Brasília - O Ministério da Saúde não planeja ações para o Carnaval devido ao coronavírus, mas recomendou aos estados que orientem medidas de “etiqueta respiratória” comuns para evitar outras doenças. “Carnaval é vida que segue. O que estamos colocando é etiqueta respiratória. Lavar as mãos várias vezes ao dia, se for espirrar, colocar o cotovelo na frente. Tentar falar isso no Carnaval a gente fala, que a pessoa tem que ter um pouco mais de etiqueta [respiratória] no Carnaval. Mas não conheço ainda o impacto disso", disse o ministro, na última quinta-feira (6), durante reunião com secretários estaduais de Saúde. "Vocês que são secretários estaduais dialoguem com os seus carnavalescos e peçam um pouco mais de etiqueta carnavalesca, mais aqueles bailes de salão de antigamente, colombina, menos pipoca atrás do trio elétrico”, riu.

Mandetta também descartou a possibilidade de campanhas específicas no momento devido ao novo coronavírus. "Seria um gasto de uma situação que ainda não se põe", disse. "É uma nova empreitada em que somos colocados à prova", afirmou o presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), Alberto Beltrame. "Mas até agora temos sido aprovados", completou. Segundo ele, estados já finalizaram planos de contingência se houver casos confirmados. Após o encontro, a previsão é que versões atualizadas de cada plano sejam apresentadas ao ministério até esta terça-feira (11).

No encontro, parte dos secretários de saúde ainda citou preocupação com a possibilidade de falta de equipamentos de proteção individual, em um contexto em que fornecedores têm relatado aumento na demanda, e com a aquisição de insumos que antes eram comprados da China, devido ao risco de que o país suspenda parte da produção. Representantes do Ministério da Saúde disseram que finalizam um edital para compra de equipamentos de proteção individual, como luvas, toucas e máscaras. A previsão é que sejam gastos R$ 140 milhões.

De acordo com Mandetta, apesar de não ter casos confirmados, a pasta tem trabalhado com um cenário "intermediário" de impacto para planejar ações. "Temos desde o cenário de que não vai ter nenhum caso, um intermediário e um cenário de risco elevadíssimo. Temos trabalhado com o intermediário. Esse deve ser o tom da cautela", disse.

Questionado sobre a possibilidade de enviar mais recursos a estados para vigilância, Mandetta disse que o governo está aberto a discutir o tema em caso de necessidade, mas não citou valores.

Vacinação

No encontro, secretários de saúde de algumas cidades fizeram um pedido ao Ministério da Saúde para que a campanha de vacinação contra a gripe ocorra mais cedo neste ano. Atualmente, a maioria dos casos de suspeita de novo coronavírus já descartados têm dado positivo para os vírus da gripe, como influenza B e influenza A. "A influenza já está circulando, e fazer a vacina ajuda a ter uma população imunizada. As pessoas colocam foco no coronavírus, mas sabemos que a influenza tem foco grande na nossa população", disse a secretária de saúde de Curitiba, Márcia Huçulak. Para ela, a medida pode ajudar a evitar confusão no diagnóstico com o novo coronavírus. O ministro afirmou que a estratégia está prevista para março, mas a data ainda não foi definida.