O docente Felipe Arruda Moura, do Departamento de Ciências do Esporte da UEL (Universidade Estadual de Londrina), diz que muitas pessoas entendem o sedentarismo como a falta de exercício físico. “Mas não é só isso. É a inatividade física associada, como passar horas sentado em frente ao computador e à televisão”, explica.

Imagem ilustrativa da imagem 'Diminuir o tempo sentado é importante', alerta professor da UEL
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A pesquisa “Convid - Pesquisa de Comportamento” aponta que entre os adultos jovens, na faixa etária dos 18 aos 29 anos, o tempo de uso de tablet/computador aumentou quase três horas na pandemia. Em relação à prática de exercícios físicos, entre aqueles que faziam de três a quatro dias por semana, 46% deixaram de fazer e, entre as que realizavam cinco dias ou mais por semana, 33% não estão mais praticando mais.

“Os índices já eram baixos antes da pandemia. Cerca de um terço da população não atinge os níveis mínimos de prática de atividade física e infelizmente, isso vem diminuído ao longo dos anos. As pessoas estão fazendo menos exercícios e os efeitos do sedentarismo são muito rápidos”, comenta.

Estimativas apontam que entre duas e quatro semanas são suficientes para um indivíduo (exceto atletas de alto nível) retornar à estaca zero em relação à aptidão física. Dessa forma, a orientação para todos é tentar tornar o dia mais ativo.

“Não é só o exercício físico. Cuidem da casa, façam breve caminhadas no próprio quintal, cuidem do jardim, subam e desçam escadas. Diminuir o tempo sentado já é muito importante nesse momento. Minha principal preocupação é que as pessoas devem ficar em casa, mas de maneira alguma devem ficar inativas”, adverte.

COMER MAIS

Além da inatividade, o endocrinologista Mario Kedhi Carra lembra que a população também tem se alimentado mais. “A ansiedade de comer não é fome. Esse momento que estamos vivendo é ruim e muitas pessoas têm vontade de comer para se sentirem felizes de algum jeito”, alerta Carra, lembrando que é essencial manter a comunicação com o médico, mesmo a distância.

“E a atividade física inibe um pouco a tensão de comer. A pessoa que faz atividade física tem menos desejo de comer. Quem já está usando medicamento neste período, como controladores para ansiedade de comer ou que melhoram a saciedade, tem que manter o uso durante a quarentena e conversar com seu médico”, completa.

No levantamento “Convid - Pesquisa de Comportamento”, que ouviu pouco mais de 44 mil brasileiros, 40% relataram se sentir tristes e deprimidos no período da pandemia e 54% se sentiram ansiosos/nervosos frequentemente. No estudo, a prevalência maior desses sentimentos foi constatada entre as mulheres.