A SBHCI (Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista) alerta que houve uma redução de 70% nos atendimentos de infarto no país. Isso significa que as pessoas estão, muito provavelmente, com medo da pandemia do Covid-19 e mesmo infartando não buscam socorro médico. Para mudar essa realidade, a SBHCI lançou a campanha “O infarto não respeita quarentena”, com o objetivo de fazer com que as pessoas identifiquem o sinal de infarto e busquem imediatamente o atendimento médico, em caso de suspeita.

Imagem ilustrativa da imagem 'O infarto não respeita quarentena'

“Muitos pacientes estão com medo de entrar em contato com paciente que tenha Covid-19 e deixando de ir ao consultório e tratar de maneira adequada essas patologias. Com isso há um desfecho em que ele apresenta infarto ou AVC (acidente vascular cerebral)", reforça o cardiologista Laércio Uemura, de Londrina. O médico afirmou que a hipertensão arterial e as doenças coronarianas continuam evoluindo. “Elas não pararam desde que a pandemia do Covid-19 se instalou. Ainda há a necessidade de controle dessas doenças, que representam a maior causa de mortes no Brasil”, destacou.

Segundo ele, o número de cirurgias eletivas que antecipam o quadro agudo de infarto caiu e ultimamente estão sendo realizados somente os cateterismos de urgência, quando o infarto já aconteceu. “O atendimento prévio, em consultórios, em UPA ou em Pronto Socorro poderia evitar que houvesse necessidade de realizar esse cateterismo de urgência. Aqui em Londrina a gente vê vários pacientes que estão sendo atendidos já com quadro de infarto”, apontou.

Uemura ressaltou que os hospitais, prontos atendimentos e consultórios de Londrina já estão orientados e já reorganizaram o fluxo dos pacientes. “Os hospitais de Londrina já separaram o fluxo, e os pacientes com quadros respiratórios são atendidos isolados de outras pessoas. Os consultórios têm feito um fluxo de horário mais espaçado. Lógico que em hospital a chance de contato é maior, mas na clínica a chance para avaliações e prevenções os consultórios têm tomado cuidados para diminuir essas chances. O importante é a proteção individual, o uso de máscaras. É preciso evitar tocar o rosto, evitar tocar qualquer objeto no consultório e higienizar sempre as mãos. É preciso ter esses cuidados”, destacou. “Os médicos também disponibilizam atendimento através de telemedicina, por diferentes plataformas. Cada paciente pode conversar com seu médico para ver se há a possibilidade desse tipo de orientação”, apontou.

DESCULPA OU FATOR

O hemodinamicista e diretor da SBHCI, Marcus de Paiva Theodoro, atua em Maringá (Noroeste) nos hospitais Santa Rita e Bom Samaritano. Ressalta que a quarentena ou distanciamento não pode ser uma desculpa ou fator para não procurar atendimento médico. “Essa campanha é para as pessoas ficarem atentas, pois o infarto e o AVC são emergências médicas, cujo não reconhecimento dos sinais e sintomas pode ser fatal. A tentativa de prevenção de catástrofes como essas independe da quarentena. Em caso de sintoma procure um médico imediatamente. Não dá para esperar o dia seguinte. O tratamento pode recuperar a vida do paciente”, reforçou.

O especialista reforça que em caso de emergência, a busca de ajuda no hospital é obrigatória. As instituições estão equipadas não apenas para cuidar de pessoas com covid-19, mas também daqueles que têm outros problemas de saúde com risco de vida, diferentemente das residências, que não possuem pessoal qualificado e nem equipamentos adequados.

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