'Não tem como ser a mesma pessoa depois do câncer'
A professora Amanda Valeiro, 32, diz ser ilusão pensar que mulheres jovens não têm a doença e afirma que o câncer não é uma sentença de morte
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segunda-feira, 26 de outubro de 2020
A professora Amanda Valeiro, 32, diz ser ilusão pensar que mulheres jovens não têm a doença e afirma que o câncer não é uma sentença de morte
Micaela Orikasa - Grupo Folha
Todas as associações que a professora Amanda Crispim Ferreira Valerio, 32, de Londrina, buscou ao receber o diagnóstico de câncer de mama, não fazia sentido para ela. “Sou jovem, nunca fumei, não bebo bebida alcóolica, não tomo anticoncepcional e não tenho nenhum histórico de câncer na família. Eu tinha certeza que não era algo preocupante”, conta.
Mas os exames revelaram o contrário. Valerio estava com um tumor agressivo e de crescimento rápido na mama direita. Passou por 16 sessões de quimioterapia, cirurgia para retirada de um quarto da mama (quadrantectomia) e 34 sessões de radioterapia. Ela terminou o tratamento em julho de 2019 e há um ano está em remissão, fazendo acompanhamento de quatro em quatro meses. Quando chega o mês de outubro, Valerio e milhares de mulheres repensam sobre todas as mudanças, angústias e aprendizados que a doença trouxe consigo.
“Não tem como ser a mesma pessoa depois do câncer. Você e nem a sua família, porque a doença mexe com todo mundo que está à sua volta. Tem muitas coisas no tratamento que a gente não pode escolher, mas a forma como a gente passa por ele, sim. Existe a Amanda antes do dia 6 de agosto e a Amanda depois dele. Eu consegui, em todas as etapas da doença, aproveitar o melhor delas e aprender muito”, conta.
Um grande aprendizado foi entender que é ilusão pensar que mulheres jovens não têm câncer de mama e outro, o mais importante, é de que o câncer não é uma sentença de morte. “É uma oportunidade de viver uma nova vida e o fato de eu ter tido jovem me ajudou a rever muita coisa em tempo hábil. Eu tive a oportunidade de ter um tratamento de qualidade, mas sei que não é todo mundo que têm acesso. Estou aproveitando cada etapa para viver de uma forma nova, com muita gratidão. É preciso viver independente de cura. Tenho muitas amigas com câncer metastático, vivendo plenamente, vivendo de forma saudável e comecei a entender que a vida é agora”, desabafa.