A geroarquiteta Flavia Ranieri, de São Paulo, palestrou sobre os desafios e as oportunidades da moradia na longevidade no Festival Sou Geros, em Londrina. Para a profissional, esse é um setor que envolve outras áreas além da arquitetura em si.

“Quando pensamos em moradia sênior, pensamos além da arquitetura, que tem suas particularidades - pensamos muito em acessibilidade, iluminação, ventilação e uso dos espaços. Mas o interessante é que pensamos em espaços para se viver. O grande segredo está no tipo de serviço e atividades que vão ser ofertadas”, explica Ranieri.

A profissional é enfática ao dizer que “quando a casa começa a ser um obstáculo que atrapalha sua vida”, são necessárias soluções para facilitar a rotina, deixando-a mais prática e segura. Assim, o foco passa a ser uma perspectiva social e psicológica, e não apenas funcional, e os espaços precisam refletir isso.

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Já pensando no espaço urbano, a geroarquiteta acredita que o primeiro passo é garantir calçadas de qualidade na cidade. Mas a acessibilidade no transporte coletivo, o acesso ao lazer e à cultura, e as garantias no mercado de trabalho são outros pontos importantes. “Não dá para pensar a velhice com um olhar restrito”.

A presidente do clube Reinventando a Vida, Jeane Tramontini Zanluchi, 78, diz que “todas as ações devem levar ao envelhecer com dignidade”. “Nós queremos envelhecer, queremos estar vivos, mas com dignidade", reforça. Segundo ela, em relação à moradia, acredita que o Brasil ainda precisa avançar.

Jeane Tramontini Zanluchi: “Nós queremos envelhecer, queremos estar vivos, mas com dignidade"
Jeane Tramontini Zanluchi: “Nós queremos envelhecer, queremos estar vivos, mas com dignidade" | Foto: Douglas Kuspiosz

PROJETOS

A assessora técnico-administrativa da Secretaria do Idoso de Londrina, Luciana Ferreira Alvarez, destacou dois projetos públicos de moradia para idosos que estão em andamento. O primeiro é o programa Viver Mais Paraná, do governo do Estado, em que serão construídas 40 unidades habitacionais. "Estamos na fase final da aprovação do terreno e depois vai ser feita a construção pela Cohapar [Companhia de Habitação do Paraná]”, explica a assessora.

O segundo projeto é o de criar uma vila para idosos no complexo de casas da FAB (Força Aérea Brasileira), nas avenidas Santos Dumont e Paul Harris, zona leste. “Está em andamento, mas ainda precisa concretizar a reversão dos terrenos para o município. Estamos nessa tratativa”, diz.