal era precário. As duas abordagens deram resultados preocupantes. De um lado tinha uma porcentagem grande de idosos sem nenhum dente na boca. Os que tinham dentes, a maioria tinha dentes em condições ruins ou com cáries, lascados ou com saúde da gengiva ruim”, aponta Mesas, que é pesquisador colaborador no Departamento de Medicina Preventiva e Saúde Pública na Universidad Autónoma de Madrid.

Segundo ele, a saúde bucal é fundamental para uma nutrição eficiente. “Encontramos 21,7% dos idosos (58 pessoas) com deficit nutricional”, aponta. “A ausência de dentes, na parte de trás, em cima e embaixo, faz falta porque a pessoa não tem eficiência na mastigação. Sem essa mastigação, ela ingere o alimento sem processar e chega ao estômago inteiro. A pessoa fica sem o beneficio da vitamina, porque o alimento chega ao intestino inteiro, sem absorver direito os nutrientes. Isso pode levar a problema intestinal de constipação”, expõe.

Outra observação de Mesas é o baixo fluxo salivar. “Quando a pessoa mastiga, a saliva é fundamental para formar o bolo alimentar. O idoso produz menos saliva, e geralmente faz uso de muitos medicamentos que reduzem o fluxo salivar. Isso também é associado ao baixo deficit nutricional”, aponta. “Com pouca saliva fica difícil de engolir o alimento.”

O professor da UEL cita também a questão da doença periodontal. “Se com o tempo não há uma manutenção adequada, isso pode gerar inflamação crônica da gengiva. O osso se afasta da raiz até o ponto que o dente fica mole. Quando isso ocorre, a pessoa vai se alimentar com bife ou pão, o dente fica bambo e a pessoa não tem segurança para mastigar e acaba selecionando alimentos mais fáceis de mastigar para não ficar sem comer.”

Ele aponta que as pessoas desnutridas têm consciência de que possuem problema na boca. “No entanto muitos não têm acesso para fazer tratamento adequado. O setor público avançou muito nos últimos dez anos nessa área e começou a ofertar centros de especialidades para reabilitação com prótese e mesmo tratamento cárie”, explica. No entanto, Mesas explica que muitos acham que vai ser demorado e acabam não procurando atendimento.