São Paulo - Mesmo que a maioria da população brasileira esteja vacinada contra a Covid no segundo semestre, o país precisará manter cuidados para conter a disseminação do coronavírus, afirma Claudio Maierovitch, médico sanitarista da Fiocruz, membro do Observatório Covid-19 BR e gestor da Anesp (Associação Nacional dos Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental).

Imagem ilustrativa da imagem Mesmo com vacinação, Brasil deve manter alerta, diz especialista
| Foto: Sesa - Divulgação

"Embora a previsão seja a de que a população dos grupos elegíveis para a vacinação em grande parte já terá sido vacinada até o final do ano, teremos três preocupações: vacinados que não ficaram imunes; pessoas que deveriam ter tomado a vacina e não o fizeram por alguma razão; e o fato de a quantidade de crianças não vacinadas ser suficiente para manter o vírus em circulação", diz ele.

A questão, afirma, não é só levar em conta as novas variantes do coronavírus, mas considerar o comportamento da população. "Se as pessoas voltarem a aglomerar, deixarem de usar máscaras e abandonarem os cuidados, a vacina não vai segurar. Não é para brincar de contente porque melhorou um pouquinho", diz Maierovitch.

CIENTISTAS LANÇAM CAMPANHA

Por esse motivo, um grupo de cientistas, pesquisadores e gestores públicos lançou a campanha InformarPrevenirSalvar. A iniciativa é do Observatório Covid-19 BR e da Anesp com o apoio da Frente Nacional de Prefeitos, Consórcio Conectar, Instituto Alziras, Instituto Arapyaú, Vital Strategies e ImpulsoGov.

O material da campanha – portal, cartilha, vídeos, proposta de decreto municipal, conteúdos de capacitação e comunicação– traz à população em geral, a gestores públicos e aos agentes comunitários de saúde informações atualizadas sobre as medidas para prevenir a transmissão do vírus.

A ideia é chamar a atenção para o tripé máscara, distanciamento social e ventilação. "Tem coisas que achávamos que funcionava de um jeito, mas funciona de outro. É o caso de um dos vértices desse triângulo, que é a ventilação", diz Marcia Castro, cientista, professora de demografia da Faculdade de Saúde Pública de Harvard e membro do Observatório Covid-19 BR.

"Tinha muito aquele foco de lavar tudo e usar álcool em gel. Hoje, entendemos que é exatamente pelo ar, atravésdessas partículas chamadas aerossóis, que a transmissão se dá", afirma.

A campanha InformarPrevenirSalvar elaborou uma cartilha para agentes comunitários, que inclui informações sobre os sintomas da doença, a diferença entre as cepas, vacinação, o melhor tipo de máscara, novos protocolos a serem seguidos, orientações sobre distanciamento físico e o quanto falar alto facilita a transmissão do vírus.

Para as prefeituras, a ideia é garantir que haja a melhor qualidade do gasto possível nos investimentos feitos para a prevenção, diz Pedro Pontual, presidente da Anesp. "Não gaste dinheiro comprando termômetro digital. Compre máscara PFF2 e distribua. Hoje, a ciência deixa isso muito claro", afirma Pontual.

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1