Desde 2006 o Hoftalon (Hospital de Olhos de Londrina|) realiza o projeto Pequenos Olhares, avaliando alunos dos CMEI (Centros Municipais de Educação Infantil). Esse projeto é tratado com muito carinho aqui dentro. A gente leva o pessoal e o equipamento para as creches para que as crianças sejam todas examinadas. Aquelas que necessitarem de atendimento mais complexo são encaminhadas aqui para a unidade do Hoftalon. Os que não têm nenhum problema ficam sabendo e os que têm problemas mais simples são resolvidos na hora mesmo", explica o oftalmologista Odair Lopes. Por meio de parceria com as óticas de Londrina, crianças com baixo poder aquisitivo podem receber as armações e as lentes de graça.

Segundo o médico, o projeto é financiado pelo Hoftalon mesmo, através dos serviços do fundador, Nobuaqui Hassegawa. "Ele gosta de cuidar pessoalmente do projeto. Temos equipamentos específicos para isso, que são portáteis. Temos o furgão do hospital, algum funcionário é convocado e eventualmente voluntários e residentes se deslocam para uma creche agendada previamente."

"Se a gente imaginar que uma criança com cinco ou seis graus de miopia enxerga menos de 10%, uma criança com ametropia alta pode ser considerada cega funcional se estiver sem o óculos. Uma criança com visão muito baixa sem o óculos vai ter problemas sérios de aprendizado, de estímulo do conhecimento do mundo, de relacionamento com as outras pessoas. A diferença entre usar o óculos ou não é você inserir essa criança no meio normal ou não", destaca o profissional.

OUTROS SENTIDOS
Segundo ele, a falta de saúde na visão pode afetar outros sentidos. "O desenvolvimento cognitivo está ligado aos estímulos que ela recebe e 80% das informações que a gente recebe são através da visão. Uma criança que não tem visão precisa ter meios de desenvolvimento que serão alternativos, ou seja, nunca será da mesma forma que se estivesse com visão plena. Daí mais uma vez a importância do tratamento precoce, da utilização correta dos óculos para que a criança faça desenvolvimento físico e mental de forma plena", aponta.

Do total de alunos avaliados nos centros de educação, cerca de 10% a 20% das crianças apresentam algum tipo de problema. "A criança tem desenvolvimento muito rápido. A gente atravessa platô de estabilidade na idade de adulto jovem, mas durante o período da infância, como a criança tem alterações anatômicas muito rápidas, esse exame oftalmológico tem que ser com periodicidade maior. A falta de exames periódicos pode acarretar no uso de óculos defasados e isso pode impactar a visão da criança e pode gerar uma consequência negativa no desenvolvimento neuro psicomotor", relata. (V.O.)