Nilu Rahman e Patrice Brylske, Johns Hopkins Children's Center: "Ajudamos a preparar as crianças  para passar pelos procedimentos"
Nilu Rahman e Patrice Brylske, Johns Hopkins Children's Center: "Ajudamos a preparar as crianças para passar pelos procedimentos" | Foto: Gina Mardones



Patrice Brylske, coordenadora do serviço de Child Life do Johns Hopkins Children's Center, nos EUA, explica que quando as crianças são capazes de compreender o que está acontecendo com elas ficam mais abertas aos procedimentos e, consequentemente, têm menos trauma. Para isso, o brincar se torna uma ferramenta tanto para o entendimento quanto para gerar uma memória mais positiva do ambiente hospitalar.

"Ajudamos a prepará-las para passar pelos procedimentos, desde os mais simples, como uma punção para soro, até mais invasivos e dolorosos. Com menos medo e a presença de uma pessoa de confiança junto, elas passam a ter confiança na equipe médica e menos ansiedade de ir ao hospital ou ao médico", acrescenta a especialista em Child Life, Nilu Rahman, também do hospital norte-americano.

O programa Child Life surgiu em 1944, mas a literatura já traz esse conceito desde 1920. Segundo Brylske, o entendimento sobre as necessidades emocionais das crianças partiu de pesquisas sobre a importância da relação mãe-criança e do advento dos antibióticos, que fizeram com que a comunidade ficasse mais saudável. "Com isso, os hospitais ficavam mais abertos para os pais visitarem as crianças porque sabiam que tinham um controle maior sobre a disseminação de doenças. A partir daí, pesquisadores passaram a investigar sobre como as crianças crescem e se desenvolvem e perceberam efeitos negativos em separá-las dos pais", conta.

Os estudos demonstraram que as crianças sofriam quando não tinham certeza de ter alguém que pudesse garantir o seu desenvolvimento (cognitivo, emocional e físico), ou melhor, o brincar por um período de tempo. "E as primeiras pessoas que trabalharam o brincar com as crianças eram professores de educação infantil que iam aos hospitais para dar continuidade aos estudos em crianças hospitalizadas. Desse movimento, surgiu o Child Life", destaca.

Além do suporte emocional, o cuidado centrado na criança também reflete na redução de custos dos hospitais. Segundo as especialistas, é possível reduzir o tempo de internação, custos com equipes, como por exemplo, anestesistas e até medicamentos. (M.O.)