Excesso de café faz aumentar risco de pressão alta, aponta estudo
Pesquisadores da USP observamos efeitos do consumo excessivo por pessoas saudáveis, mas com predisposição genética a hipertensão
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 22 de julho de 2019
Pesquisadores da USP observamos efeitos do consumo excessivo por pessoas saudáveis, mas com predisposição genética a hipertensão
Paula Felix - Agência Estado
São Paulo - Quanto café pode ser tomado por dia por quem tem predisposição a ter pressão alta? Uma pesquisa da USP (Universidade de São Paulo) com 533 pessoas da cidade de São Paulo tenta responder a essa pergunta. O estudo apontou que mais de três xícaras, daquelas de 50 mililitros, podem aumentar em até quatro vezes a possibilidade de o problema se manifestar. Tomar até três xícaras, porém, traz benefícios e ajuda a evitar doenças cardiovasculares.
Pós-doutoranda na Faculdade de Saúde Pública da USP, a nutricionista Andreia Miranda, principal autora do estudo, disse que os hábitos do indivíduo e a predisposição genética, isoladamente, já são fatores de risco conhecidos para a pressão arterial. Agora ela e a equipe de pesquisadores se debruçaram nos efeitos do consumo excessivo de café por pessoas saudáveis, mas com predisposição genética a hipertensão.
Para isso, usaram como base o Inquérito de Saúde do Município, de 2008, com 3 mil pessoas. "É um estudo completo, com dados de estilo de vida, coleta de sangue e de DNA, informações bioquímicas e aferição da pressão arterial", diz Miranda.
O grupo desenvolveu escores genéticos de risco e analisou o consumo de café dos participantes (menos de uma xícara, entre uma e três, e mais de três), além da pressão arterial deles. "O consumo médio foi de duas xícaras e meia por dia. Nenhum dos participantes relatou consumo de café descafeinado e quatro indivíduos falaram que consomem expresso. O café é complexo. Ele é constituído por mais de dois mil compostos químicos, entre eles a cafeína, que aumenta os níveis da pressão arterial."
No grupo de pontuação mais alta no escore genético e que bebia mais de três xícaras de café, a possibilidade de ter pressão alta era quatro vezes maior do que entre aqueles não tinham a predisposição. "Como a maior parte da população não sabe se tem predisposição, porque são dados de exames não habitualmente feitos, a pesquisa pode ajudar toda a população a saber o consumo adequado", diz a nutricionista.
PROTEÇÃO
Outro estudo feito por Miranda apontou que o consumo de uma a três xícaras por dia traz benefícios à saúde cardiovascular, como a regulação do aminoácido homocisteína, relacionado com episódios de enfarte e AVC (acidente vascular cerebral). A pesquisadora também pretende verificar o impacto do consumo de café em pacientes que já têm doenças cardiovasculares.