Cor da sensibilidade e da individualidade, o roxo dá o tom para uma campanha mundial, simbolizando a causa da prematuridade. Neste ano, o tema do Novembro Roxo “Separação zero – Aja agora! Mantenha pais e bebês prematuros juntos” busca sensibilizar famílias, profissionais e instituições de saúde para a importância do contato entre pais e bebês, assim como do pré-natal e dos cuidados intensivos.

A prematuridade é a principal causa mundial de mortalidade infantil antes dos cinco anos. No ranking global de partos prematuros, o Brasil ocupa a 10ª posição
A prematuridade é a principal causa mundial de mortalidade infantil antes dos cinco anos. No ranking global de partos prematuros, o Brasil ocupa a 10ª posição | Foto: iStock

“Os cuidados intensivos são muito importantes para a sobrevida desses bebês. Eles são monitorados 24 horas, com toque mínimo para a administração das medicações e há um controle na temperatura das incubadoras. O silêncio do ambiente hospitalar também é fundamental, assim como a presença dos pais sempre que possível”, afirma a pediatra Luana Takeda Imamura, que atua na maternidade do Hospital Evangélico de Londrina.

A prematuridade é a principal causa mundial de mortalidade infantil antes dos cinco anos. Ao redor do mundo, um a cada 10 bebês nasce antes das 37 semanas de gestação. No ranking global de partos prematuros, o Brasil ocupa a 10ª posição. Segundo a ONG Prematuridade, são 340 mil famílias passando pela experiência da prematuridade todo ano em território brasileiro, representando 12% do total de nascimentos.

A pediatra explica que a maior preocupação quando se fala em prematuridade é a repercussão nos principais órgãos de sobrevivência, afetando a parte pulmonar, cardíaca e neurológica. “Antes das 37 semanas, os órgãos ainda estão em formação, assim como outros sistemas do organismo que também são fundamentais como, por exemplo, acuidade visual e auditiva dos bebês, e podem ser afetados, mas que em muitos casos, não colocam a vida dos bebês em risco como quando falamos de regiões como o pulmão, coração e o cérebro”, diz

FATORES DE RISCO

Alguns fatores de risco estão associados aos partos prematuros. Um deles que merece bastante atenção, segundo a pediatra, é o pré-natal. “A maioria dos pacientes que não fazem o pré-natal e não seguem as orientações dos obstetras, tem um índice mais elevado para a prematuridade. É claro que cada gestação é única, mas há fatores modificáveis, que podem prevenir o parto prematuro”, afirma.

De acordo com a ONG Prematuridade, as mulheres que já passaram por um parto prematuro, que estão grávidas de gêmeos ou múltiplos ou com história de problemas de colo do útero ou uterinos estão em maior risco para trabalho de parto prematuro. Outros fatores de risco são fumo, álcool, drogas, estresse, infecções do trato urinário, sangramento vaginal, diabetes, obesidade, baixo peso, pressão alta ou pré-eclâmpsia, distúrbios de coagulação, algumas anomalias congênitas do bebê, gestações muito próximas (menos de 6 a 9 meses entre o nascimento de um bebê e ficar grávida novamente), gravidez fruto de fertilização in vitro e idade menor de 17 anos e acima de 35.

MURAL DE FOTOS E RELATOS

Em Londrina, algumas ações estão sendo realizadas nos ambientes hospitalares para marcar o Novembro Roxo. No Hospital Evangélico, que atende cerca de 50 bebês prematuros por mês, um mural de fotos do nascimento, internação e das crianças já crescidas foi montado junto com depoimentos de pais, nos corredores das unidades. Os pais de bebês prematuros também recebem chaveiros de crochê de pequenas luvas roxas, que simbolizam a mensagem “Lute como um prematuro”. Outra ação especial é o ensaio fotográfico feito com 20 crianças com fantasias de heróis O trabalho é todo elaborado pelos profissionais na área, com a ajuda de voluntários.

No HU (Hospital Universitário) da UEL (Universidade Estadual de Londrina), um mural “De Família para Família” foi instalado no Dia Mundial da Prematuridade (17 de novembro) para que mães e pais escrevam relatos de apoio e um pouco da própria história. Na data também foi lançado um vídeo institucional com o tema “Prematuridade pelos olhos dos profissionais”.

A incidência da prematuridade no HU de Londrina é alta pelo fato de o hospital ser referência em gestação de alta complexidade e risco. Em 2021, até o início deste mês, a instituição registrou 226 internações na UTI Neonatal de bebês nascidos antes das 37 semanas. Ações como capacitação do Protocolo de Manipulação Mínima para Prematuros Extremos, e a pesquisa sobre a experiência do paciente, em parceria com a Ouvidoria do Hospital, também foram promovidas dentro da campanha Novembro Roxo.

MÉTODO CANGURU

Ambas instituições realizam práticas humanizadas, como o Método Canguru, que favorece o vínculo mãe e bebê, com contato pele a pele. O Método Canguru é uma política pública que está sendo ampliado no Brasil dentro das ações do Pacto de Redução da Mortalidade Materna e Neonatal.

Além do vínculo entre pais e o bebê e o incentivo ao aleitamento, a prática permite um controle térmico adequado aos bebês, contribui para a redução do risco de infecção hospitalar, reduz o estresse e a dor do recém-nascido e melhora a qualidade do desenvolvimento neurocomportamental e psico-afetivo do recém-nascido.

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.