O jornal Obesity publicou em 30 de abril os resultados de uma pesquisa com crianças obesas que já eram acompanhadas antes do isolamento social. Os resultados apontaram que houve um aumento médio de uma refeição a mais por dia e meia hora a mais de sono. Além disso, as crianças gastaram cinco horas a mais em frente às telas e duas horas a menos de atividade física por semana.

Imagem ilustrativa da imagem Obesidade; de olho nos hábitos das crianças
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Apesar de o estudo ter sido aplicado em Verona, na Itália - uma das regiões mais atingidas pela pandemia da Covid-19 - os dados não deixam de ser um reflexo do cenário atual de muitos países, como o Brasil. O docente de Educação Física da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Felipe Arruda Moura, destaca que os índices de sobrepeso e obesidade no público infantil vêm crescendo ao longo das décadas.

“No ano de 1989, ou seja, quase 30 anos atrás, apenas 15% das crianças apresentavam sobrepeso e só 4% eram obesas. Atualmente, 35% estão com sobrepeso e a obesidade ultrapassa os 16%. E tem um dado clássico de que 80% das crianças obesas chegam à fase adulta com obesidade. Isso só reforça que a criança tem que ser ativa e encontrar prazer na atividade que faz”, diz.

O Grupo de Trabalho sobre Atividade Física da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) publicou algumas orientações sobre a prática de esportes e a importância de movimentar o corpo durante e depois da quarentena. Mas o coordenador do grupo, dr. Ricardo do Rego Barros, lembra que atividades feitas de forma desregulada, após longo período de sedentarismo, podem desencadear efeitos agudos negativos sobre o organismo.

“A duração e a intensidade do exercício devem ser observadas, pois a atividade física tem efeitos relevantes sobre o sistema imunológico, inclusive com ação anti-inflamatória, fato especialmente importante nessa pandemia de Covid-19. Na prática, isso significa que exercícios moderados aumentam as defesas do organismo, ao passo que exercícios muito intensos podem causar imunossupressão”, afirma.

HORÁRIO ESTIPULADO

Sobre alimentação, a presidente do Departamento Científico de Nutrologia da SBP, Virgínia Weffort, destacou em uma publicação oficial que é necessária uma atenção especial atualmente. “As crianças estão ficando em casa e acabam comendo o dia todo, então, é importante que as refeições tenham ainda um horário estipulado e sejam mantidas as atividades físicas. Essas atividades podem ser brincar, pular corda, dançar ou ajudar em algumas tarefas domésticas, por exemplo, para que as crianças possam gastar energia. É importante que elas não fiquem o dia inteiro vendo televisão ou mexendo em smartphones e tablets”.