Estudante de Rolândia cria simulador inteligente para hemodiálise
Iniciativa de Renata Candido permite otimizar treinamento de profissionais e melhorar segurança dos pacientes; startup tem apoio do Estado
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segunda-feira, 04 de novembro de 2024
Iniciativa de Renata Candido permite otimizar treinamento de profissionais e melhorar segurança dos pacientes; startup tem apoio do Estado
Reportagem local
Uma tecnologia utilizada em um protótipo que simula o sistema circulatório deve otimizar treinamentos e capacitações práticas, não invasivas, de profissionais da saúde que atuam com pacientes em hemodiálise ou terapia renal substitutiva. O simulador inteligente para hemodiálise foi criado pela técnica em Enfermagem e estudante do curso de Enfermagem Renata Candido, da Faculdade Anhanguera, em Rolândia (Região Metropolitana de Londrina). Ao participar do Programa Centelha, da Fundação Araucária, ela entendeu que sua ideia poderia se transformar em um produto e viabilizar a abertura de sua própria startup.
Mesmo com anos de experiência na enfermagem, Candido sentiu na pele as dificuldades de aprender uma nova função na sala de hemodiálise cheia de pacientes. “Trabalhar com o paciente renal crônico é uma especialidade que não se aprende nos cursos técnicos ou de graduação de enfermagem. É no dia a dia, com o paciente e com uma máquina que eu nunca tinha visto antes”, relata.
“Eu me perguntei como é que esse paciente se sente ao ver uma profissional que vai cuidar da vida dele treinando ali, sem conhecimento ainda. Foi então que tive a inspiração de criar um simulador, que inicialmente era um mecanismo instalado dentro de um manequim de loja e que evoluiu para um simulador com mecanismo de circulação que funciona na máquina de hemodiálise”, explica ela, que é proprietária da startup ISHÁ Simuladores.
Como a máquina de hemodiálise é feita para reconhecer o ser humano, o simulador tem toda a programação de fluxos e batimentos cardíacos programados para ser reconhecido pela máquina. Por meio da embarcação de sensores e tecnologia estrutural, o equipamento promove a simulação e a reprodução concreta e fidedigna de um sistema circulatório (sanguíneo).
“O simulador cria um ambiente que dá segurança ao paciente. Melhoria da retenção de conhecimento, com redução de falhas técnicas, além de possibilitar a visualização na prática da instalação, cuidados pré e pós-tratamento”, ressalta Renata Candido.
Por meio do Centelha, Candido conseguiu apoio técnico para levar sua ideia adiante e recursos financeiros para desenvolver os protótipos. “O apoio que tive do Centelha foi em um momento ímpar do desenvolvimento do equipamento, pois eu não tinha recursos financeiros para levar a ideia adiante e sequer entendia que tinha uma empresa nas mãos”, conta.
O simulador já foi patenteado e sete protótipos já estão sendo usados em treinamentos. A startup busca parcerias para viabilizar a produção para a sua comercialização.
“A Fundação Araucária reforça o seu compromisso com a sociedade ao apoiar, por meio do Programa Centelha, startups como a ISHÁ, que oferece uma inovação que impacta em benefícios para profissionais de saúde e pacientes em hemodiálise, sem dúvida um importante investimento”, afirma a gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundação Araucária, Fátima Padoan.
PROFISSIONAL BEM PREPARADO
A idealizadora do simulador lembra que o paciente necessita da hemodiálise quando o rim para de funcionar. Precisa do tratamento por cerca de quatro horas, três vezes por semana, e ser atendido por um profissional bem preparado. “Se a enfermeira ou enfermeiro não estiver apto a hemodiálise pode não ter a qualidade que deveria. Todas as vezes que a máquina é parada para treinar alguém, o paciente é prejudicado. É tirado dele o direito de fazer o tratamento com segurança e respeito”, argumenta Renata Candido.
Segundo ela, o uso do simulador também reduz o tempo de treinamento dos profissionais que, pelo modo observação, pode levar de três a seis meses. Com o equipamento este tempo reduz para cerca de 15 dias. “Ele pode errar, tirar dúvidas, acessar todos os mecanismos da máquina e, consequentemente, vai ter menos tempo ocioso, menos desperdício e maior produtividade por ser um profissional mais treinado”, enfatiza a técnica em Enfermagem.
Outros simuladores estão em desenvolvimento e devem facilitar o trabalho dos profissionais da área da saúde. “Nós já desenvolvemos um protótipo de cachorro, então já entramos no mercado veterinário porque houve uma demanda muito grande”, disse a Renata Candido.
Em outubro, o projeto foi finalista no Concurso de Startups Femininas do Brics, grupo de países de mercado emergente em relação ao seu desenvolvimento econômico, que contou com a participação de cerca de mil mulheres de 28 países.
CENTELHA
O Programa Centelha oferece capacitações, recursos financeiros e suporte para transformar ideias em negócios de sucesso. A iniciativa contou com o investimento da Fundação Araucária e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) de R$ 4,6 milhões em suas duas edições. O número de empresas apoiadas deve passar de 70, com o valor de até R$ 60 mil por projeto.
(Com informações da Agência Estadual de Notícias)