Com a chegada de períodos mais frios, o número de pessoas com queixas respiratórias e dor de garganta aumenta em todos os hospitais e unidades de pronto atendimento em saúde. A grande dúvida dos pacientes é sobre o significado dos sintomas e quais as principais medidas que devem ser tomadas em cada caso.

A médica otorrinolaringologista do Hospital São Marcelino Champagnat, em Curitiba, Gabriela Moraes, esclarece as principais diferenças. “A maioria dos casos de dor de garganta é causada por infecções, sejam virais ou bacterianas. Quando a infecção é causada por vírus, a dor de garganta é acompanhada por sintomas nasossinusais, como obstrução nasal, coriza, espirros e tosse, podendo ou não apresentar febre. Já as infecções bacterianas normalmente apresentam apenas a dor de garganta e febre como sintomas”, detalha.

SINTOMAS

A especialista explica que mal-estar e dor no corpo são sintomas comuns nas duas infecções. Quando a dor de garganta persiste por mais de três semanas, no entanto, deve-se investigar com mais cautela.

“Quem tem dor de garganta que não melhora precisa buscar atendimento médico, pois muitas doenças não relacionadas à garganta causam este sintoma, como doenças do nariz e do estômago, e até mesmo alguns casos específicos de tumores da cavidade oral ou da laringe. Existem tumores da cabeça e do pescoço que podem causar dor de garganta persistente, sendo crucial informar ao médico para que ele possa prosseguir com a investigação”, analisa a otorrinolaringologista.

DEVO TOMAR REMÉDIO?

Por ser um sintoma comum e que muitas vezes não representa risco maior à saúde, a dor de garganta pode ser amenizada com o uso de analgésicos simples ou mesmo de anti-inflamatórios que já tenham sido utilizados pelo paciente, com prazo máximo de três dias para controle da dor.

É importante reforçar que infecções virais não possuem medicamentos específicos. “A gente faz tratamento dos sintomas, exceto casos em que a infecção viral é causada por influenza. Algumas populações, como crianças pequenas ou idosos, têm indicação de uso de Tamiflu, mas só para casos de influenza, pois não há eficácia para outros tipos de infecção viral. Em geral, tratamos sintomas ou complicações dessas infecções”, pontua a médica.

Os antibióticos só são indicados em caso de infecção bacteriana – e sempre com prescrição médica. “O principal motivo de não recorrer a esse tipo de medicamento sem necessidade é evitar tratamentos inadequados. Com o uso indiscriminado de antibióticos, a gente promove o crescimento de cepas resistentes. O excesso pode fazer com que as bactérias desenvolvam resistência, tornando mais difícil o tratamento das doenças. É por isso que muitos antibióticos deixaram de ser prescritos ao longo do tempo, porque realmente pararam de funcionar”, observa.

(Com informações do Hospital São Marcelino Champagnat)