Podendo surgir de maneira silenciosa, o câncer bucal merece atenção - principalmente por boa parte dos óbitos ocorrerem pela demora no diagnóstico. No Brasil, de acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer) são estimados mais de 15 mil novos casos a cada ano, sendo cerca de 10 mil apenas em homens.

De acordo com o oncologista Andrey Soares, os sintomas costumam ser discretos, podendo passar despercebidos. "Aftas insistentes, feridas na boca que não cicatrizam, manchas brancas e sangramento repentino precisam ser avaliados para o diagnóstico correto", detalha.

Muitas vezes, o câncer de boca pode até mesmo ser confundido com problemas de saúde bucal. "Por isso, é muito importante falar sobre o assunto e levar a informação adiante. Dessa maneira, a partir do surgimento da doença, é possível identificar a condição para que o tratamento seja realizado o quanto antes”, comenta o especialista do Grupo Oncoclínicas.

PREVENÇÃO E DIAGNÓSTICO

Como forma de prevenção, é muito importante manter visitas regulares ao dentista, além dos cuidados com a higiene da boca de maneira geral. "Isso pode evitar que o câncer seja descoberto em estágios mais avançados, salvando vidas", reforça. Além disso, é fundamental evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e também o tabagismo.

O diagnóstico pode ser realizado através do exame clínico, mas para que o câncer seja de fato confirmado, é necessário biópsia. Após a descoberta, o médico irá solicitar exames para verificar o estágio e definir o melhor tratamento. São eles: tomografia computadorizada ou ressonância nuclear magnética, PET/CT, exames de sangue e exame odontológico.

"Vale lembrar ainda que o diagnóstico do câncer de boca ocorre na maioria das vezes em homens acima de 50 anos", comenta. Contudo, a doença pode acontecer em diversas partes da região, como lábios, bochechas, assoalho bucal, gengiva, amígdalas, céu da boca, entre outras.

TRATAMENTO

Geralmente, o tratamento da neoplasia é, na maioria das vezes, realizado de maneira cirúrgica - seja para lesões menores ou maiores. Dentre os procedimentos, a quimioterapia também é uma alternativa para complementar a cirurgia ou ainda quando ela não pode ser realizada. "O procedimento consiste na retirada do tumor da região e também de linfonodos do pescoço. Além disso, pode ser realizado outros procedimentos caso necessário, como a ressecção de segmentos ósseos", explica Soares.

O tratamento pode incluir também radioterapia IMRT, terapia-alvo e imunoterapia. A radioterapia IMRT tem maior precisão na hora de tratar o tumor. Com isso, o paciente apresenta menos efeitos colaterais e os resultados são mais expressivos.

Já a terapia-alvo são drogas que funcionam de forma diferente da quimioterapia padrão. Elas tendem a ter efeitos colaterais diferentes (e menos graves) e atuam impedindo que a célula tumoral se multiplique, retardando ou mesmo interrompendo o crescimento das células cancerosas. Esta terapia pode ser combinada com a radioterapia para alguns tipos de câncer em estágio inicial ou com a quimioterapia em casos avançados.

A imunoterapia aumenta a atividade das células de defesa do paciente para combater a doença. Pode ser utilizado combinado ou não com quimioterapia, a depender de características clínicas do paciente e da expressão do PDL1, que é uma proteína presente na superfície do tumor.

FATORES DE RISCO

Diversos especialistas acreditam que o desenvolvimento do câncer de boca está relacionado ao estilo de vida. Além disso, segundo a Organização Mundial da Saúde, 90% dos casos da neoplasia estão ligados ao álcool e ao tabagismo.

Durante a pandemia de coronavírus, de acordo com um estudo realizado pela Fiocruz, 33% dos fumantes brasileiros aumentaram o uso de cigarros no período. Segundo Andrey Soares, foi possível notar ainda uma maior ingestão de bebidas alcoólicas. Um estudo realizado pelo Ibrafig (Instituto Brasileiro do Fígado) apontou que 17,2% dos entrevistados declararam um aumento do consumo de álcool.

"A médio e longo prazo isso pode impactar nos diagnósticos de câncer, como o de boca, fígado, intestino, entre outros. Por isso, é muito importante que o uso excessivo, tanto do álcool como do tabagismo seja freado pela população para evitar danos maiores", explica.

Uma dieta pobre em vitaminas e minerais, além da exposição excessiva aos raios UVA e UVB nos lábios, sem proteger a região, podem também contribuir para o surgimento do câncer de boca. "É importante reforçar que nos últimos anos o HPV também tem sido um fator de risco entre os mais jovens, principalmente pelo sexo oral sem proteção. Como alternativa, as medidas preventivas, como o uso de preservativos e a vacinação, devem ser sempre colocadas em prática para contornar o desfecho da condição", explica. (Com informações do Grupo Oncoclínicas)

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