A Covid-19 está mudando a maneira como os hospitais e serviços de saúde funcionam para preservar a saúde dos pacientes, da equipe médica e da comunidade e reduzir a disseminação da Covid-19. Nos partos isso não é diferente. A enfermeira Sarita Rufino Melhado, 30, atua no serviço público de Alvorada do Sul (Região Metropolitana de Londrina) e deu à luz no Hospital Evangélico, em Londrina, em 25 de abril, quando já havia iniciado a pandemia. Ela ressalta que por ser profissional da saúde o sentimento de medo gerado pela Covid-19 foi pior. “Isso ocorreu porque conhecemos a real gravidade e as estatísticas da disseminação da Covid-19”, apontou. “O meu medo era de contrair o vírus e desenvolver a doença de forma grave com a Manuela na barriga, mesmo que ainda não tenha sido registrado caso de transmissão de Covid-19 via placentária”, observou.

Sarita Rufino Melhado:  "Quando Manuela crescer vou contar que ela nasceu em um momento de extrema turbulência"
Sarita Rufino Melhado: "Quando Manuela crescer vou contar que ela nasceu em um momento de extrema turbulência" | Foto: Acervo pessoal

PRIMEIRA FILHA

Mesmo com a chegada da Manuela, a preocupação com a saúde dela continua. "A gente mantém o isolamento social”, resume. Ela diz que os novos protocolos, por questão de segurança, foram o que havia de melhor, mas por ser a primeira filha, a restrição de visitas foi frustrante. “Lógico que por conta da segurança foi melhor, mas eu queria receber visitas, levar lembrancinhas de maternidade, tirar fotos, mas não foi possível.”

Mesmo com tudo isso, ela diz que a data será lembrada como algo especial. “Quando ela crescer vou contar para minha filha que ela nasceu em um momento de extrema turbulência. O parto foi normal, humanizado e em um local que desejávamos. Foi a realização de um sonho”, destacou. Ela diz para as outras gestantes que não precisam ter medo de contrair a doença. “Elas podem ficar tranquilas. Os hospitais seguem o protocolo à risca. A maternidade ainda é considerada uma ala limpa e tudo isso vale a pena para ver a chegada do bebê”, apontou.

'TEM QUE TER UM POUCO DE FÉ'

A nutricionista Aline Belezoti Recco, 27, é de Arapongas (RML) e teve o César no dia 9 de julho no Hospital São Francisco, em Cambé (RML). “A gente não sabia o que podia acontecer ou não. Teve uma certa apreensão e uma insegurança, mas fiquei tranquila porque escolhi um bom hospital. A gente tem que ter um pouco de fé para ter certeza de que irá dar tudo certo”, destacou.

Aline Belezoti Recco com César: "Ele nasceu e já veio para os meus braços"
Aline Belezoti Recco com César: "Ele nasceu e já veio para os meus braços" | Foto: Acervo pessoal

"Vi todas as medidas que estavam sendo tomadas pelo hospital. Eu só fui para lá no momento final do meu parto; cheguei às 5h30 e pouco depois das 7h o César já tinha nascido”, observou.
“A gente só tem contato com a equipe de enfermeiros e médicos. Não havia visitas além do meu marido. Não tinha entra e sai de pessoas. Ele nasceu e já veio para os meus braços. Todos estavam utilizando as máscaras. Tudo foi muito limpo e higienizado. São cuidados que precisam ter tendo pandemia ou não”, explicou.

Ela conta que foi o seu segundo parto e confessa que no início ficou muito preocupada. "Quando surgiram as notícias do novo coronavírus, no primeiro mês eu fiquei 'surtada', porque ninguém sabia como seria", diz Recco, que depois foi se informando sobre o que poderia acontecer ou não. “Foi um tempo para processar isso e a gente tem que fazer a nossa parte."

Um conselho para quem ainda vai ter o bebê nesses tempos de Sars-Cov-2, diz ela, é ter uma equipe que passe segurança e dê apoio. “Isso faz toda a diferença. É preciso estar cercado de profissionais que deem suporte e tirem dúvidas. Isso é o essencial para este momento”, apontou.

'OCORREU TUDO BEM'
Já a administradora de empresas Rafaela Lorejan Pinto, 27, que quando foi entrevistada pela primeira vez estava prestes a dar a luz, visitou o hospital antecipadamente e perguntou sobre tudo relacionado à Covid-19. “Se estiver tudo certo comigo e com a bebê, fui informada que seremos liberadas antes do que as 48 horas habituais. A questão da visita achei bom não abrir. A pessoa pode estar com vírus e não saber. A gente fica com medo”, disse. Ela relata que antes achava que no hospital ficaria junto dos outros pacientes, mais viu que estava enganada.
Rafaela Lorejan Pinto:  experiência incrível
Rafaela Lorejan Pinto: experiência incrível | Foto: Acervo pessoal
Emanuel, o primeiro filho da administradora, chegou com saúde no final de semana passada. "Ocorreu tudo bem. O parto foi como eu esperava, a experiência foi incrível. Tomaram todos os cuidados e não deixaram entrar visitas", disse ela, se referindo ao hospital São Francisco.