O hemodinamicista e diretor da SBHCI (Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista), Marcus de Paiva Theodoro, informa que mais de 30% dos óbitos registrados no País são decorrentes das doenças cardiovasculares e que até o fim de 2020 a estimativa é de que 400 mil brasileiros morram por doenças do coração.

Imagem ilustrativa da imagem Doenças cardiovasculares também são uma pandemia
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Ele afirma que é injusto comparar a pandemia provocada pelo novo coronavírus com as mortes decorrentes das doenças cardiovasculares. “Se na Covid-19 se fala em achatar a curva do pico de casos, no que se refere às doenças cardiovasculares não há trégua. É uma linha reta no pico, ou seja, é uma pandemia contínua. Elas causam o dobro de morte que aquelas devidas a todos os tipos de câncer juntos e mais de duas vezes a causas de mortes externas, como as provocadas por violência, acidentes e doenças respiratórias”, apontou. “É uma pandemia de óbitos por doenças cardiovasculares que as autoridades ainda não foram conscientizadas adequadamente ou não se chamou a atenção devida para isso. Isso tem custo de bilhões de dólares ao ano no mundo inteiro”, aponta.

Theodoro ressaltou que o advento do novo coronavírus fez aumentar casos de infartos, porque as pessoas ficam com medo de procurar médico com receio de adquirir infecção por Covid-19, mesmo ao sentirem os primeiros sintomas do infarto, caracterizado por dor no peito. “Quanto mais tempo passa com a oclusão das artérias, maior a necrose no coração, que pode gerar sequelas e até a morte. No caso do AVC, o cérebro é muito mais sensível do que o coração e a janela é muito mais curta. Se na angioplastia a cirurgia deve ser feita em até 12 horas para recuperar boa parte da condição, no cérebro são poucas horas para essa intervenção antes dos danos se tornarem irreversíveis ao cérebro”, expõe.

O diretor da SBHCI afirmou que nos casos das pessoas que estão no grupo de risco apenas a prevenção, se a pessoa não estiver sentindo nada, a saída de casa pode ser postergada um pouco. “A prevenção, no que tange procurar consultório, fazer exames, medir adequadamente pressão arterial, medir nível de glicemia, fazer ecocardiograma para avaliar tamanho do coração, essa pode ser adiada um pouco", afirma.

PREVENÇÃO EM CASA

O especialista, porém, ressalta que a prevenção não é só ir ao consultório. "Ela começa dentro de casa, mantendo a atividade física regular e mantendo uma alimentação saudável. Existem várias formas de fazer exercício sem ter necessidade de usar aparelhos e máquinas. É perfeitamente possível não ser sedentário”, destaca.

Ele explica que os pacientes cardiopatas com outras doenças que podem afetar o coração, como a hipertensão associada a diabetes, estão sob risco maior de possibilidade de infecção pelo coronavírus. “A inserção do novo coronavírus causa a ativação do sistema imunológico do paciente e um processo inflamatório sistêmico. Quem já tem doença do coração sofre descompensação, uma miocardite, que é uma inflamação de todo o coração”, detalha.