Durante a consulta pode ser detectado algum desconforto ou problema que, muitas vezes, as crianças não conseguem verbalizar
Durante a consulta pode ser detectado algum desconforto ou problema que, muitas vezes, as crianças não conseguem verbalizar | Foto: Shutterstock



Uma série de fatores pode atrapalhar o desempenho de um estudante na escola, entre eles, problemas relacionados à saúde física e emocional. É por isso que, antes do início das aulas, além de comprar o material escolar, uniforme e livros didáticos, é importante uma consulta de rotina com o pediatra. Mesmo que aparentemente esteja tudo bem, o check-up é importante e pode detectar algum desconforto ou problema que, muitas vezes, as crianças não conseguem verbalizar.

O pediatra e médico de adolescentes, Renato Mikio Moriya, de Londrina, diz que um dos sintomas muito comuns no início do ano letivo, especialmente quando é o primeiro da vida da criança, é a ansiedade, tanto dos pais quanto do novo aluno. A ida à escola representa um momento de ruptura, de separação entre mãe e filho, por isso, é comum que cause certa angústia e insegurança em ambos. Mas não precisa ser um período de sofrimento. Quanto mais tranquilos e seguros os pais estiverem com a escolha da instituição de ensino, mais rápido e facilmente a criança se adaptará à nova rotina.

O pediatra lembra que família e escola possuem papéis complementares, pois, juntas, preparam para a vida. E, nos primeiros anos, a instituição representa um espaço para brincadeiras, convivência com outras crianças, negociação com os pares. Mas é claro que o começo nem sempre é simples. Não é raro encontrar pais com remorso e culpa ao entregarem o filho chorando no portão da escola. Quando o problema persiste por mais de duas semanas, é recomendável procurar ajuda. O mesmo vale para crianças que começam a dar uma série de desculpas para faltar à aula, como dores abdominais, na cabeça e nos membros superiores.

Moriya lembra ainda de uma doença bastante frequente no início da vida escolar, o TDH (Transtorno do Deficit de Atenção). "Tornou-se quase uma epidemia", lamenta. Mas tem tratamento. Os problemas emocionais, segundo ele, se não diagnosticados e tratados desde cedo podem acompanhar o estudante até a vida adulta.

Mas a saúde física também afeta o aprendizado. Mochilas pesadas demais e cadeiras desconfortáveis, por exemplo, podem causar dores musculares. Nesses casos, a recomendação é procurar profissionais das áreas de ortopedia e fisioterapia para orientação e tratamento. "O ideal é que o peso da mochila não ultrapasse 10% do peso da criança", ensina o pediatra.

Problemas na visão atingem um quarto das crianças em idade escolar, segundo Moriya, e prejudicam bastante o desempenho nos estudos. Outro ponto de atenção para os pais são as intolerâncias e alergias alimentares, assim como uma alimentação pobre em carboidratos, proteínas, sais minerais e líquidos. "Tudo isso depende do estilo de vida da família", pondera o médico. Buscar orientação e aconselhamento de profissionais, nesses casos, é a melhor medida. A obesidade, cada vez mais comum na infância e adolescência, tornam mais difíceis e cansativas atividades simples do dia a dia e pode ser motivo de bullying e discriminação na escola.

Doenças crônicas, como o diabetes, exigem cuidados especiais em casa e na escola quando o aluno precisa tomar insulina. Quanto mais cedo forem diagnosticadas, melhor será a qualidade de vida e o rendimento escolar do aluno. O pediatra destaca ainda como frequentes os casos de anemia, que podem ser decorrentes da má alimentação ou verminose. "É comum crianças e adolescentes irem à escola sem tomar café da manhã", alerta. Segundo o médico, ficar muitas horas sem comer prejudica a atenção e concentração nas aulas.