Exercícios no inverno exigem cuidados para evitar infartos

Otávio Ferraz: "Jogo basquete no horário livre, que coincide com o período mais quente”

O inverno começou ameno, mas a tendência é de queda na temperatura nos próximos dias. O Instituto Nacional de Cardiologia, do Rio de Janeiro, adverte que, durante os meses mais frios o número de infartos cresce, em média, 30% e os de AVC (acidente vascular cerebral), 20%. De acordo com o INC, que é referência do Ministério da Saúde no tratamento de doenças cardíacas, estudos realizados em diferentes países apontam que a cada dez graus de queda na temperatura a tendência é de que haja um aumento de 7% no índice de infartos, principalmente quando os termômetros registram marcas inferiores a 14ºC.

Esse fenômeno ocorre em função do esforço que o organismo realiza para manter o calor interno do corpo em torno de 36,1ºC. O metabolismo aumenta para evitar a perda de calor, protegendo o funcionamento de órgãos vitais internos. Há a contração das paredes dos vasos sanguíneos que irrigam a pele - o que faz mãos, pés, nariz e orelhas esfriarem, e o coração precisa fazer mais força para bombear o sangue. Essa força sobrecarrega o coração e facilita o desprendimento de placas de gordura localizada nas paredes das artérias, o que pode provocar infarto ou AVC.

O esportista que se exercita no inverno deve saber que no rosto, mãos e pés estão os mais sensíveis sensores de temperaturas, justamente onde devemos nos proteger mais das baixas temperaturas. "No inverno, exercícios físicos são recomendados, mas devem ser feitos com alguns cuidados especiais. Pelas possíveis dificuldades respiratórias das baixas temperaturas e vento frio, recomendamos o aquecimento muscular, intensificando os exercícios progressivamente. O ideal é utilizar as vestimentas adequadas (mãos, pés e rosto) para se proteger da perda rápida de calor que ocorre durante a atividade física, além da ingestão de líquidos", detalha o cardiologista Ricardo Pavanello, do HCor, de São Paulo.

O estudante Otávio Ferraz, 25, costuma jogar basquete em Londrina e desconhecia esses riscos Mesmo assim, para evitar lesões, realiza alongamento e exercícios de aquecimento, o que já colabora para evitar problemas. “Mantenho a atividade física da mesma forma que realizo no verão. Como eu estudo, jogo basquete das 15h30 até 18h, que é o meu horário livre, e coincide com o horário mais quente”, destaca ele, que durante a entrevista praticava a atividade no Zerão (área central).

Ferraz relata que não muda a alimentação em função do frio, diferentemente de muitas pessoas que optam por refeições mais calóricas. “Eu gosto de consumir frutas e verduras. Procuro não consumir alimentos calóricos”, afirma.

Amanda Freitas Ferreira: mais difícil realizar exercícios pela manhã

Já a servidora pública Amanda Freitas Ferreira, 37, destaca que durante os dias frios é um pouco mais difícil realizar exercícios pela manhã, mas garante que não deixa a prática de lado. “No inverno eu opto por fazer a caminhada durante a tarde”, conta. Ela também não sabia dos riscos durante os meses frios e afirma que irá procurar um médico para se informar melhor sobre como deve ser a melhor forma de realizar esse aquecimento antes de iniciar a atividade física.

O representante comercial Carlyle Girardi Raimundo, 53, continua com a mesma atividade física que realiza no verão, fazendo caminhadas no Zerão. Ele sabia que há aumento de infartos durante o período de frio. “Eu já faço exercícios em um horário mais 'quentinho' há dez anos para evitar esse problema”, ressalta. Segundo ele, sua rotina consiste em realizar exercícios depois da 16 ou 17h. “O período que gosto de fazer atividade é o período da tarde. É o horário que me sinto melhor”.

Sobre a alimentação, ele afirma que segue uma dieta saudável. “Gosto de comer frutas e verduras e também bebo bastante água. Eu nunca tive infarto, graças a Deus. Minha saúde é tranquila e faço exames periódicos."

Carlyle Girardi Raimundo: “Faço exercícios em um horário mais 'quentinho' há dez anos para evitar problemas”