São Paulo - O surgimento de novas variantes do coronavírus é plenamente possível, disse nesta quinta-feira (6) Michael Ryan, diretor-executivo do programa de emergências em saúde da OMS (Organização Mundial da Saúde), ao ser questionado se a ômicron poderia ser a última cepa do Sars-CoV-2. "Podemos ter esperança [de ser a última variante], mas não fazemos o suficiente para evitar novas [cepas]", afirmou Ryan.

Imagem ilustrativa da imagem Para OMS, pensar que ômicron será a última variante é muito otimista
| Foto: LEONARDO MUNOZ / AFP

Ele destacou que bilhões de pessoas ainda não se vacinaram e isso é um fator importante, porque colabora para o vírus se modificar.

Maria Van Kerkhove, líder técnica do programa de emergência da Covid-19, também indicou que a falha na vacinação da população mundial é um grande risco para o surgimento de novas variantes. "Quanto menos esse vírus circular, menos oportunidade de mudar. Portanto, se vacinar é crucial, é importante", afirmou.

O diretor-geral da organização, Tedros Adhanom, afirmou que, na taxa atual de vacinação, "109 países não atingirão a meta de vacinar toda a população até o início de julho de 2022". O diretor reiterou a importância de uma maior equidade na distribuição dos imunizantes ao redor do mundo.

Adhanom chamou atenção ainda para o risco de que, embora "a ômicron pareça ser menos severa do que a delta, isso não quer dizer que ela deve ser classificada como leve". "Assim como nas variantes anteriores, a ômicron está causando hospitalizações e mortes", completou.

Na quarta passada (29), Adhanom afirmou que o "tsunami" criado pela circulação simultânea das variantes delta e ômicron estava levando "os sistemas de saúde à beira do colapso". A disseminação acelerada da ômicron pode ser vista no aumento de casos de Covid-19 em algumas regiões do planeta desde dezembro.

No continente americano, segundo dados do boletim epidemiológico da OMS, também divulgado na quarta passada (29), havia aumento de 39% nos diagnósticos da infecção quandos comparados com a semana anterior.

NO BRASIL

No Brasil, já existe uma grande pressão por atendimentos em hospitais públicos e privados por causa da alta de casos de gripe e Covid. Além disso, a média móvel de infecções de Sars-CoV-2 cresceu 223% em relação aos dados de duas semanas atrás.

Caracterizada pela alta capacidade de transmissão, a ômicron já é a cepa predominante em alguns países, como os Estados Unidos e Reino Unido. No Brasil, um levantamento divulgado na última semana de 2021 indicou que ela já é responsável por mais de 30% das infecções por coronavírus e foi encontrada em oito estados do país.

Estudos também já indicaram que a nova variante é menos agressiva quando comparada a outras cepas, como a delta. Mesmo assim, em razão de ela ser muito mais transmissível, pode levar a situações extremas de demanda nos sistemas de saúde.

A OMS, em entrevista coletiva anterior, já tinha afirmado que o uso somente de vacinas não será suficiente para barrar a transmissão da ômicron. Os especialistas reiteram a importância de tomar outras ações, como evitar grandes aglomerações, usar máscaras de proteção e dar preferência por ambientes bem ventilados.

Ainda em relação a vacinas, as farmacêuticas já realizam estudos para mensurar se os imunizantes são eficazes contra a variante. A BioNTech e a Pfizer, por exemplo, disseram que três doses da sua vacina neutralizaram a nova variante em um teste de laboratório.

Outro estudo realizado com a Janssen sugeriu que uma dose extra da vacina reduz as hospitalizações causadas pela ômicron, reiterando as evidências de que o reforço é essencial contra a cepa.

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