Um rendimento escolar abaixo do esperado nem sempre está ligado à desatenção ou dificuldades cognitivas. Muitas vezes, o que está por trás da falta de concentração, da leitura arrastada ou da dificuldade de interpretar instruções pode ser algo menos evidente: a perda auditiva.

“Se levarmos em conta que um em cada mil recém-nascidos apresenta algum grau de perda auditiva ao nascimento, que o número pode subir para até 3 a cada mil em populações com fatores de risco (como prematuridade, infecções congênitas ou internações em UTI neonatal) e que, quando consideramos crianças em idade escolar, estudos indicam que cerca de 15% podem ter algum grau de perda auditiva, temporária ou permanente muitas vezes relacionada a otites ou acúmulo de secreção, há um universo considerável de estudantes a observar”, detalha Rodrigo Kopp, otorrinolaringologista do Hospital IPO, de Curitiba, especializado em saúde auditiva infantil.

Ele alerta para a importância de observar os sinais e realizar exames de rotina, especialmente em crianças em fase de alfabetização. “A audição é uma ferramenta essencial para o aprendizado. Quando há qualquer limitação, mesmo que leve, a criança pode não acompanhar o ritmo da turma, o que afeta não só o desempenho escolar, mas também sua autoestima”, explica.

O ideal, segundo a especialista, é que triagens auditivas sejam realizadas periodicamente, sobretudo em momentos-chave do desenvolvimento escolar. Escolas e profissionais da educação também têm papel fundamental na identificação dos primeiros sinais. Além disso, práticas preventivas como evitar exposição a ruídos intensos e higienizar corretamente os ouvidos ajudam a preservar a saúde auditiva.

De acordo com Kopp, muitos casos não são diagnosticados a tempo e os impactos no desempenho escolar e no desenvolvimento da linguagem acabam sendo notados apenas mais tarde.

Rodrigo Kopp, otorrinolaringologista:   “A audição é uma ferramenta essencial para o aprendizado"
Rodrigo Kopp, otorrinolaringologista: “A audição é uma ferramenta essencial para o aprendizado" | Foto: Divulgação

Principais sinais que merecem atenção:

•     A criança pede para repetir frases com frequência

•     Parece distraída ou desatenta durante as aulas

•     Fala muito alto ou assiste TV em volume elevado

•     Tem dificuldade para aprender letras e sons

•     Apresenta atraso no desenvolvimento da fala

REGRA DE OURO

“O barulho prejudica. E existe uma regra de quanto maior o volume menos tempo você pode ficar exposto.” Essa é a regra de ouro do otorrinolaringologista Rodrigo Kopp para ouvidos de todas as idades.

Ele também alerta sobre um acessório cada vez mais comum a todos, o fone de ouvido, que em volumes muito altos pode causar prejuízos à saúde, especialmente se o uso é prolongado e recorrente. Algumas consequências negativas envolvem a perda gradual da audição, tontura, zumbido constante e até a produção excessiva de cera no canal auditivo.

Para ajudar a evitar estes danos, muitos dispositivos apresentam alertas ao usuário quando o volume usado ultrapassa o nível considerado seguro. Também existem aplicativos que medem o volume em decibéis, e é possível conferir o nível do som fazendo um teste de voz. O fone ilustra a ideia do tempo de exposição X decibéis.

VOLUME DO SOM

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é recomendado ouvir música em fones a um volume de 85 dB por cerca de oito horas diárias, mas com os recursos cada vez mais avançados dos acessórios para imersão sonora, como o cancelamento de ruído, é comum ultrapassar este limite sem nem se dar conta.

O volume do som é medido em decibéis (dB), e, em fones de ouvido, o recomendado pela OMS é que se use um limite de 85 dB de volume, o que equivale a cerca de 60% da capacidade da maioria dos dispositivos, por apenas 8 horas diárias. Para entender esse número, basta comparar o dado com outras situações do dia a dia. O nível de som de uma conversa tende a ficar em 60 dB, já o trânsito pode variar entre 70 e 80 dB, e um secador de cabelo produz entre 90 e 95 dB.

(Com informações da assessoria)

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