São Paulo - A hipertensão está relacionada a hábitos de vida, como alimentação e prática de atividade física, ao perfil do biotipo e ao histórico familiar, ou seja, predisposição genética. Se os pais têm pressão alta, é maior a probabilidade de os filhos serem hipertensos. Em qual idade? Dependerá de fatores comportamentais. Alimentação de má qualidade, consumo excessivo de álcool, obesidade e sedentarismo, por exemplo, aumentam o risco.

Segundo a SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia), o tratamento da hipertensão pode reduzir as doenças cardiovasculares em até 80%, se associado ao controle do colesterol, à alimentação saudável e à prática de exercícios. Diminuir o consumo de sal é regra básica, e não somente o usado para temperar os alimentos. Molhos industrializados de soja e de salada, além de carnes processadas, embutidos, pratos prontos congelados e refrigerantes também contêm sódio.

REDUÇÃO NA INCIDÊNCIA

Um estudo publicado este ano na Revista Brasileira de Epidemiologia mostrou que o consumo médio de sal da população brasileira é, aproximadamente, o dobro da recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde), que é de 5g/dia. A pesquisa foi realizada através da dosagem urinária de 8.083 indivíduos. O perigo aumenta ainda mais pelo fato de a hipertensão ser considerada uma doença silenciosa (assintomática). De acordo com a SBC, nas últimas três décadas, houve uma diminuição da incidência de 36% para 31% da população adulta (a partir dos 20 anos). Porém, a estimativa é a de que ocorram 400 mil mortes por ano por doença cardiovascular. Destas, 60% têm como fator de risco a pressão alta, o que corresponde a 240 mil mortes.

MEDINDO A PRESSÃO ARTERIAL

A pressão arterial considerada normal é a que marca 12/8. A alta é igual ou acima de 14/9 e requer acompanhamento e tratamento. Para a medição, o paciente deve ficar em repouso entre dez e 15 minutos, com as pernas descruzadas, e não pode ter ingerido bebida alcoólica, chá, chocolate e café, e estar com a bexiga vazia.

Existe uma ressalva para quem já sofreu um evento cardiovascular, como derrame e infarto. Neste caso, o valor deve estar abaixo de 13/8,5. Pessoas com histórico de diabetes, doença vascular, aterosclerose ou entupimento nas artérias também devem ficar atentos ao controle da pressão arterial, com a frequente medição e a ingestão diária dos medicamentos prescritos.

População sabe dos riscos, mas ignora sintomas

Em enquete realizada na região central de Londrina, muitas pessoas ainda demonstram desconhecimento em relação à hipertensão, embora saibam da gravidade da doença. Luiz Felipe Gutuzzo, 20, afirma ignorar os sinais da pressão alta, embora esteja ciente dos riscos de não se cuidar. “Na minha família, tenho parentes com pressão alta que tomam remédios todos os dias”, comentou.

Na reta final da gravidez, Emy Raquel, 30, também não sabe sobre os sintomas da hipertensão arterial embora parte da família sofra com o problema. “Alguns parentes da família que têm pressão alta reclamam de muita falta de ar”, contou.

Diferente dos mais jovens, Maria Helena Tomazella, 57, foi alertada muito cedo pelos familiares sobre os riscos da hipertensão e embora não sofra constantemente com o problema, já teve episódios de alta de pressão. “Eu tenho pressão baixa, mas quando acontece algo fora da rotina ou está muito calor, minha pressão sobe e já é o suficiente para passar mal”, relatou.(Camila Rosa, estagiária/Supervisão: Simoni Saris, editora interina)

Imagem ilustrativa da imagem A hipertensão é uma doença silenciosa e está associada a 240 mil mortes por ano
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