A pandemia de Covid-19 mudou para sempre a relação do mundo com as vacinas, gerando produção e inovações sem precedentes, mesmo que os países pobres continuem ficando para trás. No início da Semana Mundial da Imunização, confira a seguir um panorama geral sobre as vacinas.

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. | Foto: Jose Fernando Ogura/AEN

Por que e para quem?

Atualmente há vacinas para mais de 20 doenças potencialmente mortais e a vacinação permite evitar entre 2 e 3 milhões de mortes por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Até o surgimento da Covid-19, a vacinação dizia respeito a grupos específicos, por exemplo, crianças, no caso da vacina contra a poliomielite, ou idosos e pacientes imunossuprimidos, para os quais a vacina contra a gripe era recomendada.

Antes da pandemia, a produção anual era de 5 bilhões de doses, às quais somaram-se ao menos 11 bilhões de doses de vacinas contra a covid-19 produzidas em 2021.

No caso deste coronavírus, a fórmula foi sintetizada rapidamente, mas este não é o caso para várias doenças infecciosas, como o HIV.

Várias tecnologias

Após a descoberta da primeira vacina contra a varíola pelo médico britânico Edward Jenner no século XVIII, a gama de imunizantes cresceu consideravelmente.

As vacinas mais tradicionais usam uma tecnologia que se baseia em um vírus inativo, ou seja, um vírus morto, mas que conserva a capacidade de gerar uma resposta imune, como é o caso do vírus da gripe.

Existe outra tecnologia semelhante que é o uso de um vírus atenuado por vários processos químicos, usado em vacinas tríplices virais contra sarampo, caxumba e rubéola.

Outras tecnologias surgiram recentemente, como vacinas de subunidade e vacinas com vetor viral, que usam um adenovírus como vetor para apresentar ao sistema imunológico um fragmento do vírus contra o qual o organismo precisa produzir anticorpos, como a fórmula contra o ebola.

As últimas inovações são as vacinas por RNA mensageiro, que antes de 2020 nunca foram comercializadas. Esta tecnologia funciona ativando a imunidade humana a partir da injeção do RNA mensageiro de fragmentos do vírus.

Novos atores

Tradicionalmente, o mundo das vacinas era restrito a poucos grandes laboratórios, porque os investimentos necessários para o desenvolvimento de um novo composto são consideráveis. "Existia a preservação de alguns poucos. O RNA mensageiro representa uma mudança no baralho", diz Loïc Plantevin, especialista em saúde da consultoria Bain & Company.

Antes da pandemia, quatro gigantes controlavam 90% do mercado: as americanas Pfizer e MSD, a britânica GSK e a francesa Sanofi.

Com exceção da Pfizer - associada à empresa de biotecnologia BioNTech - nenhuma dessas farmacêuticas conseguiu produzir uma vacina contra a Covid.

A pandemia de Covid-19 revolucionou o setor com o surgimento de atores como BioNTech e a empresa americana Moderna, que criou as primeiras vacinas de RNA. Isso também impulsionou a produção em regiões relegadas da distribuição na primeira fase da pandemia.

Diante da desigualdade no acesso às doses, a OMS lançou um programa para instalar centros de produção de vacinas de RNA mensageiro em seis países africanos a partir de 2024.

Quais são os próximos passos?

Agora, a Moderna busca avançar com a produção de uma vacina contra a dengue, o ebola e a malária.

"A tecnologia de RNA ainda precisa de tempo e melhorias", alertou Loïc Plantevin. Especificamente a conservação, que é o ponto fraco desta tecnologia.

O prêmio Nobel de medicina Charles Rice disse à AFP no final de 2020: a crise da covid "mudou a forma de fazer ciência, para promover um esforço comum, mais que um trabalho individual em diferentes laboratórios, isolados", como se fazia há anos.

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