Gestantes não têm demonstrado maior suscetibilidade à infecção pelo coronavírus, porém, gravidez e o puerpério são condições especiais, que requerem monitoramento e vigilância. Isso porque durante o período gestacional o sistema imunológico da mulher está alterado, fazendo com que haja maior chance de infecção respiratória. Essa população deve permanecer em ambientes seguros, devidamente organizados e higienizados. Para isso, desde que se iniciou a pandemia, os hospitais da região de Londrina que realizam partos têm reorganizado o fluxo de triagem, colocando esse público separadamente, e mantendo equipe médica e locais de parto exclusivos, entre outras medidas.

Imagem ilustrativa da imagem Partos em tempo pandemia: hospitais com cuidados redobrados
| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

As direções dos hospitais ouvidos pela reportagem garantem que seguem todas as recomendações de higiene. Entre as ações, disponibilização de álcool em gel em todas as unidades, os funcionários, pacientes e acompanhantes precisam utilizar máscaras do tipo N95, há uma troca mais frequente das roupas de cama e tudo é realizado com a orientação da CCIH (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar) e pela própria Vigilância Sanitária.

MATERNIDADE MUNICIPAL

Em um hospital de média complexidade como a Maternidade Municipal Lucilla Ballalai não é possível manter uma gestante com suspeita ou diagnosticada com Covid-19. Segundo o diretor da maternidade, o médico Eduardo Cristófoli, nesses casos a paciente é encaminhada ao HU (Hospital Universitário). “A transferência é realizada via central de regulação do HU. Existe toda uma rede consolidada, preparada para essa remoção”, explicou.

Ele disse que a condição da paciente é investigada em todos os momentos do atendimento. “Desde a recepção já é aberto um procedimento específico para a paciente caso ela manifeste dificuldade respiratória. Os recepcionistas usam máscara ou face shield em tempo integral durante a permanência na maternidade e há uma limitação para o paciente não chegar muito perto do balcão. Caso essa dificuldade respiratória seja identificada, nós disparamos um atendimento diferenciado."

No acolhimento pelo técnico de enfermagem e no atendimento médico as queixas sempre são avaliadas e sempre damos a oportunidade da paciente manifestar qualquer tipo de queixa, além, é claro, das obstétricas.”

Questionado se já houve algum caso de gestante com diagnóstico fechado de Covid-19 na unidade, Cristófoli assegura que não. “Já teve gestante com SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave). Nesses casos a equipe utiliza todo aparato necessário para fazer exame físico e posteriormente a paciente é encaminhada ao HU”, explicou, informando que mesmo as gestantes com SRAG são poucas.

“São poucos servidores nossos desenvolvendo síndrome respiratória grave, e nenhum dos nossos testou positivo. Isso mostra que no nosso local de trabalho essa prevenção está bem em dia”, ressaltou o diretor da maternidade. A Maternidade Lucilla Ballalai realiza atendimento de 750 a 900 pacientes por mês e o número de partos gira em torno de 230 mensais.

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EVANGÉLICO

A ginecologista e obstetra do Hospital Evangélico de Londrina, Flávia Renata Motta Zanoni Albernaz, explica que em caso de não suspeita de coronavírus, as boas práticas são mantidas, como o clampeamento tardio de cordão umbilical, a aproximação imediata da mãe e do bebê após o parto, o contato pele a pele, a disponibilização de alojamento conjunto, o apoio e orientação das mães durante as primeiras amamentações, além de outras rotinas de trabalho.

“Inclusive a presença do acompanhante é um direito da gestante garantido por lei. O que tem de cuidados nesta pandemia é o uso de máscaras tanto pela parturiente quanto pela acompanhante, restringimos as visitas hospitalares e são permitidas apenas as equipes assistenciais do trabalho de parto. A equipe de fotografia, por exemplo, está proibida de entrar”, apontou.

“Para casos que a parturiente tenha suspeita de ter Covid-19, ela não fica na maternidade, fica em isolamento. Essa é uma dúvida frequente dos pacientes: no andar da maternidade não ficam pacientes suspeitos", reforça.

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| Foto: Folha Arte

CAMBÉ

O hospital São Francisco Instituto Vida, de Cambé (Região Metropolitana de Londrina), realiza de 25 a 30 partos por mês. A coordenadora da enfermaria obstétrica do hospital, Tatiane Tokushima, afirma que não teve caso algum de Covid-19 na instituição. “Durante essa pandemia a maior preocupação das gestantes tem sido essa. O nosso setor é separado do restante do hospital e a equipe não é a mesma de Covid-19”, destacou. Desde que começou a pandemia alguns consultórios foram reorganizados e hoje há o quarto de isolamento caso alguma paciente que tenha passado pelos protocolos de triagem apresentasse sintomas.

Ela explica que o treinamento sobre todos os protocolos é organizado sob orientação do CCIH e é realizado individualmente. “Nós realizamos esse treinamento não só por conta da pandemia, mas pelo cenário que estamos vivendo todos têm entendido a necessidade de se atualizar e se lembrar de orientações que receberam anteriormente.”