O uso de plantas medicinais é um hábito passado de geração em geração. Chás, compressas, xaropes, emplastros, inalações, escalda-pés, banho ou gargarejo. Seja qual for a “receita”, os brasileiros costumam utilizar folhas, flores, raízes, frutas, botões e brotos no tratamento de diversas enfermidades.

O problema é que a utilização indiscriminada de plantas pode colocar a saúde em risco. Neste caso, o conhecimento é essencial. Pensando nisso, estudantes da área de Saúde do UniCuritiba realizaram o projeto de extensão “Uso racional de plantas medicinais: uma troca de saberes entre a comunidade e a universidade”. Além de orientar a comunidade, os estudantes desenvolveram receitas com plantas comestíveis, como pão de açafrão, brownie de ora-pro-nóbis, chá antiestresse, entre outras. (Confira uma receita abaixo)

ORIENTAÇÕES E CUIDADOS

Orientados pela professora Fernanda Bovo, doutora em Ciências Farmacêuticas, os estudantes analisaram os hábitos e os conhecimentos de um grupo de moradores de Curitiba, tendo como base um questionário sobre o uso de plantas medicinais. As respostas revelaram utilizações equivocadas e que poderiam, inclusive, causar problemas de saúde.

Um exemplo é a babosa, planta cujas folhas se tornam tóxicas se batidas no liquidificador e ingeridas. Os estudantes não só orientaram o público-alvo do projeto sobre o uso racional de drogas vegetais como alertaram sobre a importância da dose utilizada.

DOSES E TEMPERATURAS

A professora explica que há diferenças a serem consideradas. “Uma porção de folhas de determinada planta dissolvida em um litro de água e utilizada em doses diárias de uma colher por dia é bem diferente da mesma porção de folhas dissolvida em um copo de água (250ml) e tomada de uma só vez”, ensina.

Segundo a especialista, o uso de plantas requer atenção especial em vários aspectos. “A temperatura também importa, assim como o fato de ferver a planta junto com a água ou não. Todos esses detalhes fazem a diferença para a saúde.”

DIA NACIONAL DA SAÚDE

A escolha do tema do projeto de extensão dos estudantes de Saúde não foi sem motivo. Mesmo com o avanço na produção de medicamentos sintéticos, a utilização de plantas medicinais é um hábito em muitos lares brasileiros. Os fitoterápicos são utilizados, inclusive, em programas municipais de saúde - com acompanhamento profissional - e têm apresentado resultados satisfatórios nos tratamentos.

“As plantas medicinais são aquelas que apresentam ação farmacológica, ajudando no tratamento e cura de várias enfermidades, mas não devem ser usadas sem conhecimento. Por isso, projetos de extensão com esse foco são sempre importante", ressalta a professora Fernanda Bovo.

Na avaliação da professora, o trabalho dos estudantes mostra a conexão entre os saberes acadêmicos e populares. “Esse é o nosso papel: democratizar o saber e usar o conhecimento científico em benefício da sociedade. É gratificante ver os estudantes trabalhando em projetos extramuros, que orientam a população e auxiliam na promoção da saúde e na prevenção de doenças.”

Os estudantes que participaram do projeto são: Andressa Cardoso, Mateus de Paula, Guilherme Bino, Brunna Rodrigues, Thalita Ribas, Rosangela Rodrigues, Lucio Possar, Eliane Lenhardt, Ana Paula Quitério, Thiago Ribeiro, Lucas de Lima, Ana Carolina dos Santos, Ana Luiza Minhuk, Adriana Rockenbach, Brunna Rodrigues, Eduarda Pereira, Gabriela Siqueira, Lorenzo Zorzenoni, Evelyn Gabriel, Guilherme Maciel, Thiago Maiczak, Giovanna Sniecikoski e Daiane Mello.

Imagem ilustrativa da imagem Estudantes desenvolvem receitas com plantas comestíveis
| Foto: Divulgação - UniCuritiba

BANCO DE DADOS

O uso de plantas medicinais é tão comum no Brasil que o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanginhos/Fiocruz) criou um banco de dados com informações sobre o tema. A plataforma é resultado de um estudo realizado pelo herbário do Centro de Inovação em Biodiversidade e Saúde (Cibs) com o apoio da Vice-presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB/Fiocruz).

O acervo atual conta com 300 espécies de plantas medicinais, que podem ser consultadas por nome popular, científico ou família botânica. As informações estão disponíveis na página da Coleção de Botânica de Plantas Medicinais (http://cbpm.fiocruz.br/index?ethnobotany). O trabalho realizado pela instituição é permanente e o banco de dados é atualizado sempre que uma nova espécie é catalogada.

NA COZINHA

Receita do pão de açafrão

Ingredientes

•2 ovos

•1 colher (sopa) de fermento químico (usado para bolo)

•12 colheres (sopa) de leite em pó (cerca de 180 gramas)

•3 gramas de açafrão em pó (uma colher de chá rasa)

Rendimento: 12 pãezinhos

Modo de preparo

Bata bem os ovos. Adicione o fermento químico e misture. Em seguida, junto o pó de açafrão. Misture até que os ingredientes estejam bem incorporados. Adicione 6 colheres (sopa) de leite em pó. Misture bem até que a massa fique homogênea. Depois, adicione aos poucos as 6 colheres de leite em pó restantes. Observe a consistência da massa, que deverá estar no ponto de não grudar nas mãos. Em seguida, faça bolinhas e acomode-as em uma forma untada. Leve ao forno pré-aquecido a 150/180 graus e deixe assar por cerca de 15 a 20 minutos - ou até que os pãezinhos estejam dourados e assados.

(Com informações do Unicuritiba)