Entre tantas alterações de rotina e comportamento, o cuidado com a saúde mental precisa ser intensificado. Vanessa Ximenes, psicóloga clínica e membro do “Projeto Suporte Psicológico Covid-19", da UEL (Universidade Estadual de Londrina), explica sobre como a mudança de comportamento atua e como as alterações podem afetar o emocional mesmo após a crise.

Diferentes fatores podem alterar nosso comportamento, como a duração, intensidade e características dos acontecimentos
Diferentes fatores podem alterar nosso comportamento, como a duração, intensidade e características dos acontecimentos | Foto: iStock

“Diferentes fatores podem alterar nosso comportamento, como a duração, intensidade e características dos acontecimentos”, indica. “Algumas pessoas podem se comover com as mortes pela Covid-19 e sua recorrência em período prolongado e adotar medidas de proteção (isolamento, higienização, uso de máscara). Outras pessoas podem alterar condutas e hábitos a partir do momento que perdem pessoas próximas”, acrescenta. A psicóloga também cita quando a própria pessoa é afetada pela doença e passa a enxergar o momento com novos olhos.

Adotar novos hábitos na rotina exige adaptação e o tempo exposto a essa alteração interfere no processo, mas a psicóloga afirma que quando se trata de mudança de comportamento, o tempo não é o fator principal. “Mais do que pensar na duração e no tempo que se leva para se adaptar a uma nova realidade, precisamos refletir sobre qual é a nova realidade que queremos e como cria-la", indica.

Sobre mudança a longo prazo, ainda que haja alteração de comportamento durante a crise, não há garantia de que o comportamento vá perdurar na pós-pandemia. “O indivíduo pode avaliar que as condutas aprendidas anteriormente não são mais necessárias nesse novo contexto”, aponta.

SAÚDE MENTAL

Segundo Ximenes, as formas como as pessoas estão lidando com os novos hábitos e exigência de novos comportamentos são diferentes para cada pessoa e o retorno à normalidade enquanto aquilo que vivíamos antes da Covid-19 pode trazer consequências à saúde mental, como ansiedade, depressão e desesperança.

Atuando em projeto que dá suporte psicológico diante das consequências decorrentes do novo coronavírus, a psicóloga afirma ter avaliado a necessidade de cuidados que visam a redução de danos psicológicos após a pandemia, esperando que o exercício do cuidado da saúde mental possa se consolidar.

“Alguns caminhos para isso é o fortalecimento e valorização do SUS enquanto um sistema que propõe saúde integral e universal. E claro, não podemos esquecer o papel fundamental das universidades públicas, que se baseiam no tripé ensino, pesquisa e serviços para a comunidade, e que têm atuado ativamente nessas três frentes”, defende.