Imagem ilustrativa da imagem Pesquisa da UEL visa identificar sequelas da Covid-19
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Um projeto desenvolvido por professores e estudantes do curso de fisioterapia da UEL (Universidade Estadual de Londrina), em parceria com a secretaria municipal de Saúde, está avaliando os sintomas que persistem nos pacientes diagnosticados com coronavírus na cidade. A coleta das informações começou em 12 de outubro e está dividida em quatro fases.

A primeira etapa é para os curados num período de 30 dias, seguida de dois, seis e 12 meses do diagnóstico. “O objetivo é analisar a funcionalidade, as sequelas e a qualidade de vida do paciente que teve a Covid-19", destaca a professora Celita Salmaso Trelha, uma das responsáveis pelo levantamento.

A Covid-19 atinge o sistema respiratório e afeta as pessoas de formas diferentes, indo dos casos assintomáticos, leves e até os mais complicados, que pode resultar na morte. A docente afirma que a literatura aponta que os sinais que costumam perdurar são falta de ar, cansaço e alteração do olfato. “Apesar da gravidade respiratória, a doença altera outros sistemas e isso impacta no dia a dia. Existem estudos que mostram que os sintomas podem persistir após a cura até 60 dias, mas as sequelas seguem por mais tempo.”

Na cooperação com o município, a secretaria de Saúde repassa ao grupo a lista dos pacientes confirmados com a infecção. Um formulário é enviado via aplicativo de mensagens no celular. Mesmo com toda a seriedade do processo, que mantém o sigilo da pessoa, a docente relata que que muitos ficam desconfiados e acabam não respondendo o questionário.

“A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da UEL, autorizada pelo município. Os alunos não sabem os nomes dos pacientes. Eles encaminham as mensagens, mas de informação só têm o telefone e a data de nascimento”, reforça. “As perguntas são sobre o estado de saúde, dificuldade ou sequela para desenvolver tarefas, como está a locomoção, se tem fadiga, falta de ar, se retornou ao trabalho”, explica.

OLFATO PREJUDICADO

Até o início de novembro eram 168 participantes. A meta é que o número chegue a, pelo menos, 250 pessoas, somando todas as fases. Entre as pessoas que já preencheram o documento está um diretor comercial de 47 anos. “Primeiro tive coriza. No dia seguinte tive dor de garganta e febre leve. Fui à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e quando saí já estava com diagnóstico suspeito de Covid-19 e medicado”, lembra. O resultado do teste confirmou a presença do vírus Sars-CoV-2.

Ele conta que cumpriu o isolamento rigorosamente e ainda sentiu cansaço no decorrer dos dias infectado. “A maior preocupação era em não contaminar minha família. Já faz mais de 40 dias que estou curado e o olfato ainda não voltou totalmente. Incomoda não sentir o cheiro do café, do vinho, de uma comida que possa estar estragada. Sinto que está voltando (aos poucos)”, relata.

REABILITAÇÃO

No final, os participantes recebem cartilha com orientações e exercícios, elaborada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e traduzida pelo projeto. “A doença é nova. Todos estão estudando, vendo formas de tratamento. Precisamos conhecer melhor as sequelas para fazer a reabilitação dos pacientes. Com a pesquisa dá para conhecer”, aponta Celita Salmaso Trelha.

Com a Covid-19 sendo uma doença sistêmica, o tratamento para situações mais graves envolve uma equipe multidisciplinar, incluindo a fisioterapia. Segundo a professora da UEL, o doente que fica hospitalizado pode ter a parte motora comprometida, principalmente, se houve necessidade de respirador. “A pessoa com mais de 30 dias de internação tem muita alteração no músculo esquelético”, adverte. Além disso, há a fisioterapia respiratória, muito indicada na reabilitação.