Quatro pacientes com hérnia inguinal foram submetidos a cirurgias em Londrina: recuperação mais rápida
Quatro pacientes com hérnia inguinal foram submetidos a cirurgias em Londrina: recuperação mais rápida | Foto: Ricardo Chicarelli



Uma equipe de médicos em Londrina operou quatro pacientes com hérnia inguinal, na semana passada. As cirurgias foram comandadas por André Luiz Moreira Rosa, de Porto Alegre. Referência em hernioplastia no Brasil, Moreira Rosa é responsável por aprimorar a técnica que pode ser descrita como "correção de hérnia inguinal com mini-incisão e tela tridimensional", bastante difundida nos Estados Unidos, mas uma novidade na região de Londrina. Enquanto a cirurgia tradicional requer uma incisão de 6 a 8 cm na região inguinal (parte superior da virilha), esta é realizada por uma incisão de 4 cm, utilizando-se apenas de anestesia local e sedação.



Mas o maior benefício para o paciente é, de fato, o pós-operatório. O método permite que a cirurgia seja realizada em regime ambulatorial, isto é, não requer internação e a dor é consideravelmente reduzida, possibilitando a retomada das atividades laborais, sem esforço físico, em torno de três a quatro dias. No método convencional, o paciente precisa de anestesia raqui (bloqueio da dor no canal espinhal), fica internado por no mínimo um dia e necessita de repouso entre sete a dez dias.

Em todo o mundo, mais de 15 milhões de pessoas são submetidas anualmente à cirurgia para correção de hérnia inguinal. Em geral, os homens são mais acometidos em relação às mulheres (proporção de dez homens para uma mulher) e há alguns fatores de predisposição para a doença.

A hérnia inguinal surge na região da virilha, logo acima da dobra que separa a coxa do abdome. "É o local onde o músculo se rompe e ocorre a protrusão de uma gordura ou de um órgão, provocando o abaulamento. Isso é facilmente percebido pelo paciente", diz o médico.

O especialista veio a Londrina a convite do cirurgião Luis Carlos Adas. Durante essa passagem, quatro pacientes foram submetidos ao procedimento no Hospital Mater Dei e passam bem. Eles foram para casa quatro horas depois da cirurgia. Um deles é Kléber Pinto de Oliveira Junior, 58, morador de Rolândia (Região Metropolitana de Londrina). Ele conta que está se sentindo bem, sem dor. "É muito tranquilo. Estou bem disposto e dessa vez saí do hospital andando", diz.

Essa sensação para o empresário é um motivo de comemoração porque ele já havia operado o lado esquerdo, há dois anos. "Foi outra cirurgia. Eu saí do hospital de cadeira de rodas e fiquei dois meses afastado do trabalho. No lado esquerdo, foram 15 pontos e agora, do direito, só três", afirma.

"Estou conseguindo fazer tudo normalmente", conta Vitor Mathias
"Estou conseguindo fazer tudo normalmente", conta Vitor Mathias



TRIDIMENSIONAL
Por se tratar de uma doença conhecida, diversas técnicas cirúrgicas foram desenvolvidas, mas para Moreira Rosa esta apresentada pela primeira vez em Londrina merece destaque pelos benefícios. O grande diferencial, segundo ele, está no uso de telas tridimensionais, que são próteses feitas de polipropileno. "É um material inerte, ou seja, não dá rejeição e é utilizado há décadas", completa.

O cirurgião explica que, durante muito tempo, a ruptura no canal inguinal era fechada tecido a tecido, mas o método foi substituído com o uso de telas planas, reforçando a sutura e funcionando como uma espécie de "remendo".

Já as telas tridimensionais são acopladas ao orifício, isto é, vestem o defeito, retirando a tensão dos tecidos e garantindo maior proteção. "Para suturar um orifício herniário, o local vai ficar naturalmente tenso porque os tecidos vão ser esticados, tracionados e costurados. As telas tridimensionais permitem fazer essa correção sem tensão e por isso os sintomas pós-operatórios costumam ser menores", comenta.

A forma de acoplar a tela também é diferente. Uma tela plana, por exemplo, precisa que se tenha margens além do defeito para que seja fixada. "Nas tridimensionais, uma porção de tela fica abaixo do plano muscular e outra fica acima, oferecendo uma proteção interna e externa e com menos agressão aos tecidos", completa.

Outro ponto muito importante é o índice de recidiva, isto é, de a doença retornar. Segundo o cirurgião, sem o uso de tela, a taxa fica entre 10% e 15%. "Usando tela já cai para 2%, mas usando especificamente a tridimensional, esse índice é menor que 1%, pois são telas duplas", conclui.

OPORTUNIDADE
Outro paciente submetido à cirurgia é Vitor Mathias, 23, de Londrina. Ele diz que nunca sentiu dor, mas há algumas semanas percebeu um caroço na região da virilha. "Depois de alguns exames, foi diagnosticada a hérnia inguinal direita e tive a oportunidade de ser operado com essa técnica mais simplificada", conta.

Mathias é estudante de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e acredita que em poucos dias poderá voltar à rotina de sala de aula, trabalho e prática de exercícios físicos. "Tenho um pouco de dor ao tossir, mas fora isso, estou conseguindo fazer tudo normalmente. Estou ótimo", diz.

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