O glaucoma é uma das doenças oculares mais prevalentes e a maior causa de cegueira evitável em todo o mundo. Para conscientizar a população a respeito do tema, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), juntamente com a Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG), promoverá no dia 25 de maio, a partir das 9h, o evento “24h pelo Glaucoma”. Realizado em formato online, por meio das redes sociais do CBO, o encontro contará com a participação de oftalmologistas, representantes de órgãos competentes, celebridades e pacientes que convivem com a doença – todos unidos para discutir o enfrentamento a esse problema de saúde pública.

Estudos estimam que de 1% a 2% da população mundial conviva com o glaucoma. As projeções são preocupantes: 111,8 milhões de pessoas podem sofrer com a doença até 2040. No Brasil, a estimativa é que pelo menos 900 mil tenham o diagnóstico de glaucoma. Os especialistas alertam que essa doença é a principal causa de cegueira evitável no mundo, sendo assintomática nas fases iniciais. Sem diagnóstico e tratamento precoces, ela pode progredir durante anos até os primeiros sintomas.

FONTE CONFIÁVEL

Segundo a presidente do CBO, Wilma Lelis, o objetivo do “24h pelo Glaucoma” é difundir informações médicas, com evidência científica, com linguagem acessível para que a população tenha uma fonte confiável.

“Glaucoma não dá sintomas, via de regra. Quando se percebe a perda visual e a causa é o glaucoma, já se tem uma doença avançada e, o que é pior, irreversível. É preciso que a população entenda a necessidade de se consultar regularmente com um oftalmologista. Somente esse especialista é capaz de realizar o diagnóstico preciso na fase inicial da doença e indicar qual a melhor opção de tratamento adequado para cada pessoa”, explica.

O “24h pelo Glaucoma” ocorre tradicionalmente em maio em virtude do Dia Nacional do Combate ao Glaucoma, celebrado no dia 26 de maio. Como parte das comemorações, a maratona online pretende sensibilizar os espectadores e, para tanto, apela, inclusive, para o peso de celebridades que dão dicas. Em edições anteriores, nomes como Tony Ramos, Caco Ciocler, Carlinhos Brown, entre outros, emprestaram sua imagem e voz para essa causa.

Além disso, a programação abordará assuntos como: causas e fatores de risco; diferentes tipos de glaucoma; sintomas; exames que auxiliam no diagnóstico precoce; tratamento por meio de laser, colírios e cirurgia; entre outros.

Também estão previstos debates sobre tópicos que costumam gerar dúvidas nos pacientes, com base em dados fornecidos pelo Google. Dentre os temas, estão a possibilidade de se ficar cego após o diagnóstico de glaucoma; as chances de uma pessoa com a doença enxergar bem; as faixas etárias mais vulneráveis; e as melhores formas de controlar essa doença.

DOENÇA CRÔNICA

Doença crônica que leva a atrofia do nervo óptico, ou seja, a estrutura responsável por permitir ao cérebro reconhecer as formas e cores captadas, o glaucoma é uma doença progressiva, se não tratada adequadamente, não sendo possível a reversão das perdas. No SUS (Sistema Único de Saúde) é possível contar com o suporte de médicos e ter acesso a medicamentos, exames e procedimentos de diagnóstico e tratamento.

Um dos principais fatores de risco associado ao desenvolvimento do glaucoma é o aumento da pressão intraocular. O histórico da doença na família, ser negro, ter idade acima de 40 anos e presença de miopia em graus altos são alguns outros fatores.

“É uma doença que deve ser diagnosticada precocemente, uma vez que quanto mais precocemente os cuidados forem introduzidos, maiores as chances de mantê-la sob controle. Por isso, é recomendado que os pacientes façam visitas regulares aos oftalmologistas. Além disso, ao realizarem exames preventivos, os pacientes ajudam a prevenir outras doenças assintomáticas”, observa Cristiano Caixeta Umbelino, coordenador da campanha.

TIPOS DE GLAUCOMA

Glaucoma primário de ângulo aberto. Este é o tipo mais comum dos glaucomas. Um problema no sistema de drenagem interno (“encanamento”) do olho faz com que a pressão intraocular fique suficientemente alta, com a consequente lesão do nervo óptico. Evolui, geralmente, de maneira lenta e progressiva, e os pacientes normalmente não percebem nada de errado com a visão.

Glaucoma de ângulo fechado. Este é o segundo tipo mais comum, no qual o problema é uma obstrução da abertura do sistema de drenagem (“fechamento do ralo”). Esta obstrução pode ocorrer de maneira rápida e extensa, resultando num aumento súbito da pressão intraocular, dor forte, enjoo e visão turva. Esta situação mais grave é chamada de glaucoma agudo, mas felizmente representa uma pequena parte dos casos de glaucoma de ângulo fechado. A maioria evolui de maneira mais lenta e sem sintomas.

Glaucoma secundário. Quando o glaucoma ocorre por algum outro fator que leva ao aumento da pressão intraocular, como trauma, uso de medicação a base de corticoide, tumores, inflamações, hipertensão arterial e diabetes.

Glaucoma congênito. Este tipo afeta bebês e crianças pequenas e é resultado de um erro na formação do sistema de drenagem do olho, causando o aumento da pressão intraocular logo ao nascimento ou nos primeiros meses de vida. Os sinais de alerta são um olho grande e sem brilho, lacrimejamento, grande sensibilidade à luz, que faz com que a criança fique com as pálpebras bem fechadas em ambientes muito iluminados.

TRATAMENTO

O tratamento do glaucoma comprovadamente eficaz consiste na redução dos níveis de pressão intraocular, que pode ser obtida através de:

Colírios: são utilizados uma ou duas vezes por dia; sendo que, às vezes, mais de um colírio pode ser necessário para o controle da pressão intraocular. O glaucoma é uma doença crônica que, infelizmente, não tem cura, mas há controle como nas doenças de hipertensão arterial e diabetes. Assim, eles devem ser aplicados de maneira correta e utilizados regularmente, todos os dias.

Laser: existem diversos tipos de laser para o tratamento do glaucoma, sendo que a trabeculoplastia seletiva a laser é um procedimento que pode reduzir a pressão intraocular por algum tempo, e com raras complicações.

Cirurgias: existem diversas técnicas cirúrgicas para reduzir a pressão intraocular e controlar o glaucoma. As técnicas tradicionais e bem conhecidas são a trabeculectomia e o implante de tubo de drenagem; e várias técnicas novas estão disponíveis, porém ainda carecem de bons níveis de evidência sobre a indicação, eficácia e segurança a médio e longo prazo.

Importante ressaltar que o paciente submetido a tratamentos a laser ou cirúrgicos ainda precisam de acompanhamento frequente com o oftalmologista, pois esses procedimentos podem ser insuficientes ou perder o efeito com o tempo.

Cada caso deve ser avaliado individualmente pelo médico oftalmologista para que se possa definir a abordagem de tratamento mais adequada.

(Com informações da assessoria do Conselho Brasileiro de Oftalmologia)