"Os médicos falaram que aconteceu um pouco por predisposição genética e um pouco por falta de cuidado", explica  o publicitário Douglas Inoue, que se recupera de um infarto
"Os médicos falaram que aconteceu um pouco por predisposição genética e um pouco por falta de cuidado", explica o publicitário Douglas Inoue, que se recupera de um infarto | Foto: Ricardo Chicarelli



O grande número de casos de infarto na atualidade, diz o cardiologista Eduardo Pesaro, está associado ao envelhecimento populacional no País. Quanto maior o número de idosos, maiores são os riscos de infarto. Por essa razão, o Brasil e todos os países desenvolvidos ou em desenvolvimento no mundo têm como principal causa de morte o infarto. Apenas nos países muito subdesenvolvidos, com população mais jovem e pobre, as causas de morte prevalecentes são outras.

Aos 77 anos, o aposentado José Almeida jamais imaginou que pudesse vir a sofrer um infarto e não se preocupava com a saúde do coração. Apesar de diabético e hipertenso, considerava boas suas condições clínicas e "dava graças a Deus" por não ser cardíaco, como a esposa. Tomava os medicamentos para controle das doenças crônicas e mantinha a rotina diária, de quase nenhuma atividade física e dieta sem restrições. Nunca apresentou qualquer sintoma que pudesse indicar a predisposição a um infarto. "Sou carnívoro. Gosto de uma carninha, mas nunca me preveni, não sentia nada. Ninguém me disse que a pressão alta e o diabetes poderiam causar infarto. Eu tomava os remédios (para controle das doenças) todos os dias", contou.

No último dia 15, Almeida estava deitado aguardando a esposa preparar o café da manhã quando sentiu a vista escurecer e perdeu a força nos braços. Ele se lembra de ouvir uma voz dizendo que ele estava infartando. "Acho que a causa foi a pressão alta", concluiu. Dez dias depois, Almeida teve alta hospitalar e deixou o internamento sem sequelas. "Agora a minha vida vai ser de um infartado. Vou ter que mudar meus hábitos. Ou mudo ou vou lá para cima", disse.

CORRERIA
Contrariando as estatísticas, o publicitário Douglas Inoue sofreu um infarto aos 40 anos de idade. Há cerca de dois anos ele havia feito um check up que indicou alterações sem gravidade, mas as orientações médicas eram para tomar medicamentos e retornar para uma nova consulta. Ele tomou os remédios, refez alguns exames, mas nesse período as filhas gêmeas nasceram e a correria do dia a dia não permitiu que ele retornasse para uma nova consulta. "Ficamos meio por conta delas, deixei para daqui a pouco, mas o daqui a pouco não existe", disse.

No dia 12 de janeiro, no final da tarde, Inoue havia chegado em casa após sair para fazer compras e sentiu um mal estar. Primeiro dor de barriga e náuseas, quando começou uma dor no peito mais insistente, procurou o pronto atendimento, onde foi constatado o infarto e feito o encaminhamento para o hospital. "Na madrugada do dia 13 fiz um primeiro procedimento para abertura de uma veia completamente entupida e fiz um segundo procedimento no dia 18. Coloquei três stents (prótese colocada no interior da artéria para evitar a obstrução)", contou.

Inoue fazia atividade física, tinha uma alimentação sem muitos exageros, não tinha caso de problemas cardíacos na família, não é fumante nem diabético ou hipertenso. "Os médicos falaram que aconteceu um pouco por predisposição genética e um pouco por falta de cuidado. Pelo que falaram, para prevenir tem que fazer um exame muito mais apurado do que o que eu fiz. Os básicos não chegam a detectar a possibilidade de infarto."

Em fase de recuperação de um infarto extenso, o publicitário se conscientizou de que se quiser ter qualidade de vida de agora em diante terá que mudar a rotina de alimentação, atividade física, rotina de trabalho. "Não quero perder a chance de ver minhas filhas crescerem." (S.S.)