Março tem se fortalecido como “Março Amarelo”, mês de conscientização sobre a endometriose, uma doença inflamatória e crônica que atinge uma em cada 10 mulheres no país, segundo estimativas da Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva e outras entidades. Ou seja, 10% da população feminina têm a doença que, em números absolutos, apontam para quase 200 milhões de meninas e mulheres atingidas pela endometriose em todo o mundo. No Brasil, a estimativa é que esse número chegue a 10 milhões. Seguindo o mesmo índice, Londrina possui cerca de 30 mil mulheres em idade fértil com endometriose. No entanto, grande parcela dessas mulheres não foi diagnosticada.

Woman with yellow ribbon on color background. Cancer awareness concept
Woman with yellow ribbon on color background. Cancer awareness concept | Foto: iStock

Pela primeira vez, Londrina poderá comemorar o "13 de Março - Dia da Luta contra Endometriose" e “Março Amarelo”, leis criadas e aprovadas pela Câmara dos Vereadores de Londrina e que, agora, integram o Calendário de Comemorações Oficiais do Município, graças à luta do coletivo EndoMulheres Londrina, grupo de apoio à mulheres portadoras de endometriose.

A data e reconhecimento da doença são de grande importância às portadoras, que lutam anos por diagnóstico, exames e tratamentos, além de dar visibilidade à condição das mulheres e descaso com a doença, por meio de informações à população e conscientização sobre a endometriose. Londrina é um dos poucos municípios do país a ter esse tipo de lei.

NACIONAL

Em fevereiro de 2020, ocorreu a aprovação, pela Câmara dos Deputados, do Projeto de Lei 3047/2019 que institui o dia 13 de março como o “Dia Nacional de Luta contra a Endometriose”, bem como a “Semana Nacional de Luta contra a Endometriose”. O dia escolhido é em homenagem à 1ª edição da EndoMarcha no Brasil e no mundo: 13 de março de 2014. O PL foi encabeçado pela deputada federal Daniela do Waguinho (MDB/RJ) e, desde então, aguarda votação no Senado Federal. Depois, quando aprovado, deve ser sancionado pelo presidente tornando-se lei federal.

SINTOMAS

Apesar de pouco conhecida, a endometriose é uma doença muito comum caracterizada pela presença de um tecido semelhante ao endométrio fora da cavidade uterina. Os sintomas são vários, sobretudo, cólicas menstruais fortes, inclusive, fora do período menstrual, dor durante e após as relações sexuais (com desenvolvimento da dispareunia e vaginismo), fadiga e cansaço extremo, inchaço abdominal, dor e/ou sangue nas fezes e na urina, infertilidade e dificuldade de gestação, entre outros.

Apesar dos altos índices, a doença é negligenciada e inviabilizada; prova disso é que a endometriose não é considerada uma doença social pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), o diagnóstico é tardio (leva em média de 7 a 12 anos), os tratamentos pela rede pública são praticamente inexistentes ou inacessíveis à grande maioria e as cirurgias restritas, quando realizadas.

ENDOMARCHA

Assim como em 2020 e 2021, este ano, a 9ª edição da EndoMarcha – Marcha Mundial pela Conscientização da Endometriose (EndoMarch - Million Women March for Endometriosis) será virtual por causa das restrições sanitárias em várias cidades com relação à pandemia da Covid-19, e acontecerá no dia 27 de março. No Brasil, a marcha é coordenada pelo EndoMarcha Time Brasil.

Antes, porém, será realizado um evento online, a 2ª edição do “EndoConectadas – Uma Nova Era na Conscientização da Endometriose”, neste domingo (13), das 9h às 13h, pelo site “A Endometriose e Eu”. Serão seis painéis abordando os temas: cura, dispareunia, infertilidade, políticas públicas e depoimentos de mulheres.

A marcha é um evento legítimo mundial de reivindicação pelos direitos, diagnóstico precoce e reconhecimento da endometriose como doença social, com a criação de políticas públicas para que haja tratamento completo pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em pelo menos todas as capitais do país.

A caminhada (impossibilitada pela pandemia) visa tirar a doença da invisibilidade e conscientizar mulheres, familiares, amigos e especialistas acerca da possibilidade de cura da doença e tratamentos que tragam qualidade de vida às mulheres. Pouco abordada no Brasil, a cirurgia de excisão/ressecção, atualmente, é a que mais apresenta chances de erradicar a doença e devolver qualidade de vida à mulher portadora da endometriose. No entanto, várias capitais ainda não disponibilizam esse tratamento pelo SUS. Em Londrina, não se realiza a cirurgia há cinco anos e não há especialista no atendimento primário.

ENDOMULHERES LONDRINA

Criado em 2017, o EndoMulheres Londrina é um coletivo e grupo de apoio a mulheres da cidade e da região, cujas integrantes se conheceram por conta da endometriose. O coletivo é independente e não possui vínculo partidário, religioso ou ideológico. O objetivo é a troca informações, experiências, desabafos e, principalmente, acolhimento entre as portadoras de endometriose, além da luta por políticas públicas efetivas no diagnóstico e tratamento da doença. Atualmente, a EndoMarcha é um dos principais eventos do grupo, porém, ao longo do ano, o coletivo realiza palestras e reuniões gratuitas com profissionais da área da saúde. (Com informações do EndoMulheres)

MAIS INFORMAÇÕES: EndoMulheres Londrina - Facebook: fb.me/endolondrina; Instagram: @endolondrinapr; e-mail: [email protected]

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