São Paulo - Chá não faz milagre, mas pode ajudar a prevenir ou aliviar as dores de quem sofre com os mais variados males. Da infusão de água e plantas pode sair a calmaria ou o agito necessários para encarar o dia a dia.

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Quem se aventura a jogar ervas na fervura deve saber, porém, que para tudo nessa vida há um limite. "Não se deve passar de quatro xícaras por dia, independentemente do tipo de chá. O uso excessivo e abusivo pode ser perigoso", afirma Gabriella Cilla, nutricionista clínica, funcional e esportiva.

Segundo Gabriella, além da quantidade, é preciso também cuidado para fugir de uma rotina de sabores. "Algumas ervas têm benefícios e agem sobre determinados pontos do nosso corpo. [Mas] Nunca devem ser consumidos os mesmos chás todos os dias", explica.

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A nutricionista dá algumas dicas para quem pretende começar bem esta semana. "Às segundas-feiras, uma erva com ação mais detox, como é a carqueja, que age mais no fígado", diz. "Já na terça-feira, uma outra com ação mais diurética, como hibisco e gengibre. Diferentes ervas em diferentes dias podem ajudar na circulação", afirma Gabriella.

Gerente de alimentação e nutrição do Hospital de Transplantes Euryclides de Jesus Zerbini, Marta Duenhas afirma que chás devem ser usados sem fins médicos definidos. Todo benefício é seguido, porém, de alguns cuidados.

Marta explica que o chá mate, por exemplo, bastante comum na mesa da população, é estimulante cerebral, diurético e laxante suave. Mas, se for tomado em excesso, pode causar insônia, gastrite e taquicardia. Portanto, deve ir da xícara para a boca só até pouco antes do anoitecer, para evitar agitação indevida na hora de deitar na cama.

Segundo Marta, a erva cidreira tem um efeito contrário, melhorando a qualidade do sono, as dores de cabeça e combatendo os gases. Por outro lado, deixa sonolento quem abusa da dose de tranquilidade.

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Tóxico

Especialista em gastroenterologia, hepatologia e médica do Hospital de Transplantes Euryclides de Jesus Zerbini, Carolina Pimentel diz que é preciso estar atento ao que se toma. "Há uma série de plantas com maior risco de toxicidade, em especial renal e hepática. Já tivemos diversos relatos de pacientes que sugeriram problemas causados por chás comuns, como o verde, cáscara sagrada e cavalinha, até outros mais raros e que podem causar dano ainda maior ao fígado", explica.

Para quem está estressado, por exemplo, fica a dica: vá tomar um chazinho. Mas saiba qual usar, antes de botar para ferver (veja a lista de alguns dos mais comuns acima). "Não é porque vem de plantas que não faz mal! É preciso estar atento", diz Carolina.

Uma força para os idosos

Chá não é remédio nem deve ser considerado um, segundo especialistas, mas há indicações de plantas que podem trazer benefícios para grupos específicos, como é o caso dos idosos. Para outros, como gestantes e pessoas que fazem quimioterapia, por exemplo, exige mais cautela, sempre com acompanhamento médico e moderação.

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A nutricionista Gabriella Cilla afirma que idosos podem se beneficiar de chá verde, por exemplo, que ajuda a melhorar a energia. Já o de hibisco tem efeito laxativo quando o corpo está inchado. A camomila é uma boa opção para quem sofre de depressão e sintomas gastrointestinais. O gengibre é recomendado para aqueles que sofrem com as dores reumáticas e também musculares.

Outros chás menos comuns são indicados pela especialista em nutrição, como é o caso da canela de velho. "Tem ação analgésica, anti-inflamatória e antioxidante. Pode ser usada na prevenção de radicais livres. Ótima para artrite e artrose, para pessoas com doenças reumáticas", afirma.

O mulungu entra na lista de chás recomendados por Gabriella. "Tem efeito calmante. É fácil de ser achado em lojas de produtos naturais e deve ser feito por meio de infusão", diz. Mas a nutricionista faz um alerta e diz que nem toda dose serve para todos. "Há pacientes que respondem com uma colher de sopa e outros com cinco colheres", fala. Chás devem estar associados à boa alimentação.

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Em Londrina

O estilista Jonatas Itiyama, 33, toma em média quatro xícaras de 60 ml por dia. “Eu sempre gostei de café, mas no período da tarde começava a me sentir ansioso e estimulado. Comecei procurar um pouco mais de chá, porque você consegue direcionar para algo mais calmante ou antioxidante”, explica.

Jonatas Itiyama: “O chá verde é essencial após uma refeição ou após o fim de semana em que como alimentos mais pesados”
Jonatas Itiyama: “O chá verde é essencial após uma refeição ou após o fim de semana em que como alimentos mais pesados” | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

“Se eu estou sentindo que o rim não está legal, tomo um chá de sabugueiro. Se eu quero melhorar um pouco o estômago tomo um chá de folha de laranja. O chá verde para mim é essencial após uma refeição ou após o fim de semana em que como coisas mais pesadas. É um antioxidante forte, que dá uma despoluída no organismo”, expõe, dizendo que a escolha do chá se dá por indicação.

“Chá é uma coisa muito cultural. A partir da história do chá, me liguei muito na cultura indígena, por exemplo. A gente conhece a avó de uma amiga nossa, que tem uma ancestralidade indígena, e ela começa a falar de quais ervas faz o chá. Isso é uma cultura popular muito rica. Busco me informar em sites também”, relata.

Questionado se possui algum ritual, ou utiliza utensílios diferentes, Itiyama declara que usa xícara larga para chás calmantes. “Para os chás da tarde uso xícaras um pouco mais baixas e alongadas, porque o aquecer a mão na xícara do chá é muito importante. Não sei se tem ligação, mas me sinto mais confortável tomar o chá da tarde em uma xícara larga, segurando com as duas mãos para sentir a temperatura do chá com as mãos. Isso eu acho bacana”, destaca. (Colaborou Vítor Ogawa - Reportagem Local)