Um procedimento inédito no Sul do Brasil para o SUS (Sistema Único de Saúde) foi realizado no dia 26, no Hospital Universitário de Londrina, pelo médico eletrofisiologista Cézar Eumann Mesas, com assistência do cardiologista Valério Fuks, do Hospital Federal dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. O procedimento é de denervação renal, uma forma de tratamento de pacientes com hipertensão arterial que não respondem mais a outras formas de intervenção, geralmente com diversos tipos de medicamento oral. A alternativa para estes pacientes é um tipo de tratamento realizado através de cateterismo, chamado denervação renal.

O médico eletrofisiologista Cézar Eumann Mesas, cardiologista intervencionista Valério Fuks e o eletrofisiologista em formação Vinícius Augustus Barusso Beleze
O médico eletrofisiologista Cézar Eumann Mesas, cardiologista intervencionista Valério Fuks e o eletrofisiologista em formação Vinícius Augustus Barusso Beleze | Foto: Ana Luisa Camilo Sversutti - HU

“Uma das causas da hipertensão é a atividade de um conjunto de fibras nervosas que afetam os rins. Estas fibras chegam até os rins passando ao longo das artérias que saem da aorta (principal artéria do nosso organismo) e vão irrigar os rins. O tratamento consiste em posicionar um cateter em forma de espiral dentro destas artérias (artérias renais), através de uma agulha introduzida na virilha, e liberar uma energia eletromagnética dentro destas artérias”, explica Mesas. Isto, segundo ele, não causa danos importantes nas artérias, mas destrói estas fibras nervosas, levando, com o tempo, a uma diminuição da pressão.

HIPERTENSÃO REFRATÁRIA

Segundo Mesas, a hipertensão arterial (pressão alta) é uma das principais causas de morte e doenças graves, como infarto, AVC (derrame), insuficiência cardíaca e insuficiência renal. É extremamente comum: cerca de 35% da população é hipertensa. “Embora boa parte das pessoas consiga controlar a pressão com mudança do estilo de vida (atividade física, dieta adequada, entre outras) e com o uso de medicamentos, para 10% a 20% das pessoas ela é resistente, ou seja, não se consegue controlar a pressão, mesmo com o uso de 3 ou mais tipos diferentes de medicamentos”, detalha o médico.

“Destas pessoas com hipertensão resistente, até 8% não conseguem controlá-la, mesmo com o uso de 5 ou mais medicamentos. Chamamos esta situação de hipertensão arterial refratária”.

Para Mesas, foi uma boa oportunidade, em que apareceu uma paciente, de 56 anos, com hipertensão grave, que não respondia mais a medicamentos, e com a doação de cateter pela empresa Meditronic, foi possível a realização do procedimento inédito. “A cirurgia foi um sucesso, a paciente deve ter alta em breve”, comemora Mesas.

Até o momento, entre particulares e públicos, foram realizados cerca de 80 procedimentos como este no Brasil, apenas seis na Região Sul, a maioria em pacientes do sistema de saúde complementar. (Com informações do HU de Londrina)

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1

mockup