O Caps (Centro de Atenção Psicossocial) para a Infância e Adolescência é referência municipal no atendimento especializado em saúde mental para crianças, adolescentes e seus familiares. Localizado na Vila Nova, região central de Londrina, a unidade atende pacientes de até 18 anos que apresentam diferentes queixas, que vão desde confusões mentais até crises de ansiedade.

A enfermeira Silvana Valentim, coordenadora do Caps Infantil, explica que a demanda e a gravidade dos problemas apresentados pelas crianças e pelos adolescentes crescem a cada dia. "Hoje, atendemos, em média, 500 pacientes na rotina. Neste mês, já ultrapassamos a marca de 1.600 procedimentos que envolvem o atendimento aos pacientes e às suas famílias", aponta. A média de procedimentos mensais é de 1.500.

PROBLEMAS E CAUSAS

As principais queixas apresentadas pelos pacientes do Caps Infantil estão relacionadas a transtornos de conduta, transtornos opositores e desafiantes, agitação psicomotora, hiperatividade, transtornos de ansiedade, depressão e agressividade. Para a coordenadora do Centro, a rotina das crianças e dos adolescentes, bem como o contexto em que estão inseridos, pode ser a causa de diversos problemas.

"Aqui atendemos muitas crianças com graves problemas devido ao uso do celular, crianças sem uma rotina de sono e de escola. A prevenção é fundamental para a saúde mental deles e, atualmente, as crianças adoecem pelo excesso do consumismo e de imediatismo, pela desestruturação familiar e pela falta de limites e de afeto assertivo", explica Valentim.

Conforme pontua Valentim, a mente de um indivíduo está em formação até, em média, os 25 anos de idade. Por isso, a coordenadora do Caps enfatiza a importância de não somente estimular o desenvolvimento mental e emocional, mas também de mudar hábitos e comportamentos que têm se tornado comuns.

"A família sempre foi a base de tudo. Quando a família adoece, os filhos adoecem. É urgente que existam mudanças no sentido do fortalecimento dos laços familiares, da afetividade, do respeito, dos limites e das rotinas em cumprimento."

Imagem ilustrativa da imagem Aumenta a demanda no Caps Infantil de Londrina
| Foto: Caroline Knup

PLANTÕES TÉCNICOS

Além de atendimentos agendados, o Caps Infantil conta com plantões técnicos, que direcionam a atenção a crianças e adolescentes que apresentam problemas emergenciais, como tentativas de suicídio, crises de ansiedade graves e automutilação.

Conforme aponta Valentim, o Centro oferece consultas médicas, terapias individuais e em grupo, visitas domiciliares e atividades externas, como aulas de desenho e música, que costumam acontecer no Sesc Cadeião. "Apesar de termos o plantão técnico, não temos plantão médico. Então, quando o paciente precisa desse atendimento, encaminhamos para um serviço de urgência", ressalta a coordenadora.

PARCERIA COM AS ESCOLAS

O Caps Infantil atende, também, crianças triadas e encaminhadas pelas escolas municipais. Nas instituições, uma equipe multidisciplinar composta por psicólogos, psicopedagogos e pedagogos conduz os atendimentos. "Quando a escola identifica e encaminha para o Caps, inserimos o aluno nos atendimentos e passamos um feedback para a instituição. Há trocas de informação o todo tempo", aponta o secretário municipal de Saúde Felippe Machado.

'TEM FEITO A DIFERENÇA'

A dona de casa M.V. leva sua filha semanalmente aos Caps Infantil, onde ela recebe acompanhamento psicológico e psiquiátrico. "Minha filha foi diagnosticada com ansiedade e faz terapia aqui. Os psicólogos atendem bem e eu percebo que ela está tendo uma evolução", conta.

O auxiliar de serviços gerais S.M. também acompanha o filho durante o tratamento para depressão. "Quando ele foi encaminhado para cá, a gente não sabia muito sobre depressão. Eles falaram o que era e como ia funcionar o atendimento. Explicaram certinho e agora a gente sabe que tem que trazer o menino", conta. "A gente sempre foi bem atendido aqui e a gente percebe que tem feito diferença na vida dele", afirma.

REVITALIZAÇÃO

O Caps Infantil passou recentemente por uma revitalização. De acordo com o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, o Caps Infantil teve, além de reformas em sua infraestrutura, uma recomposição voltada aos recursos humanos.

"A gente fez a pintura interna e externa, a substituição da parte elétrica para podermos instalar ar-condicionado em todas as salas, substituímos os equipamentos por novos computadores e investimentos em novos móveis, todos planejados e pensados para a ergonomia dos nossos servidores. Além disso, fizemos uma nova comunicação visual para chamar atenção das crianças e investimos na aquisição de tablets para que as equipes multiprofissionais possam usar a ferramenta dentro do plano terapêutico dos pacientes", detalhou.

Quanto ao quadro de servidores, Machado ressalta que a unidade conta com seis psicólogos, duas terapeutas ocupacionais, três auxiliares administrativos, três profissionais dos serviços de copa/apoio, duas enfermeiras e, na próxima semana, terá três psiquiatras.

A revitalização do Caps Infantil custou R$ 226 mil, com recursos próprios da prefeitura Desse total, R$ 150 mil foram investidos nas intervenções e R$ 76mil nos móveis e equipamentos. Conduzidas pela empresa Tekenge Engenharia, as obras foram executadas durante cerca de quatro meses.

OUTRAS UNIDADES

Felippe Machado aponta, ainda, que outros órgãos municipais voltados à saúde mental da população já passaram ou irão passar por revitalizações. "O Caps Álcool e Drogas tinha uma estrutura na zona norte e era prejudicada, além de ser em uma localização que dificultava a adesão dos pacientes ao tratamento. Essa foi a primeira unidade de saúde mental que investimos em modernização. Agora o Caps funciona no antigo Hospital Ortopédico, no cruzamento entre a Duque de Caxias e a JK."

A próxima reforma de estrutura voltada à saúde mental será executada no Caps 3, localizado no Alto da Boa Vista, que atende pacientes em idade adulta. Na unidade, além do atendimento agendado, há o pronto-atendimento psiquiátrico, que funciona 24 horas por dia.

"O Caps 3 é nossa maior estrutura e vamos reformar e ampliar o prédio. Mas, como a intervenção vai ser muito grande e o fluxo de pacientes é bem mais intenso, estamos fazendo um projeto completo. Com o projeto pronto vamos licitar a obra", explica.

O prazo para entrega do projeto de reforma do Caps 3 se encerra em outubro deste ano e o secretário de Saúde calcula que a obra terá um custo entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões. A projeção é que a entrega final seja realizada até julho de 2024.