Apesar de não ser mais uma sentença de morte, muitas pessoas têm medo de falar do câncer. Entretanto, falar de câncer é falar de vida, já que o diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de cura, ainda mais em crianças e adolescentes. A doença silenciosa pode passar despercebida para muitos pais ou responsáveis, já que os sinais e sintomas são comuns a outros problemas comuns da infância.

Atuando há 22 anos no apoio à crianças e adolescentes em tratamento no Hospital do Câncer de Londrina, Carlos Pirani, coordenador de comunicação da Ong Viver, explica que o câncer infanto-juvenil ainda é muito estigmatizado, já que muitos pais não querem aceitar que o filho possa estar doente. “Esse é o primeiro obstáculo que a gente tem que superar. As pessoas têm que acreditar que ele [câncer infanto-juvenil] existe e têm que saber que ele tem cura, daí surge a importância do diagnóstico precoce”, aponta.

Além disso, outra dificuldade em conseguir um diagnóstico precoce de câncer em crianças e adolescentes vem por meio dos sintomas, já que podem ser confundidos com outros problemas de saúde comuns na infância. Segundo Pirani, os principais sinais do câncer infanto-juvenil são a palidez , perda de peso sem motivos, ínguas que aumentam de tamanho, febre prolongada, dor de cabeça, perda de equilíbrio, manchas roxas e sangramentos.

Ele reforça que as manchas roxas, por exemplo, estão muito associadas às brincadeiras das crianças. “Por isso é importante que os pais estejam atentos, que conheçam esses sintomas e que procurem um médico para investigar. Pode não ser nada como pode ser e você consegue identificar esse câncer no começo e aí o tratamento se torna mais leve, mais rápido e as chances de cura aumentam”, detalha.

A campanha “Estar Atento Faz a Diferença” (https://www.estouatento.com.br/), promovida pela Ong Viver, busca conscientizar e levar informações para os pais ou responsáveis para que eles consigam identificar os sinais de que alguma coisa possa estar errada com a criança e, a partir daí, que procure atendimento médico. “Estar atento aos sinais e sintomas é fundamental para que o diagnóstico precoce aconteça”, afirma, complementando que, nesses casos, as chances de cura estão acima de 80%.

Desmistificando a doença

“O principal objetivo de falar sobre [o câncer] é desmistificar a doença. Ele existe, ele tem cura, assim como tantas outras doenças, só que o principal fator para que as taxas de cura aumentem e para que a gente tenha menos crianças perdendo suas vidas para o câncer é o diagnóstico precoce. Diferente dos adultos, em que nós temos fatores ligados ao estilo de vida que podem desencadear um câncer, nas crianças ainda é muito difícil a gente dizer o porquê”, explica, afirmando que não existe prevenção quando se fala de câncer infanto-juvenil, mas sim um diagnóstico precoce que colabora para a cura.

Apoio e assistência

Pirani ressalta que a Ong Viver faz um trabalho assistencialista para as crianças e adolescentes que estão em tratamento no Hospital do Câncer de Londrina, assim como para as suas famílias. Em 2023, a Ong prestou apoio a 313 crianças e adolescentes de mais de 70 municípios, ofertando mais de 1.300 cestas básicas, 34 mil litros de leite e 16 mil refeições, além de diversos outros serviços, como hospedagem. Ele detalha que logo após a família receber a notícia que a criança está com câncer, ela já é encaminhada pelas equipes do hospital até a Ong, que presta todo o apoio para que o tratamento seja o menos doloroso possível. “Nós temos uma equipe para acolher essa criança e essa família e mostrar para ela que ela não está sozinha e que existe a chance de a criança ser curada”, detalha.

Sobrevivendo de doações e de ações realizadas durante, a Ong Viver oferta todos os serviços de forma gratuita para as famílias atendidas pelo Hospital do Câncer de Londrina. Apesar das contribuições fixas, como de pessoas que doam através da conta de luz ou de carnês, Pirani explica que as doações caem muito nos primeiros meses do ano, já que é um momento em que as famílias têm muitas contas extras, como IPTU, IPVA e material escolar. “É um momento em que as famílias têm uma despesa maior de um modo geral e isso impacta nas doações”, conta.

Pizzada da Viver

Por isso, segundo ele, são realizadas ações voltadas à alavancar as doações porque o trabalho não para e as despesas são altas. Já na 19ª edição, a ‘Pizzada da Viver’ é uma ação voltada à venda de pizzas para a comunidade, em que a renda é revertida para a continuidade do trabalho feito pela Ong Viver. Por R$ 35, as pessoas podem comprar uma pizza de muçarela ou de calabresa, que deve ser retirada no dia 24 de fevereiro, na sede da Ong, que fica na Rua Lucila Balalai, n° 391, próximo ao Hospital do Câncer de Londrina.

Carlos Pirani reforça que as pizzas podem ser adquiridas até o início da próxima semana (20 de fevereiro) pelo telefone e whatsApp 3343-0044. Além disso, para doações de qualquer valor através do PIX, conta de luz ou carnê solidário, o contato pode ser feito através do 3315-0909 ou do WhatsApp 3343-0044. “Estamos em busca de novos doadores, principalmente [com contribuição] financeira, de qualquer valor”, reforça, complementando que é através dessas ações que Ong Viver fica aberta à toda a população atendida pelo Hospital do Câncer.