Alimentação e saúde bucal

Manter uma boca saudável não se resume a adotar hábitos de higiene, como escovar os dentes e passar fio dental diariamente. A alimentação é um item muito importante para manter os dentes e gengiva saudáveis. “A ingestão de uma dieta balanceada, com frutas, vegetais, proteína magra, derivados do leite e grãos integrais, fornece nutrientes essenciais para a ótima saúde bucal e geral”, observa a nutricionista Danielle Schmidt Costa, de Londrina. Ela ressalta que a nutrição exerce um efeito importante sobre os dentes, gengiva e mucosa oral.

Costa acrescenta que alimentos gordurosos ajudam a prevenir cáries, pois formam uma película oleosa nos dentes protegendo-os. “Vale ressaltar que devemos preferir gorduras de boa qualidade, como azeite extravirgem, castanhas e abacate, sempre com moderação pelo seu alto valor calórico. Não podemos esquecer da água, que ajuda a equilibrar o pH (que mede o grau de acidez, neutralidade ou alcalinidade) da boca e manter o constante fluxo de saliva”, destaca.

Ela explica que a boca é o ponto inicial de contato com os nutrientes consumidos. “Isso impacta não somente a saúde geral, mas também a saúde dos dentes e gengivas. Se sua nutrição for ruim, os primeiros sinais geralmente aparecerão em sua saúde bucal”, relata.

VITAMINAS

A nutricionista ressalta que o cálcio é um mineral muito importante para a construção e manutenção de ossos e dentes fortes. “Ele é encontrado nos leites e seus derivados, brócolis, couve e gergelim”, aponta. E para fixar esse cálcio no organismo é preciso vitamina D, que existe na gema de ovo, manteiga, peixes, leites e derivados integrais.

Já a vitamina B e o ferro são importantes para a saúde das gengivas. “Encontramos em feijão, lentilha, ervilha, farelo de trigo, arroz integral, além de serem boas fontes de fibras”, exemplifica.

A vitamina C também é muito importante para o organismo, porque protege o tecido das gengivas contra lesões e ajuda na cicatrização, como no ferimento ocasionado por um fio dental. “Frutas cítricas têm um pH ácido, sendo necessário moderação em seu consumo. A vitamina C está presente em frutas cítricas como goiaba, laranja, kiwi, acerola e caju”, explica.

GENGIVITE

Costa explica que a gengivite é uma inflamação da gengiva que pode comprometer um ou mais dentes. “Sem os cuidados necessários ela pode evoluir para uma inflamação ainda mais grave. Alguns alimentos podem potencializar o processo inflamatório. Refrigerantes, molhos como catchup, vinhos, vinagre e até iogurte são exemplos comuns de alimentos que podem desgastar o esmalte do dente, porém, para retirada desses alimentos, depende da sensibilidade de cada um e da avaliação do seu dentista”, aponta.

Embora não seja um alimento, a nutricionista ressalta que o cigarro também é um veneno para a saúde bucal.

Ela explica que em algumas ocasiões, a deficiência de vitaminas pode causar gengivite. “A carência de vitamina C pode produzir inflamação e sangramento das gengivas. Alguns alimentos que ajudam a evitar essas inflamações ricos em vitaminas e minerais ajudam a combater a proliferação de bactérias. É igualmente importante manter uma dieta rica em alimentos que contenham Vitamina C, complexo B e minerais como zinco, ferro, magnésio, selênio, cálcio e potássio. Exemplo disso, temos as frutas, vegetais e grãos integrais, entre outros”, orienta a nutricionista da Unimed.

‘FÓRMULA' PARA DENTES BRANCOS

O dentista especializado em odontologia estética, Cristian Higashi, de Curitiba, explica que o consumo de alguns alimentos e a adoção de hábitos simples e diários de higiene cada vez mais se mostram como a “fórmula” para uma boca saudável. “É no dia a dia que construímos os hábitos em nossas vidas. Os alimentos saudáveis e indicados para a saúde podem ser encontrados em abundância na natureza e nas prateleiras dos supermercados. Dessa maneira simples podemos ter melhor qualidade de vida e ainda ter uma dentição branquinha”, orienta. “Desde sempre, as pesquisas nos comprovam que a melhor estrutura dentária é a natural, nenhuma tecnologia ainda copia a perfeição da natureza”.

Alguns alimentos são benéficos, mas exigem cuidados. “O limão tem poder adstringente e bactericida. Mas essa bebida é extremamente ácida se ficar muito tempo na boca. Isso pode provocar a desmineralização da estrutura dentária”, adverte.

Além de evitar bebidas ácidas, ele recomenda às pessoas que evitem tomar café ou algo com corantes que podem aderir à estrutura do dente. “Se o sujeito tomar algo ácido, a superfície do dente fica mais rugosa. Se tomar logo em seguida algo que deixa manchas, fica mais difícil na hora de fazer limpeza, principalmente entre os dentes, e isso contribui para a formação de uma mancha superficial, além de corar as restaurações”, aponta.

Higashi afirma que o que mais tem desgastado os dentes são produtos industrializados. “Evite ao máximo dar às crianças refrigerantes e sucos de caixinhas. Essas bebidas são ricas em açúcar e podem causar cáries. Priorize água, chás ou sucos naturais, sempre sem açúcar. Bolachas e salgadinhos costumam ter um alto teor de açúcar, sódio e gordura e baixo teor nutritivo”, observa.

“É preciso sair desse tipo de consumo e investir mais na alimentação natural. Eu tenho observado muitos desgastes causados por alimentos assim e pela escovação com pastas dentais abrasivas e escovas com cerdas duras. Tudo isso contribui para o desgaste do dente. Se isso for associado ao bruxismo, preocupa ainda mais”, aponta.

Alimentos com alto teor de açúcar contribuem para a produção de ácidos nas placas que atacam o esmalte do dente. Eventualmente, esses ácidos fazem com que o esmalte do dente seja removido, formando a cárie. Higashi explica que o açúcar em excesso fica aderido à estrutura dentária e isso desgasta o esmalte.

“Isso gera um pH ácido, que pode iniciar o processo de formação da cárie. Começa com uma cavidade e depois progride até atingir o canal e a pessoa passa a sentir bastante dor”, expõe. “A saliva tem poder de neutralização do pH e consegue remineralizar o dente. A partir do momento em que há desgaste mais profundo, quando ocorre a cárie, esse processo é irreversível. A saliva não consegue mais fazer essa remineralização”, aponta.