São Paulo - Uma reclamação comum entre pessoas que fazem dieta é a fome excessiva mesmo seguindo à risca as regras do regime. A falta de porções adaptadas à realidade do paciente é um dos fatores que leva ao apetite aumentado durante o período de restrição alimentar, dificultando a reeducação.

Imagem ilustrativa da imagem Plano alimentar desregulado pode causar mais fome na dieta
| Foto: iStock

Dietas da moda que oferecem a todos os pacientes os mesmos alimentos em quantidades iguais também podem causar mais fome do que o esperado. Questões emocionais também podem estar ligadas.

Quando isso acontece, significa que o cardápio está desequilibrado, diz a nutricionista Lidiane Pereira Magalhães, do Departamento de Oncologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). "Com essas dietas malucas e restrições que o povo sai fazendo, geralmente, a pessoa tem fome por que a forma como deve comer não está equilibrada", pontua.

A profissional afirma que um cardápio personalizado desenvolvido por profissional habilitado será adaptado de acordo com os horários e os gostos alimentares da pessoa, o que facilita a reeducação.

"A partir do momento em que a pessoa faz uma dieta, por exemplo, que ela viu na revista ou o vizinho contou, é impossível dar certo, pois é feita baseado no nada. Ela funciona por um tempo, mas não tem seguimento e pode acarretar problemas de saúde", alerta Magalhães.

Mesmo uma pessoa que possui acompanhamento de um profissional habilitado, porém, pode sentir fome, o que significa que o plano alimentar não está ajustado de forma adequada.

Segundo a especialista, isso ocorre quando o cardápio escolhido não atende as necessidades do corpo da pessoa. A escolha dos alimentos, porções e horários deve ser feita de acordo com as particularidades de cada indivíduo, e o profissional pode fazer ajustes caso a primeira versão não funcione.

"Por isso é importante o acompanhamento. Às vezes, as pessoas não voltam na consulta por não conseguirem perder peso e ficam com vergonha. Não deu certo? Volta para a gente ajustar", orienta Magalhães.

MUDANÇA NA ROTINA

Além de dietas generalistas e quantidades incorretas, a mudança na rotina alimentar visando a perda de peso também mexe com um instinto primitivo do nosso cérebro.

De acordo com o endocrinologista Márcio Mancini, vice-presidente do Departamento de Obesidade da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), o corpo humano não entende que a dieta é feita devido ao excesso de peso. Para o organismo, a pessoa está simplesmente "passando fome" e, por isso, o corpo entende que precisa se proteger para evitar a morte.

"É simples assim, é o organismo de homem primitivo", diz Mancini. "Todas as pessoas que fazem dieta vão sentir mais fome."

HORMÔNIOS

A nutricionista e coordenadora da comissão de comunicação da SBAN (Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição), Lara Natacci, lembra ainda que o excesso de fome durante dietas ocorre pois os hormônios que promovem a fome não reagem como o desejado.

"Quando a gente perde peso com dieta, aumenta a secreção dos hormônios que são orexígenos, ou seja, aqueles hormônios que trazem a sensação de fome. Em uma dieta, fazemos uma restrição na nossa alimentação, deixamos de comer a quantidade que a gente gostaria ou que o nosso organismo necessitaria. Então a resposta do nosso organismo é a fome".

FOME EMOCIONAL

Os especialistas também apontam para a questão emocional e psicológica.

"Hoje em dia, o ser humano come muito mais ativando o apetite hedônico, do prazer, ligado ao sistema límbico, do que do apetite homeostático, o apetite de sobrevivência, a fome propriamente dita", destaca o endocrinologista Mancini.

FOME FISIOLÓGICA

Além disso, a chamada fome emocional pode ser confundida com a fome fisiológica.

"Ela aparece de repente, de uma hora para outra e normalmente a pessoa busca um alimento específico, o tipo do alimento que se torna reconfortante muitas vezes, como aqueles relacionados com alguma lembrança de infância", afirma a nutricionista da SBAN, Natacci.

Essa sensação pode estar ligada a problemas emocionais como estresse, ansiedade e depressão. Por isso, é importante observar quais gatilhos disparam esse comportamento e buscar a ajuda de um psicólogo.

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. | Foto: Folha Arte: Gustavo Padial

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